Sabe aquela sensação de sair do cinema, quando se acaba de ver uma animação da Pixar, sabendo que esse filme te tocou de alguma forma? Sim, eles tem esse jeitinho. Um jeitinho único de trazer uma mensagem para os pequenos, e uma lição de vida para aqueles que vós acompanham. Crítica, Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica, é a alma de Dan Scanlon, uma aventura um tanto fraca mas tocante, distante mas ao mesmo tempo perto de tudo que a Pixar já fez.
Levou 6 anos para que a criação, produção e desenvolvimento dessa animação finalmente acabasse. Apesar da trama trazer um universo mágico, a magia deixou de reinar e os seres acabam recorrendo a tecnologia. Nesta aventura, somos apresentados á Ian e Barley, dois irmãos elfos de uma pequena cidade, New Mushroomton. Enquanto Barley vive no mundo da fantasia, RPG com uma postura power metal, Ian é um jovem desajeitado e deslocado, que procura seu desenvolvimento social, e claro, ser como seu pai. Quando Ian completa 16 anos, sua mãe presenteia os dois com algo deixado por seu pai, um cajado magico, cujo o intenção é trazer o pai de volta por 24 horas. Mas claro que, dá errado e os dois partem em uma aventura em busca de trazer o pai por completo de volta.
É visível que a trama de Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica é mais do que especial para o diretor e co-criador da animação, Dan Scanlon. Em sua rápida passagem pelo Brasil, para falar do filme na CCXP19, o diretor já havia revelado que a história do filme era algo pessoal, já que ele, assim como Ian, nunca conheceu o pai. E desse que saem os elementos que transformam a trama dessa animação em algo tão especial e tocante, trazendo pequenos pontos que já vimos nos filmes da Pixar, como Viva. Mas o grande envolvimento de Scanlon para a trama, acabou pesando demais no lado sentimental da trama, deixando á jornada fantástica, não TÃO fantástica assim. Uma viagem em busca de um artefato mágico, poderia trazer perigos, desafios, algo alá Indiana Jones da animação, mas a trama traz algo mais leve e bem água com açúcar, deixando a desejar em sua aventura. Focando em sua aventura de auto-descoberta e respeito e confiança entre os irmãos Lightfoot.
Com tanto foco em sua jornada sentimental e não em sua aventura em si, a trama traz poucas piadas e exagera em momentos dramáticos – principalmente quando se trata da Van. As piadas arrancaram um sorriso e até uma leve risada dos mais velhos, enquanto os pequenos realmente se divertem, mas esses momentos se passam rápido demais, e vem em pequena quantidade.
A criação desse universo repleto de fadas, elfos, sereias, unicórnios e etc, é de tirar o fôlego, sua genuinidade e contraste inicialmente te lembrará de outra animação da Pixar, Monstros S.A. Claro que tal semelhança com essa outra animação está 100% ligada á Scanlon, já que ele é co-criador e diretor de Universidade Monstros. E assim como nessa animação – que fez a infância de uma geração – as cores e o visual ousado e desleixado, deixam a trama da forma teen que qualquer jovem adolescente seria.
A animação traz carisma desde o início, foca em assuntos familiares, confiança- seja ela em outra pessoa ou em si – e talvez um pouco até de egocentrismo, e claro com isso, sobre aquela lição que todo o filme da Pixar nos traz. Apesar das poucas risadas, Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica – título que faz mais sentido em português do que em Inglês – traz uma jornada simples, mas comovente e segura, porém, sua falta de humor e uma aventura realmente aventureira, acabam pesando em seu desenvolvimento.
Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica chega aos cinemas no dia 5 de março.
Crítica | Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica
Nota: 3/5
Diretor: Dan Scanlon
Roteiro: Dan Scanlon, Jason Headley e Keith Bunin
Elenco: Tom Holland, Chris Pratt, Julia Louis-Dreyfus, Octavia Spencer, Mel Rodriguez e Lena Waithe