Crítica: Demolidor (3ª Temporada) volta a suas raízes mas entrega uma temporada mais fraca

Um novo ano chega para “Marvel – Demolidor“, a série que foi a pioneira na Netflix, abrindo portas para os demais heróis como Jessica Jones, Luke Cage, Punho de Ferro e posteriormente, Os Defensores.


Apesar da série ter as temporadas mais elogiadas entre os fãs e a crítica, o showrunner Erik Oleson e os diretores Toa Fraser e Alex Garcia Lopez não conseguem elaborar uma temporada dinâmica e acabam tropeçando em erros recorrentes das recentes temporadas dos demais heróis da Marvel na Netflix. Apesar de tudo, não aprenderam que o melhor da série é e sempre será o próprio protagonista.


O terceiro ano se inicia logo após o final de “Os Defensores“, quando Matt Murdock, o Demolidor, se sacrifica com Elektra no desabamento do edíficio Midland Circle. Por pouco, Murdock consegue escapar com vida, mas o paradeiro de Elektra ainda é um mistério. Os primeiros episódios são empolgantes por serem focados na recuperação do vigilante, em sua fé e sua relação com a igreja.

Durante os primeiros episódios, a temporada demonstra a execução não apenas da fórmula do sucesso das primeiras temporadas, mas também como uma fórmula mais elaborada. A igreja e a religião são partes fundamentais do Demolidor, assim como a tecnologia é para o Homem de Ferro ou a ciência é para o Homem Aranha, e mesmo assim, só é explorado devidamente em seu terceiro ano.

O número de episódios é uma questão fundamental para o sucesso de séries como “Demolidor“, após tantos anos, Netflix precisa entender que uma parcela gigantesca de seu público é adepto às maratonas (ou binge-watching, como é chamado lá fora). Principalmente com séries tão aguardadas, o serviço de streaming deve aprender como se adaptar para sua audiência. 

A quantidade de episódios em si não é um problema, mas si a escolha de se manter em um única história por aproximadamente 13 horas. O que ao início da temporada empolgava, já havia se tornado maçante e repetitivo por volta do oitavo episódio. 

Novamente, o maior vilão de “Demolidor” não é o Rei do Crime, mas a quantidade de episódios para uma única história. Histórias que já foram exploradas e contadas nas últimas temporadas se repetem constantemente, como se usassem para gastar o tempo de sobra da série.

Com tanta repetição e exploração desnecessária, os personagens, com exceção de Demolidor, se tornam desinteressantes e cansativos. Wilson Fisk, o Rei do Crime e Karen Page são os principais exemplos. De longe, a atuação de Vincent D’Onofrio é marcante e única, mas a excessiva repetição de planos e fugas, não tornou o personagem implacável, mas chato.

Com o passar dos anos e das temporadas, mais as séries dos heróis se distanciam de conexões com o Universo Cinemático da Marvel. O que antes, era constantemente mencionado ou com referências ao fundo, hoje mal é mencionado. Se torna até esquecível que os heróis estão no mesmo universo dos Vingadores, infelizmente, talvez esse seja o desejo de Kevin Feige

Sem o traje do herói, “Demolidor” renova a ação levando Charlie Cox ao meio das cenas de combate, deixando as lutas mais brutais. Como mencionado antes, uma das explorações da fórmula. No fim das contas, a série entrega uma temporada regular, cansativa para os fãs que forem maratonar, mas talvez um pouco mais interessante aos mais pacientes.

Enquanto o destaque e os pontos altos se devem ao desenvolvimento de Matt Murdock e Nelson Foggy, o resto da temporada, incluindo os personagens se tornam esquecíveis. 

Talvez seja hora da Netflix usar o fator Universo Cinematográfico da Marvel em seu favor e ousar mais com seus heróis. Como no caso do agente Ben Poindexter, que futuramente se tornará o vilão Mercenário. Ao que parece, a Netflix usou toda sua coragem ao entregar o vilão de Luke Cage, Diamondback (Cascável) em um traje ridículo, e resolveram dissolver com água o Mercenário, dando uma versão mais insatisfatória do que a de Collin Farrel no longa de 2004. 

Quem sabe a Netflix ainda resolva elaborar uma temporada de Demolidor, explorando mais a sua fé e a relação com a igreja, enquanto precisa resolver assuntos com Elektra, Justiceiro, Rei do Crime e o Mercenário. Muito personagem? 13 episódios pode ser o ideal para trabalhar os protagonistas e antagonistas, afinal, conseguiram dar o episódio 10 da terceira temporada inteiramente para contar o passado de Karen Page



NOTA: 6/10




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