Nesta sexta-feira (17), chegou na plataforma da Netflix a primeira temporada da sua nova série ficção, Cursed: A Lenda do Lago. Estrelado pela jovem Katherine Langford, a série traz a aventura da moça Nimue, que recebe a missão de sua mãe em seu leite de morte, para entregar uma espada à Merlim. Mas, ela acaba se tornando um simbolo da guerra, mudando os passos de sua missão. Cursed não é o melhor trabalho de Frank Miller, está longe disso, a série entretêm, mas acaba enfrentando desafios de seu próprio roteiro.
Algumas séries abusaram desse mundo mágico e guerra durante a era medieval como Game of Thrones e The Witcher, ambas se assemelham à Cursed nesse quesito. Mas, quando falamos de um personagem principal, a série se perde um pouco na construção de Nimue. Ela é forte, corajosa e claro está um pouco perdida, mas isso não basta. Quando estamos falando de uma guerra, a líder de grupo precisa inspirar o povo e mostrar a eles algo que faça-os lutar a seu lado. Porém é isso que falta na personagem, aquela cena de luta em que todos em volta olharam maravilhados à ela, ou após um discurso motivacional. Uma motivação ou personalidade.
Início
Com as poucas palavras de sua mãe, Nimue entra nessa missão perdida, e as vezes um pouco inocente demais. Às vezes a protagonista é tratada como uma jovem com super poderes deslocada no ensino médio, e esse é de longe o maior erro da série. Diferente de outras líderes mulheres de alguns filme – como a Katniss em Jogos Vorazes – a personalidade dessas personagens é forte, assim como sua vontade de mudar e lutar por outras pessoas. Mas, Nimue não tem essa conexão com a sua causa, até metade da série ela é apenas uma adolescente perdida e apaixonada. Não há força em sua voz, e na maioria das vezes nem é um bom discurso.
A Netflix causou uma grande confusão na cabeça dos fãs de The Witcher com as passagens temporais, e Cursed também precisava contar outras histórias. Mas ainda sim, sua passagem entre os personagens é de certa forma curiosa, não certamente bom, mas como uma novela talvez faria, apenas estranho.
Claro que não demora muito para que Nimue seja jogada nos braços de um romance que aqui conheceremos como Arthur. Apesar de ser claro que de estamos falando do futuro “Rei Arthur” a série mantém ele e Nimue – a Dama do Lago – presos nesse romance, ou invés de trabalhar o background de ambos. Apesar da trama conseguir criar as motivações e posição de Arthur melhor que Nimue. Entretanto, são os personagens que ficam em seu segundo plano que acabam sendo as grandes joias da série.
Roteiro
Apesar da história se perder na construção da protagonista, o background da série é muito bem trabalho. em especial para o seu vilão, os fanáticos palestinos. Apesar do Padre estar no comando dessa caça, é o “Monge Choroso” de Daniel Sharman que por diversas as vezes suja sua espada, e é dele que estamos falando. A série no geral se alastra de inimigos e ambos se esbanjam de seus backgrounds cheios de ódio, dor, devoção e motivação. Mas é o Monge que apresenta as melhores cenas. A atuação de Sharman é profunda, suas cenas de luta são sem dúvidas as melhores, e seu silêncio é tão chamativo que chega a ser gritante.
Com diversas sub-tramas, 1 – grupo de religiosos estão prontos para qualquer coisa para “que só a sua raça reine sobre a terra”. 2 – diversos reinos em guerra pela coroa. 3 – Merlin em sua jornada. 4 – feéricos tentando sobreviver ao ódio de uma nação. Além de muitos outros, a série se equilibra em todas as tramas sem confusão, mas o equilíbrio não garante o ritmo correto. Sua falta de emoção é o grande pesar para a trama.
Ação e Atuação
Katherine Langford é uma grande atriz de drama, sem dúvidas esbanja de seus talentos quando possível. Mas quando entramos nas batalhas, a espada parece ser um pouco pesada pra a atriz. É deixado claro durante a série que sua personagem não sabe duelar, mas tudo em volta dela para esperando que ela faça o próximo movimento. As poucas cenas em que ela precisa empunhar a espada para lutar por sua vida, ou se defender de outros não são coordenadas de formas agradáveis. Por grande partes elas são lentas, e não te fazem presar pela vida da personagem.
A série não tem medo de ser sangrenta, então seus duelos sempre acabam com alguém perdendo a cabeça ou parte do corpo. Mas a falta da coordenação e sincronização pecam em sua ação. Quando Gustaf Skarsgård entra em ação como Merlin sua atuação é perspicaz, o ator consegue criar uma personalidade única para o papel. Sua jornada faz jus ao seu nome, ainda sim apesar do grande esperado demorar bastante para acontecer.
Finalização
Cursed: A Lenda da Lago está longe de fazer sentido ao seu título, trazer batalhas emocionantes com muita magia. Apesar de Nimue não ser a clareza em pessoa de seus objetivos e força, a personagem tem muito potencial a ser explorado. Em grande parte o Monge e Merlim acabam tomando por si as grandes emoções da trama. Seu roteiro sabe se dividir entre seus personagens, apesar de se perder em seu ritmo, a série acaba deixando toda a sua emoção para os 45 do segundo tempo. Se – houver uma – segunda temporada talvez consiga se equilibrar da forma que seu último episódio se aprontou, a trama pode se tornar muito melhor do que foi hoje.
No geral, a série sofre do que precisa ser contado, sua produção é grande, mas apesar de ser tão poderosa, transforma sua protagonista em algo pequeno. Apesar do melhor ser visto de Nimue no final, o desenvolvimento da personagem deixa muito a desejar. E para uma série que traz tanta magia para o seu universo, a falta dela em suas batalhas e fortemente sentida. A trama está longe de ser o melhor que Frank Miller já fez, mas pode começar a caminhar por suas lendas de forma única e corajosa.
Crítica: Cursed – A Lenda do Lago
Elenco: Katherine Langford, Devon Terrell, Gustaf Skarsgård, Daniel Sharman, Peter Mulla, Lily Newmark, Shalom Brune-Franklin, Sebastian Armesto, Emily Coates, Catherine Walker e Billy Jenkins.
Nota: 3/5