Crítica: Bloodshot | Um amontoado de boas ideias má executadas

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Bloodshot é baseado no quadrinho homônimo criado por Kevin VanHook, Don Perlin e Bob Layton e publicado pela Valiant Comics. Aqui no Brasil (e aposto que em outros países), o personagem nem a editora não são muito famosos e possuem histórias mais voltadas para o público adulto. O protagonista fica no cargo de Vin Diesel que parece até uma escolha viável dado seu histórico com filmes de ação e ser daqueles que quase não utilizam dublês para cenas mais arriscadas. A direção do longa vem pelo novato no cargo: Dave Wilson. Wilson trabalhou apenas em alguns jogos e sempre ligado aos seus efeitos especiais.

A escolha do elenco é algo a se pensar. Escolha de Vin Diesel para viver Ray Garrinson / Bloodshot divide opiniões justamente por ser “a cara” de Velozes & Furiosos (impossível não arremeter o longa a isso, sério). Vai atrair quem gosta e provavelmente vai afastar quem acha que o ator não possui um leque de atuação muito distinto (algo que de fato vem diminuindo com o passar dos anos). De fato ele até se encaixa bem no papel, mas com o decorrer do filme o personagem vai ficando vago, raso, que você até esquece que o filme era pra ser dele e isso nem é culpa de Diesel. Nesse ponto, os coadjuvantes que acabam chamando atenção e que o filme poderia facilmente ser deles: KT (Eiza González), e Wilfred Wigans (Lamorne Morris). Ainda que também sejam quase tão rasos quanto o protagonista, ambos personagens entregam maior carisma e a presença em tela acaba agradando mais. E sim, Guy Pearce está no elenco e em diversos momentos seu personagem nos dá um dejá vù de Aldrich Killian em Homem de Ferro 3 (entenda como preferir).

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O enredo é simples, quase clichê. Quase. O filme até tenta entregar uma pouco de complexidade, mas isso é perdido com um timing apressado. De fato a história simples seria muito encaixada caso tivesse sido abordada de outra forma mas a narrativa (em parte previsível), não desafia o público a nada. Até a reviravolta que salvaria o filme foi entregue de forma apressada e totalmente sem emoção. Mas claro, se você não se importa com isso e só quer ver uma boa pancadaria, talvez seja melhor procurar outro filme. A ação até que é bem elaborada, sério, sem tantos exageros, mas novamente é tudo perdido por decisões técnicas. No caso, a fotografia, a troca rápida de câmeras, e os ângulos escolhidos prejudicam a experiência e a torna sem graça.

O filme feito e vendido como “dos mesmos produtores de Velozes & Furiosos” e é infelizmente é apenas isso que se tornou. Não que a franquia seja de todo ruim, mas um filme baseado em histórias em quadrinhos e de um personagem pouco conhecido poderia ter se aproveitado melhor para atrair mais fama ao personagem em si, para a revista e para a editora. No fim Bloodshot prova que tem boas ideias e que foram totalmente má executadas e pelas pessoas erradas. O fato é que esteticamente falando, ele se assemelha muito com filmes lançados entre 2005 e 2010 e talvez até fizesse mais barulho se tivesse lançado nessa época da forma como foi feito. O futuro do personagem nas telonas é incerto, mas se pretendem continuar sua história nos cinemas, é preciso apostar mais no enredo do que na produção que mais parece um filme de ação genérico e não um filme baseado em quadrinhos.

Nota: 5/10

Marta Fresneda
Líder do site de entretenimento O Quarto Nerd. Apaixonada por cultura pop, com objetivo de influenciar e incentivar mulheres na área de comunicação voltado ao mundo nerd.