Crítica | Black Box é a linda estreia do diretor Emmanuel Osei-Kuffour com ótimas atuações

Black Box
Atenção, o texto abaixo contem spoilers sobre a produção, leia por sua conta e risco!

Jordan Peele, é sem sombras de duvidas um dos maiores nomes da atualidade do cinema. O cineasta tem grandes produções do cinema como “Corra” e “Nós“, agora para a tv, com a série “Lovecraft Country“. Era esperado que algum momento produções mais semelhantes às obras de Peele começassem à surgir. O diretor Emmanuel Osei-Kuffour, que em sua estreia com “Black Box” na Amazon Prime Video, consegue trazer uma trama misteriosa, não assustadora, mas que tenta usar o terror psicológico, em um terror psicológico que se surpreende entre memórias e perdas.

Seis meses após um acidente de carro, que infelizmente acabou tirando a vida de sua esposa, Nolan (Mamoudou Athie) se encontra uma situação delicada. Agora, após voltar a consciência do acidente que deveria ter o deixado em coma, por morte cerebral. Querendo recuperar suas memórias, Nolan começa a fazer um tratamento psicológico com hipnose, para assim recuperar algo de seu subconsciente. Porém, ao desenvolver da trama, as coisas não acabam saindo como esperado, e acaba até sendo assombrado.

A trama

Inicialmente, vemos que Nolan está fazendo o seu melhor para assumir suas responsabilidades e recuperar suas memórias, mas o mesmo parece lutar com algo maior no seu subconsciente. Mesmo que o personagem fale rapidamente que está tendo pesadelos – ao participar de sua primeira sessão de hipnose – o filme mesmo não os mostra. Apesar de, colocar um momento parecido nos primeiros minutos do filme, acaba trazendo algo mais confuso, do explicativo para o início da trama. Não é difícil ver que o protagonista esta muito confuso com tudo que está acontecendo, quando sua filha, uma criança que, com certeza tem menos de 10 anos, acaba tendo que assumir certas responsabilidades sobre ele. Mesmo quando ele não assume nenhuma sobre ela.

Mas, é quando Nolan inicia o tratamento que ele começa a recuperar algumas memórias de seu passado, apesar de elas parecem desanexas à sua realidade. Porém, é ai que a produção genial de Osei-Kuffour e do roteirista Stephen Herman entra em ação, não só as memórias do protagonista começam a fazer menos sentido, mas ele começa a parecer cada vez mais diferente de seu personagem. E em um plot twist usado de forma inteligente, o filme começa a trilhar, prendendo o telespectador em sua visão magnifica e curiosa.

Uma mistura das duas casas
Crítica | Black Box é a linda estreia do diretor Emmanuel Osei-Kuffour com ótimas atuações
Divulgação: Black Box

Sendo uma produção original da Blumhouse e da Amazon Prime Studios, é claro que a obra é uma mistura de ambas as produtoras. Assim como “Upload“, o filme usa o subconsciente para falar sobre a memória de Nolan como se sua viagem ao subconsciente fosse uma visita ao Lakeview, em sua mais precoce criação. Durante o filme é claro ver como o filme usa a serie como base para a tecnologia.

Enquanto para a Blumhouse, o filme traz a dor da perda, um sentimento mais espiritual sobre essa produção, principalmente em sua finalização. Além disso, a forma como a hipnose funciona no filme é semelhante da forma como vimos em filmes como “Sobrenatural“, quando a protagonista pede para uma vidente se comunicar com sua mãe e ela caminha para o outro lado. Assim, o filme se equilibra entre o mistério e a ciência, enquanto a doutora Lilian Brooks (Phylicia Rashād) se acha no poder para brincar de Deus.

Atuação

O filme consegue se dividir muito bem entre o antes e o depois da revelação sobre as memórias de Nolan. E claro que a atuação de Mamoudou Athie, apesar de sua virada não seja surpreendentemente incrível, é os momentos após o plot twist que o ator consegue brilhar. Inicialmente, o ator traz um personagem perdido, tentando se encontrar em um homem bom e honesto, mas é claro seu descontrole quando perde uma oportunidade de emprego. Em lapso, mesmo que o punho machucado o mesmo começa a apresentar atitudes violentas. Mas é quando seu melhor amigo fala “você nunca foi violento, eu nem conseguia te fazer assistir lutas de Boxe”, que o telespectador começa a suspeitar de seu passado obscuro.

Mas e ai que se engana, acostumados com os clichês a trama sabe o exato momento para trazer a reviravolta, e dessa forma a atuação de Athie se evolui entre os entendimentos do personagem. A cada sessão de hipnose deixa de Nolan e se torna Thomas. E é claro o exato momento em que o ator se torna Thomas por completo e deixa a vida de Nolan pra trás. Em em um personagem que consegue ser uma confusão de sentimentos, enquanto um lado apresenta um homem bom, o outro mostra um que cometeu muitos erros e que após receber uma segunda chance, continua cometendo mais erros.

Finalização
Crítica | Black Box é a linda estreia do diretor Emmanuel Osei-Kuffour com ótimas atuações
Divulgação: Black Box

O filme é uma explosão de ideias boas e muito bem executadas, é claro ver o que a influência de Peele trouxe para o cinema, o próprio gênero dentro do terror psicológico. Mas, é dentro dessa ideia que o diretor Emmanuel Osei-Kuffour se encontra para trazer sua própria identidade para a trama, que apesar de ser bem executada, não pode ser fortemente sentido. Porém, para seu primeiro projeto é esperado que tal visão tenha só o que evoluir. Black Box é uma produção inteligente que não espera ate o ultimo segundo para trazer um plot twist, e muito bem usado. Usa ele em meio ao seu filme, prendendo ainda mais o telespectador em terror psicológico, apesar de não se encaixar muito bem nesse gênero. O filme deixa uma desnecessária ponta pra sequência, mas vale aguardar para ver o que está por vir.

Black Box (Amazon Prime Video) movie large poster.

Crítica: Black Box
Direção: Emmanuel Osei-Kuffour
Elenco: Mamoudou Athie, Phylicia Rashād, Donald Elise Watkins, Charmaine Bingwa e Tosin Morohunfola.

Nota: 4/5

Marta Fresneda
Líder do site de entretenimento O Quarto Nerd. Apaixonada por cultura pop, com objetivo de influenciar e incentivar mulheres na área de comunicação voltado ao mundo nerd.