Crítica: Aves de Rapina é o que Esquadrão Suicida não conseguiu ser

Arlequina foi um sucesso sem precedentes depois de sua estreia nos cinemas, e apesar do fracasso de Esquadrão Suicida, a personagem continuou atrair atenção. Culminando em seu primeiro filme solo, Aves de Rapina, Arlequina voa pra bem longe do Coringa, em uma trama com narrativa bizarra (igual a personagem), mas completamente divertida (também igual a personagem).

Ousadia é sem dúvidas a palavra perfeita para descrever ‘a vilã’. Conhecida nos quadrinhos por ser o par romântico do Coringa, aqui veremos que a personagem é muito mais do que sempre foi rotulada: “Por de trás de um Homem bem sucedido, sempre há um grande Mulher”. E é dessa forma que Arlequina finalmente ganha o seu espaço merecido.

De forma engraçada e atrapalhada, Arlequina comanda a narrativa do filme, abusando do drama, das risadas e claro da violência. A atriz Margot Robbie traz os traços clássicos da personagem de forma majestosa, a atuação da atriz traz a dor e angústia e claro a felicidade exuberante da personagem, te fazendo comprar qualquer briga por ela. Robbie transborda as loucuras, sorrisos, lágrimas, risadas, acrobacias e cenas de luta de tirar o fôlego, trazendo cada vez mais profundidade para a personagem que sempre foi julgada apenas como coadjuvante.

Aves de Rapina sabe se equilibrar muito bem entre a tensão, o drama e as loucuras de Arlequina, durante essa trama cheia de reviravoltas, trazendo risos de desespero e preocupação, com essa personagem que se enfiou em outra enrascada. O filme ao todo se desenrola de forma bizarra mas não confusa, enrolando sua linha do tempo entre as trapalhadas da protagonista, fechando cada pontinho em aberto que poderia ter.

Falar do relacionamento da Arlequina com o Coringa é inevitável que neste caso citem Esquadrão Suicida, apesar de grande parte do elenco ter sido cortado no reboot de James Gunn (que ainda não sabemos como se encaixará aqui). O filme conta com algumas menções e Easter Eggs do filme, nada muito alarmante, mas traz a identidade do filme, abusando de cores escuras mas sem perder o contraste neon e colorido, que Esquadrão Suicida acabou adotando de última hora. A paleta de cores segue com a escolha inacreditavelmente perfeita, trazendo o contraste obscuro e alegre que a personagem tem. Claro que, o ponto forte de Esquadrão Suicida é sua trilha sonora (e é o que mais pedido que James Gunn capriche), em Aves de Rapina claro que não seria diferente, as escolhas das músicas dão um peso mais girl power para cada cena, animando ou dramatizando dez vezes mais cada uma.

É perceptível que o roteiro, a trilha sonora, cenas de ação e montagem e a narração do filme (dublado pelo protagonista), se encaixam de forma para se adaptar ao humor e loucuras da Arlequina. Claro que, tal escolha acaba deixando seus personagens mais atrás do que realmente deveriam estar, Canário Negro (Jurnee Smollett-Bell) e Cassandra Cain (Ella Jay Basco), por motivos maiores, acabam tendo mais tempo de tela. Apesar de Renee Montoya (Rosie Pérez) aparecer com uma grande frequência a personagem é tratada de forma fraca, mas a grande decepção fica com a Caçadora (Mary Elizabeth Winstead), que é simplesmente esquecida grande parte do filme, e sua introdução acaba aparecendo até quando você mesmo já esqueceu dela.

O filme se culmina entre as loucuras da Arlequina, suas lágrimas e caras chutados com gosto por todas. Trazendo um trama redondo, orquestrada de forma bizarra (em relação à sua linha do tempo), com cenas de ação de cair o queixo, com coreografias pesadas e violentas, usando de suas cores e músicas, montando um palco para o que pode ser o início de um universo só da Arlequina, onde a luz que brilha sobre ela é rosa e azul!

Nota: 3,5/5

Marta Fresneda
Líder do site de entretenimento O Quarto Nerd. Apaixonada por cultura pop, com objetivo de influenciar e incentivar mulheres na área de comunicação voltado ao mundo nerd.