Crítica | Amor e Monstros é mais que uma trama de sobrevivência, mas erra nos detalhes

Essa semana, chegou a plataforma da Netflix o mais novo filme de aventura distribuído pela plataforma, Amor e Monstros. Estrelado por Dylan O’Brien, a trama traz o ator em – mais uma – trama de sobrevivência. Não que isso seja um reclamação, até porque o mesmo consegue captar as emoções de seus personagens como ninguém. Mas, como o título traz duas coisas totalmente diferentes, a trama tenta se equilibrar em: o amor mais ardente – ou seria o desespero de ficar sozinho?! – e monstros, de formas, tamanhos e cores que fará você ficar aflito.

A trama
Crítica | Amor e Monstros é mais que uma trama de sobrevivência, mas erra nos detalhes
Crítica: Amor e Monstros | Jessica Henwick and Dylan O’Brien in LOVE AND MONSTERS from Paramount Pictures and Paramount Players. Photo Credit: Jasin Boland.

Entenda, a história dessa trama se dá início 7 anos após tudo ‘acabar’. Então não vemos como o Joel (O’Brien) ficou após o apocalipse, sabemos que ele perdeu seus país e que logo acabou sendo levado a um abrigo. E que levou um tempo – não se sabe quanto – para ele encontrar a jovem Aimee (Jessica Henwick) em outro bunker, através da comunicação de rádios de frequência. A partir desse ponto a trama deixa bem claro que ela está correndo para contar sua história.

Como dito, O’Brien está mais do que se acostumado com filmes de sobrevivência, até porque seria impossível não estar após três filmes de Maze Runner. Mas, apesar de serem territórios apocalípticos diferentes, os personagens de Dylan são similares, principalmente quando o assunto é amor. Exceto pelo fato de Joel entrar em pânico quando precisa lutar por sua vida. Veja bem, a trama de Amor e Monstros é iniciada com a vontade de Joel de se provar ser mais do que ele é agora, um medroso. Mas o fato de estar em um bunker cheio de casais, e ele, sendo o mais novo e solteiro se sente sozinho. Então, 7 anos após o apocalipse que destruiu 95% do planeta Joel decide que quer partir em busca de seu amor de escola.

Até o momento em que ele acorda e decide que quer ir embora, em busca de seu amor perdido.

Até aqui, a trama correu, tentou trazer um relacionamento familiar entre as pessoas no bunker, mostrou um invasão ao bunker (inexplorado) e o que ocasionou a uma morte. Sem falar no grandioso medo que o protagonista sente – compreensível. Mas, apesar da alma de herói – parecido com a de Thomas de Maze Runner – Joel, está longe de ser herói. Tudo isso, nos primeiros vinte minutos da trama.

A jornada de Joel

É claro que não demora muito para a sua falta de atenção e jeito leve o protagonista ao perigo. Por sorte, o mesmo acaba sendo salvo por um cachorro. É é isso mesmo, ele foi salvo de um monstro gigante por um cachorro. E aqui se dá início a melhor relação de amor que o filme poderia trazer, um cachorro e seu dono. Boy, o nome do animal, é uma das joias da trama, apesar de também trazer o questionamento de como o mesmo sobreviveu sozinho. Amor e Monstros cria uma relação de confiança entre Joel e Boy, dando início ao amor tão bem falado. Porém, o filme deixa pontas abertas em todo o seu caminho, apesar de se esforçar para responder algumas, tudo é feito de forma rápida e corrida.

Crítica | Amor e Monstros é mais que uma trama de sobrevivência, mas erra nos detalhes
Crítica: Amor e Monstros

Mas é claro que o jovem mais desastrado e medroso não sobreviveria a um mundo cheio de monstros (por grande parte, insetos gigantes). Então, sua vida – pela terceira vez – é salva por uma jovem menina e um homem. Que seguem à procura de um novo abrigo, e acabam ajudando o protagonista. É com eles que Joel começa a aprender um pouco sobre o que o mundo se tornou.

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E mais uma vez sua história corre, ambos precisam se separar em algum momento, é claro que ambos são inclusos na história para guiar o (joel), perdido e atrapalhado a não morrer. Mas acabam sendo mais do que isso, por mais que ambos ganhem pouco tempo de tela, os personagens conseguem cativar com muita facilidade. O que te fará perguntar por que isso não foi estendido. Entretanto, desde o começo, é dito que a viagem duraria sete dias, e em alguns momentos vemos o mesmo desenhando, para no meio do caminho descobrirmos que ele está criando um manual de sobrevivência. Já que, ele, uma pessoa medrosa e desajeitada conseguiu sobreviver a alguns dias na superfície, outras pessoas também podem certo? Bom isso ficará a seu critério.

Juntos, o trio – e claro Boy – enfrentam alguns monstros, trazendo algumas cenas impecáveis de ação e CGI, mas é claro que, Joel acaba aprendendo a atirar flechas. Porém, essa jornada não pode se estender por muito, já que eles tem objetivos diferentes. Dessa forma, entre alguns cortes rápidos, para mostrar os dias passando, esse trio anda para caminhos diferentes, antes da primeira hora do filme.

Questionamento

Sem mesmo questionar a moça, Joel sai nessa jornada para encontra-la, porque de alguma forma, ele acredita que 7 anos depois ela ainda espera por ele. Durante a jornada, o mesmo começa a se questionar se a ação foi a certa, e como ela receberá isso, um gesto de amor ou loucura. Mas, sabe quando o filme traz uma jornada difícil, quando o protagonista gasta tudo que tem em busca de algo, e a resposta estava a sua frente? É nessa dinâmica que Amor e Monstros tenta se construir. Mas como, tudo até aqui foi corrido, mais corrido que o próprio Dylan O’Brien correndo no filme, esse fato não cativa.

Outro ponto a ser aplaudido, e de pé, é aa ambientação do filme. 7 anos após o apocalipse, a natureza tomou conta do lugar, mas agora com insetos do tamanho de helicóptero e até mesmo aviões, seus casulos, gosmas e até mesmo teias de aranha infestaram lugares que antes podiam ser casas e prédios. Mesmo, com toda essa ambientação, o protagonista consegue deixar passar desapercebido todos esses sinais, até mesmo aqueles gritando PERIGO, NÃO ENTRE, MORTE A FRENTE!

Indicado ao Oscar
Crítica | Amor e Monstros é mais que uma trama de sobrevivência, mas erra nos detalhes
Crítica: Amor e Monstros | Dylan O’Brien stars in LOVE AND MONSTERS from Paramount Pictures and Paramount Players. Photo Credit: Jasin Boland.

Além da atuação de O’Brien, sem sombras de dúvidas o filme se destaca pelo seu visual. O filme não tem medo de se arriscar ao criar insetos gigantes de forma grotesca e o mais realista possível. Mas, em um ano em que muitas das produções tiveram que ser adiadas, não é segredo que isso pode ter facilitado a entrada do mesmo pra lista de indicados. Entretanto, isso não quer dizer que o filme falhe em algum momento, sabemos que o Oscar está longe de ser conhecido por ser inclusivo. Incluir o filme, que possamos dizer teen, em uma de suas categorias, é uma surpresa.

Amor e Monstros é uma aventura que sabe se equilibrar, tem carinho e muito amor em sua trama e traz um visual impecável mas, precisava se desenvolver mais. Talvez, se a trama trouxesse 30 minutos a mais poderíamos estar falando de um roteiro redondo, entretanto, ao invés disso, é entregue algo corrido e com pontas abertas. É claro que, o filme deixa uma ponta para ser desenvolvida em uma possível continuação, então essas pontas podem ser explicadas futuramente. Mas que, atualmente atrapalham seu desenvolvimento.

Crítica | Amor e Monstros é mais que uma trama de sobrevivência, mas erra nos detalhes

Crítica: Amor e Monstros

Direção:  Michael Matthews
Roteiro: Brian Duffield e Matthew Robinson
Elenco: Dylan O’Brien, Jessica Henwick, Michael Rooker e Ariana Greenblatt.
Nota:  4/5

Marta Fresneda
Líder do site de entretenimento O Quarto Nerd. Apaixonada por cultura pop, com objetivo de influenciar e incentivar mulheres na área de comunicação voltado ao mundo nerd.