Amar é Para os Fortes, da Prime Vídeo, lançamento deste mês de novembro, foi concebida a partir do sétimo álbum homônimo do rapper Marcelo D2 e é a mais recente obra da filmografia do cantor. Roteirizada e produzida por duas mulheres, a inspiração do álbum, que já tinha um longa-metragem associado, retorna com as críticas e rimas de D2 para criar arte de excelência para as telas. O resultado é uma série tão perspicaz nas discussões sociais atuais que transcende o papel da sétima arte de apenas entreter para também educar e enaltecer a cultura negra, não se limitando a ser apenas mais uma visão branca, mas Do ponto de vista das favelas.
Amar É para os Fortes teve um musical em 2018, também dirigido pelo rapper, constituindo seu primeiro álbum visual. A história de Sushi e sua família preta da periferia é revivida com o roteiro de Antonia Pellegrino e Camila Agustini. Agora, com mais tempo de narrativa, somos levados a uma imersão na realidade dos personagens. Sinistro (Breno Ferreira), filho mais velho de Rita (Tatiana Tiburcio), teve seu caçula assassinado em uma operação na comunidade do alto da Maré. Além da luta por justiça formal, entre idas à delegacia e aos jornais, Amar É para os Fortes consegue mostrar como essas pessoas lutam constantemente para reestruturar suas vidas, nos aproximando de diversas expressões artísticas produzidas pelas favelas como meio de transformação social.
Confira a sinopse da série:
Amar é Para os Fortes denuncia a violência policial no Rio de Janeiro, acompanhando a rotina de duas famílias negras que precisam lidar com o luto e a injustiça. Com uma operação policial que ocorre no Dia das Mães, o destino de Rita e Edna se entrelaça por meio de uma tragédia. Rita perde seu filho Sushi, de apenas 11 anos, para a violência policial em uma das comunidades do Rio, enquanto Edna é mãe de Digão, o policial que matou a criança.
Assim, nos envolvemos com as duas famílias em suas angústias. Como público, presenciamos os dois lados de perto, ao mesmo tempo que acompanhamos a angustiante batalha de Rita contra a corrupção e a lentidão do sistema judiciário. O papel da direção é manter um ritmo emocionante e autêntico na série, e ela o consegue. Similar a filmes como “Cidade de Deus (2002)”, toda a produção é precisa tanto nos momentos de tensão quanto na ressignificação das famílias interrompidas, transbordando amor. Mérito também à série pela excelente entrega de todo o elenco, majoritariamente composto por pessoas negras. A carga emocional é intensificada, a atriz que interpreta Rita, Tatiana Tiburcio, divide a cena com o próprio filho, que interpreta Sushi. Outros atores que se destacam são Clara Moneke, Maicon Rodrigues, Bukassa Kabengele, Mariana Nunes.
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Além disso, o que enriquece o roteiro como forma de protesto são as inspirações reais nos grupos Mães de Manguinhos e Movimento Moleque no Rio de Janeiro. Ambos aparecem na série, proporcionando mais visibilidade aos movimentos de resistência à violência, criados por mães que perderam seus filhos em operações policiais.
Confirmado tanto por atores da obra quanto por D2, a carga de cultura que a série traz é um foco muito claro. O movimento de artistas na série, liderado por Sinistro junto aos seus amigos, é o que prevalece em Amar É Para Os Fortes. De várias formas, a identidade visual da série é característica e real, expressando sentimentos sem necessidade de palavras. Ademais, não deixa de mostrar poesia em outros momentos.
A série é uma grande oportunidade de vermos como a utilização da arte é meio de expressão e transformação social. E essa é uma das formas pelas quais a comunidade busca ser ouvida e encontrar sua própria justiça. Realmente, desde tensão até expressão artística, a série consegue transmitir e emocionar Certamente seus 7 episódios na Prime valem a pena. Como produção nacional com compromisso com a verdade, ela podem despertar muitas pessoas para compreenderem mais sobre o mundo político em que vivemos.
Crítica: Amar é Para os Fortes
Direção: Marcelo D2
Nota: 5/5
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