Depois de reações negativas em exibições teste, refilmagens e troca de estúdio, A Mulher na Janela (The Woman in the Window, 2021) finalmente chegou no catálogo da Netflix nessa sexta-feira, 14. E, honestamente, não deveria ter saído do papel.
Não que o filme inteiro seja ruim, a talvez única cena que se salva é das brilhantes Amy Adams e Julianne Moore, que contracenam como duas vizinhas conversando. A ótima construção do diálogo entre as personagens fazem a audiência ficar desconfiada por sentir que algo não está certo. No entanto, existe também o aumento de expectativa para um clímax que se sucederia a então trama morna que estava se desenrolando.
Trama essa que na verdade, viria a se colapsar. No longa, a psicóloga infantil Anna Fox (Adams) mora em uma casa no Harlem, EUA. Separada do marido (Anthony Mackie) e filha (Mariah Bozeman), ela sofre de ansiedade e agorafobia, que para Fox significa medo de sair de casa – sua solução é encontrada em uma quantidade enorme de medicamentos acompanhados de taças de vinho. Quando a família Russel se muda para o outro lado da rua, Anna começa a observá-los pela sua janela. Um dia, a protagonista acaba vendo a mãe da família, Jane Russel (Moore), ser assassinada, mas quando tenta alertar as autoridades, ninguém a leva a sério.
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E leve o “ninguém” ao pé da letra, porque nem o próprio filme acredita na protagonista. Apresentando uma narradora não-confiável, o público espera desconfiar do que lhe é apresentado nas telas, mas a direção e narrativa fazem de tudo para reforçar isso. Tal escolha afeta diretamente nas reviravoltas construídas, que são ou completamente previsíveis ou sem impacto algum no espectador, já que não se esforçaram em mostrar a veracidade dos laços que nossa protagonista tinha com outros personagens.
Tudo isso chega com espanto, porque o diretor Joe Wright, nome por trás de Orgulho e Preconceito (Pride and Prejudice, 2005) e O Destino de Uma Nação (Darkest Hour, 2017), e o roteirista Tracy Letts, de Lady Bird: A Hora de Voar (Lady Bird,2017), não são nomes pequenos. E muito menos o elenco escalado, que além de Moore e Adams, possui Gary Oldman.
Mas tinha como piorar, e o final de A Mulher na Janela fez questão disso. Depois da grande revelação, que beirou ao ridículo, Anna aparece nove meses depois completamente curada, sem nenhum transtorno psicológico ou alcoólico. A redução da profundidade da personagem e de seu transtorno sem explicação alguma deixa o final com gosto amargo e, com certeza, revoltante.
A Mulher na Janela já está disponível na Netflix. Confira o trailer aqui.
Crítica
Título: A Mulher na Janela
Direção: Joe Wright
Roteiro: Tracy Letts
Elenco: Amy Adams, Julianne Moore, Anthony Mackie, Gary Oldman
Nota: 1,5/5
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