Crítica | A Jornada de Vivo é uma das formas mais tocantes de mostrar o luto

A Jornada de Vivo

Depois do sucesso na Broadway com as peças In The Heights (2008) e Hamilton (2015) e na animação Moana: Um Mar de Aventuras (2016), o compositor, ator e cantor Lin-Manuel Miranda se aventurou em A Jornada de Vivo, nova animação da Netflix que estreou no último dia 5. Apesar do público alvo ser infantil, o longa não deixa sua maturidade de lado e agrada todos os públicos, seja pela história identificável, visual encantador ou as músicas envolventes e divertidas.

Em A Jornada de Vivo, o Jupará chamado Vivo (Miranda) embarca em uma aventura que o faz sair de Havana, Cuba, diretamente para Miami, EUA, para entregar uma música de amor para uma pessoa muito especial ao lado de sua recém-amiga Gabriela.

No entanto, Vivo apenas entra nessa aventura após passar pela experiência dolorosa de perder seu melhor amigo e dupla em suas apresentações musicais de rua. E é justamente a morte de Andrés (Juan de Marcos) que faz a audiência embarcar com Viva na intensidade que é o processo de luto. Para todos ele é diferente, não necessariamente existe uma ordem específica. Mas através da ótica de Elisabeth Kübler-Ross, psiquiatra pioneira em estudos de proximidade da morte com pacientes terminais, que definiu cinco estágios principais do luto (1. negação e isolamento, 2. raiva, 3. barganha, 4. depressão, 5. aceitação), torna-se claro o processo pelo qual Vivo está passando.

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Processo esse que, apesar de ser uma animação também com crianças como público, é atrativa para adultos. Isso porque eles se identificam com a jornada e conseguem extrair significado em cenas e falas que passam despercebidas pelas crianças. Isso é mostrado nas músicas da animação, compostas por Miranda, que adicionou sua marca registrada de melodia e letras que andam de mãos dadas no gênero rap. Para os já familiares com o estilo do compositor, é divertida e nostálgica a maneira que as músicas encaixam na história, contexto e ambiente inseridos, que com certeza agregam na experiência final.

©2021 SPAI

Mas fora os ouvidos, A Jornada de Vivo também é um deleite para os olhos, com cores saturadas e vivas usadas de maneira inteligente. Assim, elas trabalham ativamente com a narrativa, aflorando os sentimentos já semeados previamente na audiência, que faz com que lágrimas saiam dos olhos involuntariamente, e você se vê mais apegado ao personagem do que previa.

O longa é completamente envolvente e nada usual, trabalhando com personagens fora do padrão e com histórias intrinsecamente humanas. E é assim que, em 2021, se conquista qualquer audiência que decida apertar o play.

A Jornada de Vivo já está disponível na Netflix. Confira o trailer aqui.

Crítica

Título: A Jornada de Vivo
Direção: Kirk DeMicco
Roteiro: Kirk DeMicco, Quiara Alegría Hudes
Elenco: Lin-Manuel Miranda, Ynairaly Simo, Zoe Saldana, Juan de Marcos González, Brian Tyree Henry, Gloria Estefan
Nota: 4,5/5

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Gabrielle Yumi
Jornalista e sócia do Quarto Nerd, sou apaixonada por cultura pop e whovian all the way. Busco ativamente influenciar e ampliar a voz de mulheres no meio geek/nerd. Cabelo colorido e muito pop é quem eu sou dentro do meu quarto nerd.