Crítica | A Hora do Desespero sustenta uma narrativa atraente, mas só arranha a superfície do problema

Naomi Watts e um celular são os grandes protagonistas em A Hora do Desespero, suspense trazido ao Brasil pela Paris Filmes. Esses dois, que representam mais de 90% do tempo de tela, são envoltos em uma jornada angustiante na pele de uma mãe que recebe uma notícia aterrorizante mas está muito longe para fazer ou saber de algo. Assim, o longa traz assuntos muito delicados com arquétipos de fácil identificação, fazendo a audiência embarcar no suspense, mas sem aproveitar de seus temas em toda a sua extensão.

Em A Hora do Desespero, uma mãe recentemente viúva, Amy Carr (Naomi), está fazendo o possível para restaurar a normalidade na vida de sua filha e de seu filho adolescente. Porém, durante sua corrida matinal na floresta, ela encontra sua cidade no caos quando um tiroteio ocorre na escola de seu filho. A pé e longe de qualquer civilização, Amy corre desesperadamente contra o tempo para salvá-lo. Mas sem sinal e com poucas informações que conseguiu no caminho, Amy se vê em um dilema de mãe: Seria meu filho um assassino ou vítima dentro de sua própria escola?

Apesar do dilema e do assunto muito delicados, o filme consegue trazer o teor subjetivo e individual a tona, não focando muito nos problemas sociais sobre tiroteios em escolas, principalmente nos Estados Unidos. Porém, por se tratar de um tema sensível, a falta de um aviso para possíveis gatilhos empobrece a seriedade do tema.

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Imagem: Reprodução

Escolhendo focar em uma narrativa de tempo corrido sem pulos temporais, o diretor Phillip Noyce aproveita de sua única ferramenta a vista: Naomi Watts. Todo o roteiro depende da atuação de Watts para funcionar, já que a audiência só tem ela para embarcar junto na jornada. Felizmente Watts aguenta o tranco e entrega um trabalho muito real. Ela tangencia o desespero, alívio, angústia e ansiedade que, sendo nessa ou em qualquer outra situação, fazem parte do que é ser mãe.

Por isso, a audiência que compra a proposta do roteiro de ter apenas 2 personagens importantes – a mãe e seu celular – consegue assistir as mais de 1 hora de longa e sair satisfeito com A Hora do Desespero, fazendo sua ida ao cinema valer a pena.

O longa, apesar de abordar uma visão diferente de um assunto infelizmente muito recorrente na sociedade, olha para a oportunidade de história que possui em mãos e escolhe ir para o caminho mais fácil, conseguindo sim sustentar uma narrativa coerente, mas deixando de lado os grandes momentos e debates que poderiam ser levantados no decorrer do filme.

A Hora do Desespero estreia dia 9 de junho nos cinemas brasileiros.

Crítica

Título: A Hora do Desespero
Direção: Phillip Noyce
Roteiro: Chris Sparling
Elenco: Naomi Watts, Colton Gobbo, Andrew Chown, Sierra Maltby, David Reale, Josh Bowman

Nota: 2,5/5

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Gabrielle Yumi
Jornalista e sócia do Quarto Nerd, sou apaixonada por cultura pop e whovian all the way. Busco ativamente influenciar e ampliar a voz de mulheres no meio geek/nerd. Cabelo colorido e muito pop é quem eu sou dentro do meu quarto nerd.