A Barraca do Beijo 2 foi uma das sequências mais pedidas para a Netflix, mesmo seu primeiro filme tendo dividido muitas opiniões e levado à discussões. E por mais que tenha seus detalhes problemáticos, não chega aos pés de uma de suas produções mais famosas: 365 DNI por discussões.
Assim como o primeiro filme, a trama gira em torno de outra regra que pode ser quebrada – e que sabemos que vai ser. Sendo no primeiro, a regra de não namorar com o irmão de seu melhor amigo e nesse, “besties sempre estudam juntos.” Ou seja, Berkley com seu melhor amigo ou Harvard com seu namorado, qual será a escolha?
Relacionamentos no filme
A ponta solta que tivemos na trama original foi, Elle e Noah manterão um relacionamento à distância? A resposta é simples, se eles foram maduros, sim. Mas eles não são, e é aí que a história se inicia
Elle (Joey King), tenta mostrar uma maturidade que ela não tem com o namoro à distância e que, Noah (Jacob Elordi) tampouco faz uso, isso se tiver. Essa maturidade forçada não aparece quando ela vê um problema em seu relacionamento e ao invés de se abrir e trata-lo, foge para o aeroporto e só dá explicações quando chega em casa.
Lee (Joel Courtney) claramente faz de tudo pela sua melhor amiga, até coloca sua relação amorosa em risco, e muitos indícios indicam que ela não faz o mesmo. Isso nos mostra certo círculo vicioso de relacionamentos não recíprocos, Lee não dando a mínima para Rachel, Elle não dando a mínima para Lee e Noah não dando a minima para Elle. E tudo isso tenta ser consertado no minutos finais do filme.
A única escolha saudável de Elle para sua vida é Lee, a relação que ela deixa em piloto automático e também não age de forma madura quando necessário.
A protagonista mostra como é fácil entrar em um triângulo amoroso quando você não se conhece o suficiente para ter um relacionamento com si próprio. E a ponta desse triângulo é Marco (Taylor Zakhar Perez), novo personagem apresentado no filme e suposta ameaça ao relacionamento de Elle e Noah.
Seria uma ameaça maior se os dois tivessem química fora da pista de dança. Definitivamente não foi um triângulo que dividiu opiniões como em, Para Todos os Garotos Ps: Ainda Amo Você entre Peter, Lara Jean e John Ambrose.
E a relação amorosa que se destaca definitivamente é a de Lee e Rachel (Meganne Young), fazendo-nos torcer e ter mais apego pelo casal coprotagonista do que pelos principais.
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Atuação
A atuação de Jacob Elordi continua morna e seu personagem o mesmo bad boy com um passado problemático e só demonstra que cresceu e mudou no final da trama, o que tinha que acontecer, já que seu personagem se muda para o outro lado do país para fazer faculdade.
Joel Courtney mostra grandes melhoras de atuação e interpretação de seu personagem Lee, em comparação ao primeiro filme, e quem já era apegado à ele, agora ficará mais ainda.
Joey King é uma atriz incrível e vemos em outras produções em que trabalhou como The Act e ela performa quase todas as cenas com naturalidade. O quase poderia se tornar todas se os produtores não colocassem cenas absurdas só para ser engraçado.
Taylor Zakhar Perez tem uma boa estreia e com certeza tem seu charme, porém, seu personagem tem mais química com o personagem de Lee do que com Elle, como dito antes.
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O enredo
O filme traz o tempo todo o sentimento e a pressão de decidir seu futuro e entrar na faculdade e você consegue sentir isso, principalmente pelo fato de que a grande resposta de para qual faculdade Elle vai, fica sobrevoando todas as cenas. Essa atmosfera e a de Ensino Médio tóxico, prevalecem.
Elle se sente desconfortável e excluída no grupo de amigos de Noah e ele não parece mover um dedo para acolhê-la entre eles, principalmente quando sua nova melhor amiga Chloe (Maisie Richardson-Sellers) aparece e deixa-a desconfiada de que está sendo traída.
E com isso, passamos a trama inteira esperando Noah estragar a relação entre os dois, quando no entanto, é Elle que o faz. E Noah age de forma nada madura, o que já é esperado.
Marco, suposta ameaça do relacionamento, é sexualizado logo no começo do filme, o que não é uma novidade para a representação latina na indústria cinematográfica estadunidense. E mais pra frente, é mostrado seu lado sensível e inesperado, outra representação clichê.
Porém, graças à ele, a paixão de Elle pela dança é muito mais abordada, tornando-se não apenas um hobby de melhores amigos, mas algo revelador e importante para sua vida.
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A ligeira rivalidade feminina que acontece durante o filme entre Elle e Rachel é a única coisa que é lidada com maturidade por ambas as partes e é uma relação promissora para uma sequência.
As referências que vemos no primeiro filme às produções dos anos 80 é mudada para as constantes citações de pessoas famosas ao longo da trama, isso não é tão animador quanto, mas a trilha sonora bem encaixada compensa.
A representatividade LGBT com certeza é mais explícita e nos deixa com borboletas no estômago ao acompanharmos o arco do casal. A comédia no geral é clichê, você sente tanta vergonha alheia dos personagens que ri, o único que é engraçado sem deixar de ser natural, é Lee.
Em suma, A Barraca do Beijo 2 é leve de acompanhar e perfeito se você quer assistir algo que não precisa pensar para entender e imaginar qual caminho que o filme direciona, não só pelo enredo previsível mas pela narração da personagem principal.
O longa termina com suas pontas fechadas e ainda deixa abertura para um terceiro, o que, se depender da Netflix e do dinheiro que ela vai ganhar, com certeza vai ter, porém, se depender de Jacob em seu papel como Noah, não tem a menor chance.
No dia 26 desse mês, o elenco de A Barraca do Beijo 2 irá se reunir em uma live no Youtube, você pode definir o lembrete e acompanhar por aqui.
Crítica: A Barraca do Beijo 2
Direção: Vince Marcello
Elenco: Joey King, Joel Courtney, Jacob Elordi, Maisie Richardson-Sellers, Taylor Perez e Meganne Young
Nota: 2,5/5