Crítica | A Babá: A Rainha da Morte é mais sangrento, exagerado e desnecessário

A Babá: A Rainha da Morte

Fazer a sequência de um filme de sucesso sempre é um grande problema em Hollywood, poucas vezes estúdios conseguiram acertar e trazer algo ao nível do primeiro. Mas, é nítido que com “A Babá: A Rainha da Morte“, do diretor e escritor McG tenta trazer a mesma originalidade e bizarrice, porém, é claro que a caixinha de ideias estava vazia. A sequência é mais um vez uma bizarrice sangrenta, que tenta algumas vezes ser igual a “Scott Pilgrim: Contra o Mundo“, mas que falha rapidamente. Ainda sim, ou era muito cedo para uma sequência, já que claramente eles não tinham ideia do que estavam fazendo, ou nunca deveria ter acontecido. O filme consegue se equilibrar entre esses dois desastres.

Dois anos após os acontecimentos do primeiro filme, as pessoas escolheram não acreditar em Cole (Judah Lewis), e até exclamar-lo como louco. Agora, o jovem tenta se manter invisível dos seus ‘colegas’ de escola, enquanto seus pais podem estar tentando interná-lo. E em uma forma de tentar se livrar disso, Cole foge com sua amiga – que o ajudou no primeiro filme – Melanie (Emily Alyn Lind) para um fim de semana no Canyon. Mas é claro que as coisas acabam saindo do controle, e Cole novamente terá que correr e lutar por sua vida.

Roteiro
THE BABYSITTER: KILLER QUEEN (L to R) ANDREW BACHELOR as JOHN, BELLA THORNE as ALLISON and ROBBIE AMELL as MAX in THE BABYSITTER: KILLER QUEEN. Cr. TYLER GOLDEN/NETFLIX © 2020

Apesar do filme trazer o título da Babá novamente, a Bee (Samara Tecendo) só aparece nos últimos minutos da trama, e em poucos flashbacks para explicar pontas, que aparentemente estavam soltas – desnecessário. O primeiro filme conseguiu misturar um pouco de horror e humor, de uma forma que só McG conseguiu fazer. Mas dessa vez, o filme não funciona nem como comédia, nem como um filme de horror. Por grande parte o roteiro faz escolhas previsíveis, e até mesmo estúpidas. É claro que o diretor tentou trazer algo maior e mais sangrento, mas mesmo sem criatividade, ele acabou escolhendo repetir ações de seu sucesso – as tornando cansativas. Além disso, o filme escolhe preencher mais lacunas com diversas – quando digo diversas são DIVERSAS – referências de filmes ou da cultura pop. A cada 5 minutos uma referência desnecessária é citada. Mas, ao contrario disso, a trilha sonora consegue se encaixar perfeitamente nas cenas, ainda sim usando algumas clássicos da cultura pop.

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Assim como seu primeiro filme, o filme traz sequência de tela tão bizarras quanto o primeiro, mas sem a genialidade antes vista. Claro que o grupo de assassinos mais estranho já visto antes são o grande por que disso. Mesmo aqui sendo descrito como “O Clube dos Cinco Assassinos” – que foi pra lista de mais uma referência desnecessária – o grupo não consegue ser bem utilizado igual em seu primeiro filme. O propósito ainda continua o mesmo, mas agora a trama tenta explicar suas motivações. Mas a falta de Bee no centro deles é sentido, apesar do filme tentar trazer o foco para outra personagem, que traz um atuação tão previsível quanto.

Mais um produção machista
THE BABYSITTER: KILLER QUEEN (Pictured) HANA MAE LEE as SONYA in THE BABYSITTER: KILLER QUEEN. Cr. TYLER GOLDEN/NETFLIX © 2020

Mas é claro que o filme traria mais alguma tipica cena machista, igual a de Cole olhando para busto da Bee no primeiro filme, enquanto a câmera resolve focar neles. Mas dessa vez, o mesmo diretor resolve trazer jovens brigando – não por suas vidas e objetivos – mas praticamente por Cole. Enquanto uma delas disse “A forma como ele olha pra você, é como ele costumava olhar pra mim“, e como glassê pra esse bolo, que tenta trazer a sequência mais barata de “Scott Pilgrim”, a câmera resolve focar no shorts curto da menina – é claro. Atriz que completou esse ano 18 anos, ou seja com certeza era menor de idade quando gravou esse filme.

Entretanto, não parou por ai, quando – antes de toda essa loucura – Cole e seus ‘amigos’ param em uma loja de conveniência e uma mulher com roupas curtas e chamativas lhe vende camisinhas. E não parou por ai. Desde o primeiro filme a personagem líder de torcida (Bella Thorne) era sexualizada, mas utilizada de forma cômica, o que poderia ser levado como uma possível crítica. Porém, a sequência desconstrói isso para a atriz, a transformando em mais uma personagem bonita e burra. Mesmo quando o filme escolhe colocar um estuprador em sua sequência, e fazer a jovem (Jenna Ortega)ser salva pelo protagonista (que lindo! a donzela indefesa), e segundos mais tarde ser queimado vivo pela vilã – um salva de palmas para essa cena, já que nunca é demais ver um estuprador ser queimado vivo-.

Finalização

O que antes – mesmo com suas ressalvas – conseguia se encaixar no horror e comédia, sendo um perfeita sátira. A sequência consegue fracassar em ambos, trazendo um filme por grande parte grotesco e desnecessário. Mesmo com sua trilha sonora impecável, o filme se torna cansativo e nada divertido com suas milhões de referências, forçando o: “por favor goste de mim”. Até quando seu protagonista falha em ser um bom entretenimento para um filme sessão da tarde sangrento, “A Babá: A Rainha da Morte” esquece do nome do título, e deixa Bee de lado. Assim, mesmo com “O Clube dos Cinco Assassino” em sua força total, suas piadas falham em copiar o que já tinha sido feito antes. Enfim, “A Babá: A Rainha da Morte“, pode até ser um passatempo sangrento e muita das vezes grotesco, mas que nem deveria ter saído do papel.

A Babá: Rainha da Morte - 10 de Setembro de 2020 | Filmow

Crítica: A Babá: A Rainha da Morte
Produção Netflix
Elenco: Judah Lewis, Emily Alyn Lind, Jenna Ortega, Bella Thorne, Hanna Mae Lee, Robbie Amell, Samara Tecendo e King Bach.

Nota: 1,5/5

Marta Fresneda
Líder do site de entretenimento O Quarto Nerd. Apaixonada por cultura pop, com objetivo de influenciar e incentivar mulheres na área de comunicação voltado ao mundo nerd.