Crítica | 4ª temporada de The Crown é um conto de fadas ao contrário

A tão esperada quarta temporada da série britânica, original Netflix, The Crown, lançou hoje (15) para a felicidade dos fãs. E nunca foi tão satisfatório ver momentos importantes para a política – e o entretenimento – mundial como nesta que entregaram os personagens da Família Real de uma forma que nunca tínhamos vistos, mas queríamos muito!

Na primeira meia hora de série, somos apresentados a explosão que causou o assassinato de Louis Mountbatten (Charles Dance), tio do Príncipe Philip, Duque de Edimburgo (Tobias Menzies), no dia 27 de agosto de 1979. É uma cena triste, e claramente teve um impacto enorme da realeza, principalmente a Charles, Príncipe de Gales (Josh O’Connor), que tinha uma relação muito forte com o parente. 

E é claro, nesta temporada, a Primeira-Ministra mulher da Inglaterra aparece para deixar o espectador com raiva. Esta seria Margaret Thatcher, interpreta aqui pela incrível Gillian Anderson, que com certeza, é um dos grandes destaques do quarto ano do seriado, trazendo uma atuação esplêndida. 

A Rainha Elizabeth II (Olivia Colman) e Thatcher tinham um relacionamento um pouco quanto conturbado. Era a primeira vez que o país via duas mulheres o governando, e a rivalidade feminina aqui é o ponto alto! As ideias de ambas não se agradam e elas estão constantemente se confrontando. Mas a Ministra não tenta ajudar essa relação ser pelo menos estável. Se sente até superior à própria Rainha e toma decisões que tem uma grande chance de prejudicar a gestão da Inglaterra. 

Lady Di e a questão da bulimia

Divulgação: Netflix | Crítica: 4ª temporada de The Crown é um conto de fadas ao contrário

Mas é claro, o que todos esperávamos era ver a mais icônica personagem que a realeza proporcionou: Diana Spencer, a Lady Di, interpretada por Emma Corrin, que incrivelmente, consegue até mesmo nos assustar com a semelhança entre a Princesa de Gales. Mas quando falamos de como as duas se parecem, precisamos lembrar de exaltar a pessoa que cuida do figurino, que acaba sendo um dos motivos das duas tanto se aparentar. O nome dela é Amy Roberts, e este é o segundo ano que trabalha como figurinista de The Crown

Na última temporada, Roberts teve que adaptar as roupas dos personagens principais de uma forma mais madura, já que nesta fase, se passaram 10 anos do momento que vimos a segunda temporada. 

O momento mais esperado deste novo ano da série é o vestido de noiva de Diana. O original que a princesa usou em seu casamento, no dia 29 de julho de 198, foi feito por Elizabeth e David Emanuel. E o da figurinista, ganhadora do Emmy Awards, não é uma réplica deste, porém, consegue ser exatamente igual. Rolaram alguns rumores que o estilista David emprestou o molde original e os croquis para o departamento de design de arte da série, mas foi desmentido. 

Mas voltando em falar sobre a série em si, – e não apenas sobre o figurino – o noivado de Charles e Diana foi muito repentino, pois o Príncipe tinha um antigo caso com Camilla Parker Bowles (Emerald Fennell), que não era bem vista por sua família. Este era uma relação tanto quanto conturbada, já que ela era casada. 

Diana ainda era muito nova quando ficou noiva, tinha acabado de atingir a maioridade, já Charles, estava beirando seus 30 anos. Talvez por uma certa ingenuidade, ela aceitou o pedido e sofreu muito, mesmo antes do matrimônio. 

Lady Di sofria com bulimia, e a série mostra isso de uma forma muito sensível e dolorosa, com avisos sobre o tipo de conteúdo que seremos direcionados antes de começar o episódio. Ela não tem o apoio de seu noivo, que aliás, fica semanas sem a ver, e nem mesmo liga ou manda cartas. 

“Eu chegava em casa e era muito difícil saber como conformar a mim mesma depois de passar o dia confortando outras pessoas, então eu pulava para a geladeira. Estava pedindo socorro, mas dando os sinais errados. As pessoas decidiram que o problema era esse: a Diana é instável”. Esta foi uma fala da própria Princesa à BBC, em uma entrevista realizada em 1995. Ela se apresentava como forte, mas no fundo, estava quebrada, e a série consegue transmitir exatamente esse sentimento.

The Crown e a arte de contar histórias

Os figurinos, locações incríveis, sotaque britânico e atores extremamente talentosos faz a série virar um grande espetáculo. Peter Morgan, o roteirista da série, soube muito bem a forma correta de contar sobre os escândalos da família mais famosa do mundo (desculpa aí, Kardashians).

Assistir The Crown é um praticamente a mesma coisa de ir para um evento de luxo. Mas o sentimento aqui, é equivalente a abrir aqueles grandes livros de contos de fada, só que neste, o “felizes para sempre” tem data de validade.

Confira abaixo o trailer da 4ª temporada:

The Crown tem previsão de término para a sexta temporada, terminando contar a história da realeza britânica até por volta dos anos 2000. A quinta temporada deve só chegar em 2022 no streaming da Netflix, pois suas gravações foram afetadas por conta da pandemia.

Muitos fãs gostariam que a série durasse tempo o suficiente para abordar os temas atuais presentes na realeza, como Harry e Meghan, que abandonaram recentemente o título.

Crítica The Crown – 4ª temporada

Direção: Stephen Daldry

Elenco: Olivia Colman, Helena Bonham Carter, Josh O’Connor, Emma Corrin, Gillian Anderson e Erin Doherty.

Nota: 5/5

★★★★★

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Camila Ferreira