Com 14 Emmys na lista, The Handmaid’s Tale têm mexido com o emocional e deixado um gosto amargo na boca desde seu lançamento, em 2017. Agora, em seu quarto ano, a série continua se provando relevante, explorando pontos na história de June (Elizabeth Moss) e fazendo representações realistas das imperfeições de nós, seres humanos.
E a 4ª temporada relembrou de um dos pontos mais cruciais da série: ela não é feliz. A trajetória de June em Gilead é marcada por traumas e lutas, e a personagem não saiu ilesa de suas experiências. Por isso, pisar no Canadá com certeza não lhe trouxe nenhuma forma de desfecho.
É dessa e de diversas outras maneiras que Bruce Miller, o criador da série, busca retratar seus personagens. Em The Handmaid’s Tale não existem heróis e nem vilões, apenas existem pessoas, que tentam fazer o que concebem como certo, mesmo que seja nas mais distorcidas e repugnantes maneiras. O vilão, único e exclusivamente, é Gilead, que corrompe e transforma quem está nesse país.
June é o produto de Gilead
Com June não foi diferente. Especialmente na 4ª temporada, onde a personagem finalmente está em um ambiente seguro, fora de Gilead, que vemos o contraste de suas ações com o seu arredor. June não se encontra mais em perigo, mas o retrato verídico de uma pessoa com transtorno de estresse pós-traumático faz com que ela viva diariamente os traumas que já sofreu. Isso, inclusive, é algo que a série retrata muito bem, mostrando como que coisas “simples” podem se tornar um gatilho.
Mas Gilead não deixou apenas os traumas para June. “Talvez o que ele [Fred Waterford] tenha a dar para eles [governo] é mais valioso do que o que tirou de mim“, diz a personagem. Mesmo livre, June ainda não tem desfechos. No entanto, quando tenta encontrá-los e percebe que, para o governo americano, as informações é que são valiosas, não necessariamente a justiça, desperta o pior em June, que encontra maneiras tão distorcidas e viscerais, que se torna aquilo que jurou combater. A personagem se transformou em um produto de Gilead, de uma sociedade repulsiva que não hesita em utilizar da violência como primeira opção.
Em sua visão, ela não tem mais salvação. Assim, quando o principal desfecho, talvez o mais aguardado em toda a série, que é o confronto de June Osborne e os Waterfords, aconteceu e proporcionou uma catarse para a audiência, foi as custas do sangue nas mãos de June, tanto literal quanto metaforicamente.
Os pais
E se por um lado era retratado as experiências e escolhas de June, do outro se encontravam as figuras masculinas dessa série, principalmente as paternais. Em uma série completamente maternal, onde a própria Gilead existe em função de prover mais crianças, não é novidade nenhuma a exploração que The Handmaid’s Tale faz sobre as raízes da maternidade.
A agradável surpresa nessa 4ª temporada, no entanto, é o aprofundamento nas figuras paternas e na paternidade em si. Para Luke (O.T. Fagbenle), a paternidade está envolta de amor, mas também é impotência e culpa. Já Fred (Joseph Fiennes) se preocupa com imagem, reputação e ego. Nick (Max Minghella), por sua vez, fantasia a paternidade, tamanho romântico que é.
Por isso, cada um encara a paternidade de sua própria maneira, que é com certeza um contraste para a maternidade de June, que se sente indigna de suas filhas pelas suas experiências e traumas, sempre se questionando sobre ser uma boa mãe, idealizando uma suposta “mãe perfeita”.
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Uma nova história
O destaque aqui, no entanto, fica para a proficiência na qual a 4ª temporada foi executada, dando ênfase nos episódios dirigidos pela própria Elizabeth Moss, que trazem o toque do conhecimento que a atriz tem de sua personagem. O resultado é uma temporada completamente imersiva, que incomoda quando tem que incomodar, reflete sobre as imperfeições humanas e questiona o senso de justiça.
Assim, The Handmaid’s Tale conseguiu concluir mais uma temporada com a qualidade e relevância das demais, finalizando uma história e já com a próxima engatilhada.
A 4ª temporada de The Handmaid’s Tale já está disponível na Paramount+. Aliás, assista ao trailer aqui.
Crítica
Título: The Handmaid’s Tale
Criado por: Bruce Miller
Elenco: Elisabeth Moss, Joseph Fiennes, Yvonne Strahovski, Alexis Bledel, Madeline Brewer, Ann Dowd, O. T. Fagbenle, Max Minghella, Samira Wiley, Amanda Brugel, Bradley Whitford
Nota: 4/5
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