Crítica: 1ª temporada de Space Force | A nova comédia de Steve Carell luta para encontrar o seu caminho

Space Force Segunda Temporada

Steve Carell, estrela de The Office que se tornou um dos principais atores de Hollywood, voltou à televisão no ano passado com o The Morning Show, grande aposta da Apple TV+. A série que contava com outra grande estrela no elenco, Jennifer Aniston, e com orçamento altíssimo para cada episódio, não empolgou e caiu em esquecimento. E agora a segunda tentativa de Carell de uma série pós- The Office, que foi para a rival da Apple nos serviços de streaming, Netflix, deixa uma impressão semelhante. Space Force, que estreou no serviço de streaming ontem, 29, combina Carell com um elenco inspirado, com John Malkovich, Ben Schwartz, Jimmy O. Yang e Lisa Kudrow. A série também apresenta um design de produção impressionante, efeitos especiais de alto nível e uma aparência cinematográfica deslumbrante, mas Space Force não tem força suficiente para sair da troposfera, muito menos da nossa atmosfera para se tornar um ponto fora da curva e acertar.

É fácil ver por que a Netflix apostou nessa ideia. The Office é uma espécie de nêmeses para a plataforma, nos EUA estão perdendo os direitos de transmissão e aqui no Brasil a série pertence a Amazon Prime Video. A Netflix provavelmente esperava que Space Force, criado por Carell em parceria com o criador de The Office, Greg Daniels, preenchesse esse vazio. Eles anunciaram o projeto quase instantaneamente depois que o presidente dos EUA, Donald Trump, revelou suas intenções de iniciar uma força tarefa espacial, a “Força Espacial” das Forças Armadas dos Estados Unidos, vendo imediatamente o potencial satírico e de contar histórias, mas quem procura comentários nítidos ou histórias interestelares animadas deve procurar outro lugar.

Space Force
Imagem: Netflix

Carell lidera a Força Espacial como Mark Naird, um general de quatro estrelas, dada a tarefa invejável de transformar a Força Espacial em realidade. Começar um novo ramo militar desde o início poderia ter sido um emocionante ponto de partida, mas, assim que o general Naird recebe sua missão nos minutos iniciais do episódio piloto, um salto no tempo mostra a Força Espacial totalmente operacional no dia de seu primeiro grande lançamento de foguete. Naird está ansioso para impressionar seus superiores e zombar dos colegas da Força Aérea, o que o leva a ignorar os sábios conselhos de seu ex-cientista chefe Adrian Mallory (Malkovich). A dinâmica, a determinação de Naird versus a praticidade científica de Mallory, conduz o show, e os dois atores dão performances comprometidas, só que a dupla não provoca muitas risadas.

O programa tem uma grande premissa, um elenco bom e um universo bem realizado, mas não é muito engraçado. Parte do problema é o tom da série, que nunca se compromete a ser uma farsa ou sátira, permanece muito enraizado e frequentemente se entrega a momentos sérios celebrando o excepcionalíssimo americano, o que cria uma sensação de chacota. Há um momento no piloto em que o falecido Fred Willard, que interpreta o pai senil de Carell, solta uma risada em voz alta, detalhando seu prazer de rastejar sob sua própria casa e Carell reage com horror exagerado. Esse tipo de tom irreverente estilo 30 rock seria perfeito para um show que parecia tão bobo quanto Space Force, mas as coisas são jogadas muito simples na tela por aqui.

Space Force
Imagem: Netflix

A série também se perde quando se trata de sua inspiração. Trump nunca é mencionado pelo nome, e quaisquer piadas às suas custas são amenizadas. Estranhamente, a série direciona mais veneno para Alexandria Ocasio-Cortez (congressista na Câmara dos Representantes dos EUA por Nova Iorque). Mais decepcionante é o desperdício dos personagens coadjuvantes, que não têm muito o que fazer até o meio da temporada e ainda não causam muita impressão, exceto por uma risada muito desnecessária aqui e ali. Em um ponto, um personagem diz para outro “Prazer em falar com você pela segunda vez na minha vida” e isso realmente resume muitas das interações entre os personagens que não envolvem Naird. Muito tempo de tela é dedicado à filha de Naird, Erin (Diana Silvers) tentando obter mais atenção de seu pai, mas ambos os personagens são honestamente um pouco improváveis, então o elemento emocional nunca chega a convencer.

Às vezes, parece que Carell percebe que as coisas ao seu redor não funcionam muito bem, e ele tenta carregar a bagunça, e tenta fazer isso com grandeza. Sem Carell trazendo boas lembranças de Michael Scott e trabalhando duro para vender isso, a série seria realmente um desastre absoluto. Com ele, é apenas uma falha brilhante e de ótima aparência, embora eu não diria que está além da recuperação. Há alguns momentos, como o material de Fred Willard mencionado anteriormente e uma cena envolvendo um astronauta primatas de CGI, que sugerem uma versão mais idiota de Space Force que pode decolar, mas, como está, isso é apenas mais uma decepção.

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Título: Space Force
Elenco: Steve Carell, John Malkovich, Ben Schwartz, Jimmy O. Yang, Lisa Kudrow

Nota: 2/5

Gabriel Martins
Carioca, amante de cultura POP e esportes. Quando não estou assistindo jogos do Flamengo, geralmente estou escrevendo sobre cinema e televisão.