Crítica | Cavaleiro da Lua sai da zona de conforto e se torna um sopro de ar fresco para o MCU

Hoje, 4, o sexto episódio de Cavaleiro da Lua estreou, fechando a 1º temporada da série. Além de ser a primeira série da Marvel Studios em 2022, Cavaleiro da Lua traz um novo herói em uma nova ambientação e com um gênero completamente novo para o estúdio. Foi assim que a série se mostrou um sopro de ar fresco para o loop vicioso que a Marvel havia criado em termos de narrativa e divulgação.

A série narra a jornada de Steven Grant (Oscar Isaac), um doce e frágil funcionário do British Museum que descobre ter um transtorno dissociativo de personalidade e que uma de suas personas (Marc Spector), é um ex-mercenário que aceitou ser o avatar de Khonshu, Deus da Lua. A partir daí, a minissérie acompanha o personagem e sua ex-esposa Layla (May Calamawy) tentando salvar o mundo de Arthur Harrow (Ethan Hawke), devoto da deusa Ammit, que busca libertá-la de sua prisão e deixar no mundo apenas aqueles de coração puro – e consequentemente matando todos que não são.

Uma mitologia enraizada

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Depois do QN assistir os 2 primeiros episódios a convite da Disney e comparando as expectativas de antes com o sentimento deixado após o episódio final, é possível dizer que o tom de suspense e terror psicológico introduzido e fortemente carregado nos episódios iniciais se dissipa no restante da temporada. O que era o grande destaque da minissérie, a partir do 3º episódio, torna-se apenas uma memória distante.

Mas apesar da inconstância do gênero proposto que foi tão amplamente divulgado nas semanas precedentes a estreia da série, o roteiro consegue apresentar uma narrativa cheia de elementos e mitologias novas – precisando situar a audiência em toda a cultura e história egípcia – que permeia e necessita de cada um dos 6 episódios, não apressando para conclusões precipitadas ou caindo no cesto já consideravelmente grande de “filmes de 6 horas” que a Marvel anda fazendo com suas séries.

Assim, tanto a evolução de Steven/Marc quanto a de Layla fazem sentido com a trajetória dos personagens e para onde a série precisa levá-los. Isso rende até a um momento Mr. Robot (2015-2019) de plot twist para o protagonista.

Descentralização dos EUA

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Desde que foi anunciado, Cavaleiro da Lua é uma minissérie de “primeiros”. Seja o primeiro herói apresentado em sua própria série ou o primeiro com transtorno psicológico, a minissérie também foi a primeira a decentralizar os EUA. O quase monopólio da Marvel nas produções de super-heróis mainstream faz com que ela, que é norte americana, centralize todas as histórias em seu próprio país. Aliás, é daí que vêm a piada dos Vingadores sempre destruírem Nova Iorque, afinal, para a Marvel só existe lá mesmo, né?

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Bem, para Mohamed Diab não. O diretor da série fez questão de retratar Cairo tanto em sua modernidade quanto em sua mitologia. A dualidade de uma cidade metropolitana que tem como horizonte as pirâmides pelas quais seu país é mais conhecido traz a renovada que o estúdio precisava, dando representatividade geográfica para um universo cinematográfico de proporção mundial.

Elenco bem escolhido é a chave do sucesso de Cavaleiro da Lua

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Diferentemente da abordagem que a Marvel escolheu fazer com a mitologia nórdica no MCU, a egípcia possui raízes muito mais próximas do que conhecemos atualmente. A representação dos deuses é muito mais séria e grandiosa, tanto em tamanho quanto em presença. O CGI, que é muito bem utilizado, vira protagonista nesses momentos e cria uma ambientação mágica nas cenas envolvendo os deuses e seus poderes.

Mas é impossível falar de protagonismo sem mencionar o elenco de Cavaleiro da Lua, em especial o carismático Oscar Isaac. Sem deixar a audiência escolher entre uma versão favorita de seu personagem, Isaac nos faz apaixonar por ambas. Isso acontece mesmo quando consegue atuar apenas com sua voz, já que o traje do Cavaleiro da Lua não permite muitas expressões. E acompanhado de May, a dupla vende sua aventura a la Indiana Jones para a audiência, que não poderia estar mais imersa na resolução da história.

Por mais que Cavaleiro da Lua seja um fruto de um trabalho construído fora da zona de conforto da Marvel, essa zona não poderia ser mais do que confortável para Mohamed. O diretor que entregou uma minissérie divertida e intrigante, mesmo que sem o suspense prometido. Quem sabe não fica para uma 2º temporada?

Cavaleiro da Lua já está disponível no Disney+. Confira o trailer aqui.

Crítica

Título: Cavaleiro da Lua
Criador: Jeremy Slater
Elenco: Oscar Isaac, May Calamawy, Ethan Hawke 
Nota: 4/5

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Gabrielle Yumi
Jornalista e sócia do Quarto Nerd, sou apaixonada por cultura pop e whovian all the way. Busco ativamente influenciar e ampliar a voz de mulheres no meio geek/nerd. Cabelo colorido e muito pop é quem eu sou dentro do meu quarto nerd.