Cazuza | Um saudoso poeta atemporal

O seu legado é mais atual do que nunca.

Cazuza é um grande artista com alma de menino. Dono de um sorriso fácil, ele marcou a geração dos anos 80 com as suas músicas íntimas e, ao mesmo tempo, carregadas de críticas ao sistema.

O cantor morreu precocemente em 1990, com apenas 32 anos, enquanto lutava contra o HIV. Mas as suas canções com letras atemporais continuam mais vivas do que nunca na memória de cada fã que ele conquistou e conquista até hoje.

Como ele mesmo disse, “o tempo não para…”, e lá se passaram 30 anos de sua morte. Se estivesse vivo, o músico completaria 63 anos hoje e, apesar de carregar até hoje uma legião de admiradores de várias gerações pelo seu trabalho, existem alguns fatos que muitos não sabem.

O nome verdadeiro de Cazuza era Agenor de Miranda Araújo Neto. No Nordeste, a palavra “Cazuza” significa “Moleque” e era assim que o seu pai o chamava. Tanto que o apelido Cazuza veio desde antes de nascer e, dessa forma, ele não respondia à chamada da escola quando o chamavam de Agenor.

Cazuza teve dificuldades para descobrir a real vocação. Apenas quando se formou no grupo de teatro Asdrúbal Trouxe o Trombone que percebeu que sua vida era cantar e o mundo pôde receber e apreciar toda a sua obra genial.

Cazuza compôs um dos grandes hits, Codinome Beija-Flor, enquanto estava deitado em uma maca no hospital e confundiu uma andorinha com um beija-flor. Ele chegou a pensar em mudar o nome da música para Codinome-Andorinha, mas essa ideia nunca foi para frente.

Léo Jaime indicou o cantor para ser vocalista do Barão Vermelho e a aprovação veio no primeiro ensaio. Até então, a formação do grupo era composta por Frejat na guitarra, no baixo, Maurício Barros no teclado e Guto Goffi na bateria.

O primeiro show do Barão Vermelho foi em um festival num condomínio na Barra da Tijuca com o Cazuza bêbado. Inclusive o músico bebia bastante. Ele tinha o costume de levar uma garrafa de uísque para qualquer lugar que fosse. Isso resultava em apresentações muito intensas sob o efeito de álcool.

Cazuza lançou Exagerado, primeiro disco solo, em novembro de 1985. Nesse mesmo ano, Cazuza passou a ter febre quase todos os dias, indícios do vírus HIV que acabou se agravando mais tarde.

Quando entrou no estúdio para gravar o disco duplo Burguesia, Cazuza ainda andava. Por conta da doença, ele foi ficando fraco e teve que usar cadeira de rodas. Gravava sentado ou deitado, muitas vezes com febre alta. O tecladista João Rebouças foi o único músico que aguentou esse momento complicado até o final, no estúdio junto com Caju, como era carinhosamente chamado pelos mais próximos.

Em apenas 9 anos de carreira, Cazuza deixou 126 canções gravadas, 78 inéditas e 34 para outros intérpretes.

Ninguém tem dúvidas de que o Cazuza foi um artista incrível que deixou seu legado em forma de arte atemporal. Suas músicas marcaram uma época, marcam a geração atual e continuarão marcando no futuro.

Canções que criticam duramente a política brasileira estão mais atuais do que nunca com toda a crise que o país vive. Cazuza continua atual ao falar do desprezo pela direita.

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Ludimila Villalba