Britney Spears: dos anos 2000 até o livro “A Mulher em Mim”

Em comemoração ao aniversário de Britney Spears, reunimos uma série de fatos marcantes para exaltar os ápices da vida e carreira da nossa Princesa do Pop.

A cantora americana, que recentemente completou sua 42ª volta ao redor do sol, iniciou sua carreira artística no início dos anos 90, mas foi apenas no final da década que ela despontou como um dos nomes mais proeminentes do pop internacional, tendo se sustentado no topo das paradas mundiais até depois de 2010. 

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Este artigo fará um mergulho detalhado na vida pública da estrela, ressaltando os ônus e os bônus de sua fama e procurando explicar todos os detalhes que a levaram ao grande sucesso. 

O sucesso mundial de Britney

Britney em icônica performance segurando uma cobra viva, em uma apresentação nos VMAs.

(Imagem: VMAs / Reprodução)

Britney Jean Spears nasceu em 2 de dezembro em McComb, Mississippi, embora tenha crescido no estado do Louisiana. Ela começou sua carreira participando de programas de talentos, e eventualmente foi escolhida para o The Mickey Mouse Club da Disney no início dos anos 1990.

No entanto, o verdadeiro salto para a fama se deu em 1998, com o lançamento de seu primeiro single “…Baby One More Time”, que foi sucesso instantâneo. O álbum homônimo, datado de 1999, tornou-se um dos mais vendidos de todos os tempos por uma artista feminina estreante.

Depois daí, foi só bomba (no sentido positivo da palavra!). As sequências Oops!… I Did It Again (2000), Britney (2001), In The Zone (2003) e Blackout (2007) consolidaram sua posição como uma das principais vozes do mundo, reconhecida especialmente pelas letras pinceladas em sensualidade, pela imagem provocante e pelo estilo de show altamente coreografado. Sendo assim, seus videoclipes e performances ao vivo com frequência passaram a definir as tendências da cultura pop daquela época.

Ícone fashionista dos anos 2000

E falando em tendência, é importante frisar como Britney teve impacto no mundo fashion pela década que ela despontou como a Princesa do Pop.

Quem nunca viu o emblemático look all-jeans que ela dividiu com seu namorado da época — Justin Timberlake —, em uma aparição pública em 2001, que atire a primeira pedra. Se não esse, talvez se recorde dos conjuntinhos inteiros de veludo, adotados pela estrela em seu dia a dia, e todos os visuais capa de revista cheios de brilho, e contando ainda com um ousado piercing no umbigo, que ela cedeu aos paparazzi ao lado de sua amiga Paris Hilton.

E a memória afetiva não fica só em quem é 90’s kid, não! Hoje, até mesmo os adolescentes sabem reconhecer os figurinos icônicos que Spears eternizou em videoclipes, em suas mais diversas eras:

“...Baby One More Time” (1998):

O visual colegial com uniforme de marinheiro ajudou a definir sua imagem e tornou-se instantaneamente reconhecível.

Oops!… I Did It Again” (2000):

O traje vermelho brilhante e ajustado no estilo espacial, que incorpora luvas e um headset, é um dos visuais mais emblemáticos da carreira de Britney.

I’m a Slave 4 U” (2001):

No videoclipe desta música, a diva adotou um visual mais sensual, usando um top rosa brilhante e jeans de cintura baixa, destacando sua transição para um estilo mais maduro.

Toxic” (2004):

Britney se vestiu de aeromoça sexy, incluindo um segundo conjunto de biquíni de látex vermelho, reforçando seu status de ícone pop.

Circus” (2008):

Inspirado no tema circense, a estrela usou roupas extravagantes e trajes de espetáculo, realçando sua habilidade de se reinventar visualmente.

Till the World Ends” (2011):

Num estilo pós-apocalíptico, Britney incorporou um visual mais casual e urbano, usando roupas grunge e despojadas.

As maiores polêmicas envolvendo Britney

O término conturbado com Justin Timberlake

Britney e Justin Timberlake em seu visual all-jeans.

O relacionamento entre Justin Timberlake e Britney Spears é considerado um marco no mundo pop do início do século, tendo durado quatro anos. O término ocorreu em 2002, coincidindo com o lançamento da música “Cry Me a River” por Timberlake, uma canção notória por ser dedicada à ex-namorada e insinuar uma traição por parte dela. O clipe da música inclui até mesmo uma breve aparição de uma foto do casal.

Em fevereiro de 2021, quase vinte anos depois, e após se sugerir, em um documentário, que Justin possa ter se beneficiado do término para pintar Spears como vilã, ele utilizou seu perfil no Instagram para fazer um pedido público de desculpas a Britney, bem como à cantora Janet Jackson. No texto, o cantor reconheceu ter cometido “erros” que contribuíram para “um sistema que tolera a misoginia e o racismo”.

Em 2023, por meio de uma confissão na autobiografia de Britney, o mundo descobriu que a cantora havia, ainda, ficado grávida do cantor no final do relacionamento. Porém, devido a pressões do parceiro, se viu obrigada a abortar, já que o cantor alegava que os dois eram muito jovens.

Com a revelação, e rechaçado pelos apoiadores da diva, Timberlake desativou os comentários de seu Instagram. Os internautas especulam que o clipe de “Everytime” (2003), seja uma mensagem sobre um dos momentos mais trágicos, e até então desconhecidos, da vida da cantora.

O beijo na Rainha do Pop durante os VMAs

Britney Spears e Madonna se beijando nos VMAs 2003.

Assim como Britney é reconhecida como a Princesa do Pop, Madonna é indiscutivelmente aclamada como a Rainha do gênero. Uma das imagens mais célebres da história da música foi capturada quando as duas artistas se beijaram durante a performance de abertura do MTV Video Music Awards em 2003 — com língua e tudo! Além de Britney, Madonna também surpreendeu ao beijar Christina Aguilera, que se juntou a elas na apresentação.

Naquele período, o término do relacionamento entre Britney e Justin Timberlake ainda estava em destaque nos tabloides. Na mesma noite, “Cry Me a River”, single do cantor, levou dois prêmios nos VMAs. É claro que, após o beijo, as câmeras direcionaram seu foco para ele, que assistia à cena incrédulo na plateia.

A careca e o ataque ao paparazzi

Capas de revistas com Britney careca.

(Imagem: Daily News e New York Post / Reprodução)

Fevereiro de 2007 foi um dos momentos mais nebulosos da vida de Britney. Foi precisamente no dia 17 que ela, deliberadamente, entrou num salão de beleza e raspou a própria cabeça — um episódio marcante do maior colapso mental demonstrado publicamente pela cantora.

Alguns dias depois, Spears parou em um posto de gasolina para abastecer o carro. Enquanto estava sendo fotografada por um grupo de paparazzi, ela ficou irritada e atacou os profissionais com um guarda-chuva. Essas imagens novamente ganharam destaque nas capas de revistas ao redor do mundo.

Nas semanas subsequentes, Britney passou por diversas internações em clínicas de reabilitação e desintoxicação, enfrentando desafios relacionados ao uso indiscriminado de antidepressivos. Em outubro do mesmo ano, perdeu a guarda dos filhos e, se recusando a entregá-los ao pai no final de uma visita, foi interditada em um hospital psiquiátrico.

As estrelas mais brilhantes…

Print de vídeo de Britney em post recente no Instagram, na época que ainda vivia sob tutela.

(Imagem: Instagram / Reprodução)

São as que queimam mais rápido.

Ao longo dos anos, Britney enfrentou diversas turbulências pessoais, um intenso escrutínio da mídia e algumas lutas públicas. 

“Nunca fui tão selvagem quanto a imprensa fez parecer”, relembrou ela sobre meados dos anos 2000. Britney revelou, em seu recente livro, que nunca foi chegada às drogas alucinógenas ou sintéticas, mas que viveu longos anos sob o uso de medicamentos para TDAH e, depois, em combate à depressão.

Em 2008, no entremeio de sua era Circus, e por causa de um surto que envolveu a recusa em devolver seus filhos ao ex-marido Kevin Federline, ela foi colocada sob uma tutela que controlava muitos aspectos de sua vida pessoal e financeira. Sendo assim, seu pai, Jamie Spears, ditava o que ela vestia, o que ela comia, os antidepressivos que deveria tomar, as músicas que escrevia e até mesmo os remixes que poderia fazer. 

No entanto, ela continuou a realizar turnês e a produzir música . Em 2011, ela lançou Femme Fatale, que contava com singles como “Criminal“, “Till The World Ends“, “Hold It Against Me” e a colaboração com will.i.am, “Big Fat Bass“. Porém, nos discos de sequência — Britney Jean (2013) e Glory (2020) — a empolgação do público já não era mais a mesma, e foi assim que uma das maiores vozes do pop feminino se mostrou, evidentemente, decadente.

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Em julho de 2021, Britney Spears expressou sua decisão de se afastar dos palcos enquanto seu pai mantivesse controle sobre sua vestimenta, falas, ações e pensamentos. Em um comunicado, ela declarou: “Eu não vou mais usar maquiagem pesada e tentar subir no palco sem a capacidade de negociar remixes das minhas músicas por anos, ou implorar para incluir minhas novas músicas nos meus shows para os meus fãs”.

Entenda o movimento #FreeBritney e a luta silenciosa da diva

Montagem de fãs sobre o movimento #FreeBritney, utilizado de capa de documentário no YouTube.

(Imagem: #FreeBritney: The Movement (DOCUMENTARY) / Reprodução)

Não é novidade pra ninguém que uma das maiores referências sonoras e visuais do início do anos 2000 não deixou sua memória esmaecer mesmo com a carreira musical colocada na geladeira. Embora, há anos, Britney não lance nenhum single icônico, ela fez questão de estar presente, da forma que sua condição jurídica permitiu, na memória afetiva (e um tanto quanto preocupada) dos fãs!

Algumas semanas antes de seu aniversário de 42 anos, Britney ressurgiu ao topo dos charts com a publicação do livro “The Woman In Me” (traduzido para o Brasil como “A Mulher Em Mim”). Antes disso, ainda, foi no final de 2021 que a estrela conseguiu se libertar da tutela judicial sofrida pelo pai há mais de 13 anos, graças ao movimento orgânico dos internautas pedindo pela sua liberdade.

O #FreeBritney passou a ser impulsionado pelos fãs em 2009, por acreditarem — com razão — que a diva sofria de condições abusivas. O movimento ganhou mais força a partir de 2020, ao que percebeu-se que seu Instagram estava recheado de vídeos bizarros fazendo as mesmas poses, utilizando as mesmas roupas, falando coisas sem sentido e residindo os mesmos cenários, o que levava muitos a se perguntarem se ela não estaria vivendo, entre outras coisas, uma espécie de cárcere privado.

Com o movimento ganhando cada vez mais força, em 2021, o The New York Times produziu dois documentários reveladores sobre a vida da estrela sob o controle de seu pai, Controlling Britney Spears, e sua sequência, Framing Britney Spears. Este último recebeu uma indicação no Emmy Awards, e revela um pano de fundo extremamente misógino vivido pela popstar durante seu período de ascensão da fama — algo que só é perceptível atualmente devido às lentes de empoderamento desta década. Ambos estão disponíveis para assinantes GloboPlay.

No mesmo ano, lançou-se o documentário Britney vs Spears, disponível na Netflix, que oferece uma visão única ao revelar documentos sigilosos e até então inéditos sobre as prescrições médicas e os medicamentos psiquiátricos que eram impostos à popstar por seus tutores legais. 

Finalmente, e apenas em novembro de 2021, Britney se viu livre das amarras jurídicas cedidas à “guarda” detida pelo pai. Um dia antes da audiência que resultou na vitória da artista, a CNN americana apresentou uma reportagem especial intitulada Toxic: Britney Spears Battle for Freedom. O documentário entrevistou especialistas do universo de Hollywood, advogados e pessoas próximas à estrela do pop, além de abordar questões relacionadas ao tratamento das mulheres na mídia e à saúde mental.

Quase dois anos depois da vitória, Britney Spears, que aproveitou a liberdade para se casar com seu namorado de longa data, o modelo Sam Asghari, lançou o livro de memórias, “A Mulher Em Mim” (2023), na qual relata em detalhes o período assustador de mais de uma década que passou aprisionada no próprio corpo.

“Eu me tornei uma criança-robô. Eu havia sido infantilizada a ponto de perder partes do que me fazia sentir como eu mesma. A tutela me despojou da minha feminilidade, me transformou em uma criança. Eu me tornei mais uma entidade do que uma pessoa no palco. Sempre senti a música em meus ossos e em meu sangue; eles roubaram isso de mim”, escreve Britney no livro.

Sobre a tutela, a estrela conta ainda: “Isso é o que é difícil de explicar: como eu poderia rapidamente oscilar entre ser uma garotinha, uma adolescente e uma mulher, devido à maneira como eles haviam me privado da minha liberdade. Não havia como agir como um adulto, já que eles não me tratavam como um adulto, então eu regrediria e agiria como uma garotinha; mas então meu eu adulto voltaria – apenas meu mundo não permitia que eu fosse um adulto”.

“As memórias de Britney são insuportavelmente tristes”

Paris Hilton e Britney Spears sorrindo em foto selfie.

Alguns dias após o lançamento de “A Mulher em Mim”, Stephanie McNeal, redatora da revista Glamour US, publicou uma resenha que pode ser lida aqui em português.

Por muito tempo, o público foi alimentado com uma história de Spears. Quando ela entrou em cena pela primeira vez, fomos informados de que ela era uma adolescente virginal e divertida. Sua família era amorosa (alguém mais ficou obcecado com suas memórias de 2000, escritas com sua mãe sobre seu relacionamento perfeito, ou apenas eu?), e sua alegria e entusiasmo pela vida eram contagiantes. Para as jovens millennials, ela era o modelo ligeiramente rebelde que nos fazia sentir ousadas o suficiente para mostrar um pouco de pele, sabendo muito bem que éramos boas meninas de coração.

Essa imagem, ao que parece, era mentira, e me deixou mais triste do que eu esperava.

— Stephanie McNeal, Glamour US, 2023.

Embora o livro contenha pequenos feixes de felicidade, como, por exemplo, a citação de a modelo e socialite Paris Hilton ter sido uma das melhores amigas que Britney poderia pedir, é importante nos atermos aos fatos: as memórias da popstar são menos uma trilha de sucesso típica da autobiografia de outras celebridades, e mais uma confissão de alguém que foi uma vítima muito além da indústria do entretenimento.

Onde está a Princesa do Pop agora?

Britney Spears em coletiva de imprensa após ser libertada da tutela do pai, em 2021.

(Imagem: El País / Reprodução)

Desde que se viu livre da guarda judicial que viveu por mais de uma década, Britney casou-se com Sam Asghari, que namorava desde 2016. No entanto, em meados de 2023, eles se divorciaram devido a uma suposta relação extraconjugal da cantora, que não se pronunciou sobre.

Brigada com a mãe e a irmã, os tablóides informam que as pessoas mais próximas da diva são seu advogado, Mathew Rosengart, e Cade Hudson, seu agente. A dupla auxilia a estrela a tarefas do dia a dia, como compras do supermercado, e em eventuais compromissos profissionais. 

Em maio, ela tentou movimentos de reaproximação com a matriarca, Lynne Spears, e recentemente prestou uma homenagem a ela, dizendo que “o tempo cura todas as feridas”. Além disso, em agosto voltou a entrar em contato com os filhos – Sean Preston, de 17 anos, e Jayden, 16. A notícia que se tinha até então é que, em 2022, os meninos haviam se recusado a comparecer ao seu casamento, e em seguida haviam cortado 100% as relações com a artista.

Com a vida pessoal estilhaçada, Britney conta em seu livro, lançado em outubro deste ano, que tenta viver um dia de cada vez, fazendo o possível para ser grata pelas pequenas coisas.

Ainda que sua carreira musical esteja em um hiato sem previsão de retorno, Britney Spears é considerada uma das artistas pop mais influentes da sua geração. Ela recebeu inúmeros prêmios ao longo de sua carreira, incluindo um Grammy, e foi reconhecida como uma das “50 maiores mulheres na era do rock” pela revista Rolling Stone.

Seja onde estiver, desejamos sempre muita resiliência ao ícone!

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Iana Maciel
Bacharelanda de Comunicação Social pela ECA/USP. Filha de Zeus, tributo do Distrito 1 e artilheira de Quadribol da Grifinória. Escondo um passado de jogadora de RPG por trás da cara de brava e da prática de esportes, mas quem me conhece sabe que eu adoro marcar de jogar um LoLzinho nas horas vagas.