Nos últimos dias, a internet quebrou completamente de fofura e especulação com a divulgação do nascimento de três lobos pré-históricos!
Sabe aquele momento em que a ficção científica pula o muro, invade a nossa realidade e você se vê tentando entender se está lendo uma hard news, uma crônica da HBO ou o roteiro de um novo capítulo de Black Mirror?
A notícia do nascimento de Romulus, Remus e Khaleesi, os três filhotes de lobo-terrível (a espécie de lobo extinto há cerca de 12 mil anos), reproduzidos a partir de manipulação de DNA em laboratórios da Colossal Biosciences, foi assim!
Se você é fã de Game of Thrones, aposto que lembrou rapidinho dos lobos gigantes, companheiros letais (e adoráveis) da família Stark. A diferença? Agora, não é CGI, efeito prático de set ou truque de edição. De repente, a ideia de encontrar um lobo desses não é exclusiva das terras geladas de Winterfell, mas, quem sabe, do seu próximo rolê no zoológico?
Pois é. A ciência está, mais uma vez, elevando os limites entre o que é possível e o que é pura especulação nerd. Por isso, nós do QN resolvemos reunir as últimas descobertas do mundo da biotecnologia, para você poder embarcar com a gente nessa jornada pelo mundo louco da “desextinção”, onde todo bicho extinto tem uma chance e todo geneticista é um pouco Dr. Frankenstein (ou Dr. Wu, para os apaixonados por Jurassic Park).
Desextinção – ou “quando a biotecnologia decide bancar George R. R. Martin”
(Imagem: USA Today / Reprodução)
A primeira pergunta que muita gente faz é: desextinção existe mesmo ou é só nome de banda indie? Resposta direta: existe e está caminhando a passos de mamute (rs)!
Antes, “laboratório” era sinônimo de cientistas rabugentos cercados de tubos de ensaio coloridos. Hoje, esses mesmos laboratórios reúnem equipes multidisciplinares com hackers do DNA, engenheiros de dados, paleontólogos, ecólogos e, claro, investidores sonhadores (ou doidos). O objetivo? Ressuscitar espécies que sumiram do mapa — algumas graças à natureza, outras por conta direta da ação humana.
E como isso funciona? A lógica é assim:
- Recuperação do DNA: cientistas vasculham fósseis, ossos preservados ou até dentes eternizados no gelo em busca de fragmentos de DNA.
- Reconstrução genômica: com esses pedacinhos de material genético, uma equipe de nerds do bem usa bioinformática para reconstruir o “manual de montagem” da espécie perdida.
- Edição genética e clonagem: usando tecnologias como CRISPR (a “tesoura” genética que virou protagonista de toda aula de biologia moderna), fragmentos desse DNA são inseridos em células de um parente vivo — lobos, elefantes, cangurus, o que der!
- Gestação e nascimento: com sorte, o novo embrião pode se desenvolver, ser gestado por uma mãe substituta (de outra espécie, geralmente), e voilà — você tem sua “criatura ressuscitada”.
Simples?
De jeito nenhum.
É uma engenharia genética que faz Hogwarts parecer jardim de infância.
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O curioso caso dos lobos-terríveis: de Westeros para sua timeline
(Imagem: CNN / Reprodução)
Agora sim, aos holofotes: o lobo-terrível, que atende pelo nome pomposo de Aenocyon dirus.
Esqueça o cachorro-quente de Osasco ou o pastor alemão da vizinha — esse dinossauro em versão canina foi o topo da cadeia alimentar por milhares de anos, caçando mamutes, bisões e, quem sabe, até humanos paleolíticos desavisados.
Você pode até nunca ter ouvido falar do animal antes dos livros e séries, mas na cultura pop ele virou sinônimo de bravura selvagem. Em Game of Thrones, os “direwolves” (nome popular desses lobos em inglês) não são só mascotes: são símbolos dos Stark, mistura de força, lealdade e mitologia ancestral.
Quando uma empresa de biotecnologia anunciou que conseguiu combinar DNA fossilizado do lobo-terrível com o de lobos modernos, rebatizou o projeto como se fosse campanha de marketing de Westeros: direwolves de volta à vida. George R. R. Martin entrou como investidor, posou para fotos, a internet foi à loucura, memes choveram e, claro, reabriram debates sobre os limites da ética científica.
Mas, espera: o que é real e o que é “fanservice científico”?
Na prática, não estamos vendo um clone perfeito do Aenocyon dirus original, pois o DNA antigo é muito fragmentado. O que sai do laboratório, no fundo, é um animal híbrido – um lobo-cinzento inspirado no terrível –, reconstruído a partir de tudo que a ciência conseguiu colar junto. Se é 100% igual ou só parente distante? Eis o debate. Mas pro Instagram já vale, né? E para o avanço científico, mais ainda.
Assim, entendemos que a escolha pelo lobo-terrível não é por acaso. Seu parentesco com lobos modernos é suficiente para preencher lacunas genéticas, e a aura mítica ajuda a transformar ciência em entretenimento — e, claro, a levantar fundos para próximas rodadas de investimento.
Outras espécies quase saindo do laboratório
O lobo-terrível está surfando na onda midiática, mas há uma galera na fila (ou na prancheta digital dos laboratórios):
Mamute-lanoso (Mammuthus primigenius)
(Imagem: Revista Planeta / Reprodução)
Estrela dos filmes como A Era do Gelo e de tudo quanto é documentário Discovery Channel, o mamute é praticamente o mascote da desextinção — talvez porque é peludo, carismático e um pouco menos assustador que um velociraptor. Projetos estão tentando criar híbridos de mamute com elefantes asiáticos, na esperança de restaurar funções ecológicas perdidas no Ártico (como pisotear o solo e manter o permafrost congelado). Quem tá tocando esse projeto é ninguém menos que a própria Colossal Biosciences e o laboratório Revive & Restore (ambos dos Estados Unidos), com a previsão de divulgar um mamute-bebê até 2028.
Tigre-da-tasmânia (Thylacinus cynocephalus)
(Imagem: XXX / Reprodução)
Não satisfeito em protagonizar episódios de O Mundo Perdido, esse marsupial australiano extinto nos anos 1930 tem defensores apaixonados. Pesquisadores tentam extrair DNA de peles, ossos e até de bichos conservados em álcool — tudo para um dia cloná-lo (e pedir desculpas pelo extermínio causado por humanos sem-noção). A pesquisa também está sendo aprofundada pela Colossal Biosciences – dessa vez, em parceria com a Universidade de Melbourne (Austrália).
Pombo-passageiro (Ectopistes migratorius)
(Imagem: Brasil Escola; UOL / Reprodução)
Já pensou milhares de pássaros sobrevoando o céu norteamericano como antigamente? Biólogos já tentam ressuscitar o pombo-passageiro, símbolo de como a ação humana tem o poder de dizimar… e talvez restaurar. Quem lidera esse estudo atualmente é a Revive & Restore, usando técnicas de edição de DNA e reprodução com pombos modernos.
Dodô (Raphus cucullatus)
(Imagem: Superinteressante; Abril / Reprodução)
O pássaro que virou lenda urbana por ser “desastrado e burro”, extinto séculos atrás, ainda é tema de sonho de consumo em laboratórios (e ilustra memes dos limites da ciência). A Colossal Biosciences recentemente recebeu financiamento específico para sequenciar o genoma do dodô e trabalha no desenvolvimento de embriões geneticamente modificados que possam resultar numa reintrodução dessa espécie extinta.
Auroque (Bos primigenius)
(Imagem: Wikipédia / Reprodução)
Diferenciando-se das demais em abordagem, a Fundação Taurus (empresa holandesa) aposta em reprodução seletiva para ressuscitar características do auroque em raças de gado modernas, sem apelar diretamente à engenharia genética. Esse bovino que deu origem a todos os bovinos que conhecemos hoje foi extinto no século XVII devido à caça excessiva e à perda de habitar – o último exemplar morreu em 1627 na Polônia.
Se o mercado de nostalgia genética pegar, podemos ver mil e uma espécies desfilando por aí — só falta o cupom de desconto para pré-venda das “novas” velharias biológicas. 😛
Ética, impacto ambiental e aquele eterno “será que devemos?”
(Imagem: Universal Pictures / Divulgação)
Que atire a primeira pedra quem nunca sonhou em ver um dinossauro ao vivo — mas antes de abrir as portas do Jurassic Park (de preferência sem bug de segurança, obrigada), precisamos olhar para os desafios éticos e ambientais que tal situação poderia nos gerar.
Confira agora:
É de se pensar: é justo focar recursos em ressuscitar espécies extintas enquanto tantas vivas estão morrendo agora mesmo? O risco disso é a desextinção virar solução mágica que mascara problemas reais, como desmatamento, tráfico de animais, poluição e crise climática.
Além disso, esses animais “ressuscitados” teriam bem-estar? Lobos-terríveis do século XXI teriam espaço suficiente, comida adequada, companhia da sua espécie? Ou viveria como peça de museu, prisioneiro do próprio sucesso midiático?
E mais uma porção de perguntas: A quem pertence geneticamente uma nova criatura dessas? Se alguém criar um mamute, ele é “natureza preservada” ou propriedade privada da empresa criadora?
Por fim, e os impactos ambientais? E o ecossistema, aguenta? Animais “retornados” podem portar doenças históricas, ou se tornarem competitivos demais, ameaçando espécies de hoje. Pro mundo em 2025, introduzir um predador gigante pode ser o mesmo que instalar um aplicativo experimental no seu PC velho: resultado imprevisível, bugs, e aquele “trava tudo e reza”.
A ficção já avisou: é fácil criar problemas tentando solucionar outros, especialmente com o mesmo pensamento mágico que nos trouxe até aqui.
Um futuro de lobos gigantes, dinossauros e… responsabilidade
(Imagem: HBO / Reprodução)
Nerd que é nerd respira curiosidade, e o avanço da biotecnologia é puro combustível para teorias sobre o que poderíamos ver daqui a alguns anos: mamutes na Sibéria, lobos-terríveis em reservas, tigres-da-tasmânia pulando por parques australianos. Quem sabe até dinossauro, se algum geneticista for muito ambicioso (ou tiver assistido todos os filmes da franquia errada, rs).
Não falo que acredito nisso, mas se alguém te oferecer um tour de domingo por um parque com réplicas fidedignas dos monstros do passado, já sabe: vá pronto para correr, tirar foto e, de preferência, não acionar nenhum botão vermelho.
Enquanto isso, que tal usarmos esse poder de “roteiristas genéticos” para salvar as tantas espécies que estão na beira do abismo? A ficção nos ensina — nem sempre mexer com a linha do tempo termina bem. Mas, quem sabe, com um pouquinho de juízo, conseguimos resgatar o melhor do passado sem deixar o presente para trás. :))
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