A História do Palavrão | Como a cultura pop influenciou os palavrões

Ontem (4) foi lançado na Netflix a série documental, A História do Palavrão, apresentada por ninguém mais, ninguém menos que Nicolas Cage.

A série conta com 6 episódios, onde cada um é explicado por linguistas a história de um palavrão. Além disso, temos a participação de comediantes e atores que falam sobre a influência do palavrão em suas vidas e seus trabalhos.

Durante os episódios, intercalado às explicações e monólogos, podemos ver cenas de produções hollywoodianas, stand-ups e trechos de música onde o palavrão é o tom forte do cenário.

Os palavrões discutidos foram Fuck (Foda-se), Shit (Merda), Bitch (Vadia), Dick (Pênis, babaca), Pussy (Boceta) e Damn (Droga, porra).

Cinema

A História do Palavrão
Fonte: Distribuição

No início do cinema, fazer um filme possuía um conjunto de regras, o que dificultava o desenvolvimento criativo do mesmo. Palavrões era uma delas, o primeiro filme a usar foi O Vento Levou, adaptação do livro onde o diretor convenceu a bancada de que era crucial utilizar o palavrão damn.

A partir daí, Damn saiu de uma palavra censurada, para grandes títulos cinematográficos.

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Outro palavrão de grande impacto que marcou carreira de atores e gírias de adolescentes foi Fuck. Por volta de 1960 a classificação indicativa surgiu, posteriormente os atores e roteiristas sentiram-se livre para abusar do vocabulário considerado errado.

A História do Palavrão
Fonte: Distribuição

Segundo pesquisa feita, Jonah Hill é o ator de Hollywood que mais usou a palavra Fuck e suas variantes em filmes, totalizando 107 apenas em O Lobo de Wall Street.

Filmes espalharam novas variantes de palavrões, como M.I.L.F. em American Pie, que significa “Mom I’d Like to Fuck” em tradução livre, “mães que eu gostaria de comer”.

Apesar disso, quem leva a marca registrada do palavrão Fuck, é Samuel L. Jackson com sua cena icônica “There are motherfucking snakes on the motherfucking plane”. Outro ator conhecido por ter um palavrão como marca registrada é Isiah Whitlock, e seu incomparável Shit.

Música

O palavrão também possui muita influência nas composições musicais. Os palavrões começaram a serem ouvidos em músicas dos anos 70, o auge do Hip Hop.

Naquela época, o rap era majoritariamente cantado por negros, os quais utilizaram sua criatividade para protestar, como o marcante exemplo “Fuck Tha Police” música do grupo N.W.A.

O rap elevou a liricamente a palavra Fuck, e mostrou um aliado para protestos de qualquer tipo, sendo utilizado até hoje como forma de expressão.

A História do Palavrão
Crédito: Foto por Stefan Jeremiah/Shutterstock

Também temos dois palavrões sendo ressignificados graças à música, Bitch e Pussy.

Sendo referido a mulheres ou homens, os dois são perjorativos, mas isso está mudando.

Nos dois auges do movimento feminista, os anos 20 e 70, a palavra Bitch começou a ser usada em um contexto diferente ao comumente conhecido “vadia”. Assim como Pussy, que foi tema de protestos ao redor do mundo após ter sido usada pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, como uma ofensa.

Fonte: Reprodução

O escritor Ernest Hemingway já usava em seus livros a palavra Bitch para se referir a mulheres fortes. Neste contexto, alguém que podemos chamar de Bitch é a ativista Malala.

Nos dias de hoje, mulheres de todos os gêneros musicais usam esses palavrões para se referirem a si mesmas, uma maneira de empoderamento e tentativa de reapropriar os significados. Algumas delas são, Boss Bitch de Doja Cat; Bad Bitch, Rihanna feat Beyoncé; Unapologetic Bitch de Madonna e a mais recente WAP da rapper Cardi B.

Todas essas mulheres estão construindo um caminho já iniciado nos anos 90, e conforme os anos, poderemos usar esses palavrões para acabar com a ideia de sexo frágil e ofensa.

Em suma, músicas e produções cinematográficas são um espelho da sociedade, e pouco a pouco a vida vai imitando a arte para enfim, a cultura pop nos influenciar, novamente.

Isabela Caroline
Tradutora e redatora d' O Quarto Nerd. Viciada em música, clipes, séries, teorias, entrevistas e tudo que seja um escape da realidade. Currently listening to any pop songs.