Crítica: “Lizzie” | Filme mostra lado humano e força feminina de uma trágica história real

    (Divulgação: Diamond Films)
Baseado em fatos reais, “Lizzie” é um thriller psicológico que acompanha a vida de Lizzie Borden antes e depois do trágico assassinato da família Borden, que aconteceu em 1892, em Massachusetts, EUA. A trama prende a atenção logo no começo despertando a curiosidade.

Estrelado por Chloë Sevigny e Kristen Stewart, o filme conta a história de Lizzie uma mulher de 32 anos, solteira e antissocial, que vive uma vida controlada por seu pai, que é extremamente controlador e autoritário. Tudo começa a mudar quando Bridget Sullivan, a nova criada, começa a trabalhar na casa da família. A partir desse acontecimento, ela finalmente passa a ter alguém com quem conversar e confiar e uma intimidade começa a nascer entre as duas.
A astúcia da protagonista, interpretada por Chloë Sevigny, cresce pouco a pouco na narrativa quanto mais ela é desprezada e diminuída por seu pai, que não confia na capacidade da filha de cuidar de si mesma, por causa de sua epilepsia e teimosia. Lizzie sabe muito bem o que quer e não tem medo de ir até as últimas consequências para consegui-lo. Em tempos de valorização do protagonismo feminino, “Lizzie” consegue muito bem mostrar o poder que pode surgir mesmos nas circunstâncias menos favoráveis. Apesar da obstinação e loucura da personagem, há de se louvar o toque humano destacado.

    (Divulgação: Diamond Films)

Bridget Sullivan, interpretada por Kristen Stewart, vai ganhando espaço significativo na história ao passo que fortalece a amizade com a filha do dono da casa. Mesmo que de classes sociais diferentes, elas estão ligadas pelo sofrimento de viver confinadas e a mercê da autoridade abusiva do chefe da casa, Andrew Borden. Apesar de aparentar uma tristeza quase que constante na trama, a empregada vai se desenvolvendo, criando coragem de viver um romance, mesmo às escondidas, com Lizzie.

A direção de Craig William Macneill (“O Mundo Sombrio de Sabrina”) consegue mostrar a tensão psicológica que existe no ambiente doméstico da família Borden, já que 90% da narrativa é passada dentro da residência da abastada família americana. As cores frias e pálidas dos cenários passam uma maior tristeza ao filme; as cores mais quentes são escolhidas para as cenas entre Bridget e Lizzie, que se passam, na maioria, no quintal da casa. Apesar da perfeição em expressar o clima claustrofóbico, os acontecimentos demoram um pouco para elevar a atmosfera de tensão. Mesmo a cena do assassinato não é muito empolgante, o que pode também ser consequência da personalidade fria de Lizzie, que envolve a narrativa do filme.

Após o assassinato, o filme vai perdendo um pouco a graça e se torna cansativo por demorar a mostrar a sentença e acabar não dando tanta importância a ela. Por já sabermos pela sinopse que haverá um crime, a atmosfera do filme é coberta de ansiedade para perceber os detalhes e motivações que acarretaram na tragédia.

Lizzie” é um bom filme, a comprovação disso sendo a indicação ao grande prêmio do júri no Festival de Sundance de 2018. Ele suscita reflexões e nos emociona com o sofrimento dos personagens, porém peca em se arrastar nos momentos finais da película.

Nota: 3,5/5
Trailer:

Título Original: 
Diretor: Craig William Macneill
Roteiro: Bryce Kass
Elenco: Chloë Sevigny, Kristen Stewart, Denis O’Hare, Kim Dickens, Jamey Sheridan, Fiona Shaw, Jeff Perry  
Duração: 1h45
País/Ano: Estados Unidos/2018
Distribuição: Diamond Films
Data de lançamento: 03 de Janeiro de 2019
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