Bridget Sullivan, interpretada por Kristen Stewart, vai ganhando espaço significativo na história ao passo que fortalece a amizade com a filha do dono da casa. Mesmo que de classes sociais diferentes, elas estão ligadas pelo sofrimento de viver confinadas e a mercê da autoridade abusiva do chefe da casa, Andrew Borden. Apesar de aparentar uma tristeza quase que constante na trama, a empregada vai se desenvolvendo, criando coragem de viver um romance, mesmo às escondidas, com Lizzie.
A direção de Craig William Macneill (“O Mundo Sombrio de Sabrina”) consegue mostrar a tensão psicológica que existe no ambiente doméstico da família Borden, já que 90% da narrativa é passada dentro da residência da abastada família americana. As cores frias e pálidas dos cenários passam uma maior tristeza ao filme; as cores mais quentes são escolhidas para as cenas entre Bridget e Lizzie, que se passam, na maioria, no quintal da casa. Apesar da perfeição em expressar o clima claustrofóbico, os acontecimentos demoram um pouco para elevar a atmosfera de tensão. Mesmo a cena do assassinato não é muito empolgante, o que pode também ser consequência da personalidade fria de Lizzie, que envolve a narrativa do filme.
Após o assassinato, o filme vai perdendo um pouco a graça e se torna cansativo por demorar a mostrar a sentença e acabar não dando tanta importância a ela. Por já sabermos pela sinopse que haverá um crime, a atmosfera do filme é coberta de ansiedade para perceber os detalhes e motivações que acarretaram na tragédia.
“Lizzie” é um bom filme, a comprovação disso sendo a indicação ao grande prêmio do júri no Festival de Sundance de 2018. Ele suscita reflexões e nos emociona com o sofrimento dos personagens, porém peca em se arrastar nos momentos finais da película.