RUPTURA encerrou a segunda temporada no último dia 20 de Março trazendo mais dúvidas do que esclarecimentos acerca de qual é a real intenção da Lumon e o que se dará com os “internos”, como são chamados os funcionários dentro da empresa. Caso ainda não tenha conferido, RUPTURA é uma serie de ficção científica da Apple TV+ em que funcionários são submetidos a um procedimento em que suas memórias pessoais e profissionais são separadas. Dessa forma, quem realiza o procedimento tem permanentemente sua consciência fragmentada, não conseguindo lembrar o que acontece na empresa enquanto está fora dela e vice-versa. Por isso, a série traz diversos questionamentos sobre identidade, controle da corporação sobre o funcionário, abusos dessas corporações e livre arbítrio.
Com tantos temas importantes sendo discutidos, não é de se espantar que a série seja um sucesso de crítica e também de público. Recentemente tornou-se a série mais vista da história da Apple TV+, ultrapassando a antiga queridinha Ted Lasso. Desse modo, o streaming conseguiu um aumento de 126% de novos assinantes, uma marca importante para a Apple TV+. Felizmente o serviço de streaming confirmou que haverá a 3° temporada de RUPTURA. E Ben Stiller (A Vida Secreta de Walter Mitty), diretor da série, disse que não irá demorar muito para sabermos o que aconteceu com Mark Helly e Dylan na Lumon.

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Um dos motivos da série ter tanto sucesso é a perfeita sinergia entre a direção com a direção de arte e a fotografia. Assim, unindo esses três elementos, temos a entrega de uma história densa e tensa feita com perfeição. Ao utilizar a regra 60:30:10, que guia com maestria nosso olhar para aquilo que os criadores querem chamar a atenção, a série consegue transmitir emoção sem desviar o foco da narrativa. Dessa forma, cria-se a atmosfera perfeita para você absorver todas as informações que são passadas (e olha que são muitas) sem ficar com aquela sensação de que não está acompanhando a trama.
O que é a regra 60:30:10
A regra 60:30:10 é muito utilizada no design de interiores para criar paletas de cores que sejam, ao mesmo tempo, visualmente agradáveis e equilibradas. Nela, utilizam-se três cores em proporções diferentes. Como exemplo imagine uma sala. 60% dos elementos dela serão a cor dominante, ou seja, que irá prevalecer no ambiente. 30% dos elementos será a cor secundária (ou complementar). Neste caso a cor secundária serve para destacar algum elemento, como um sofá. É importante dizer que a cor escolhida para ser a secundária deve ser harmoniosa com a cor dominante, pois irá adicionar contraste e profundidade ao ambiente. Por último, 10% dos elementos terão uma cor de impacto, usada para atrair a nossa atenção para detalhes específicos do ambiente, como uma almofada ou uma obra de arte. Neste caso, a cor escolhida geralmente é ousada e contrasta em relação às duas anteriores.

Na imagem acima é possível ver o uso da regra em prática. O azul da parede e do tecido da poltrona marcam a cor dominante, em maior quantidade. Já o marrom, utilizado pelos móveis de madeira, compõe a cor complementar. Para finalizar, temos o amarelo da almofada, cor esta que contrasta com o azul e atrai nossa atenção.
Como Ruptura usa a regra na série
O cérebro humano processa milhares de detalhes visuais de uma só vez. Em uma série ou filme onde há o uso excessivo das cores, pode causar uma confusão visual, que faz com que a gente não consiga focar na história. Assim, usando apenas algumas cores dominantes mantemos a atenção na narrativa sem distrações. Ao utilizar uma paleta com cores limitadas, as cores individuais ficam com um significado maior devido ao princípio psicológico da relativização da cor. Uma única cor cercada por tons neutros parece mais viva e com um impacto emocional maior do que em uma cena cheia de cores. Isso ocorre, pois o cérebro processa a cor contextualmente e quanto menos cores competindo numa cena, mais força a cor terá. Quando menos cores estão presentes o olho naturalmente foca nos contrastes e elementos chaves.
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Isso cria uma hierarquia visual em que certos elementos saltam da tela enquanto outros permanecem de fundo. Isso é especialmente importante para conduzir a atenção do espectador quanto ao fio narrativo. E é aí que o princípio do 60:30:10 se aplica. Uma diretriz amplamente usada em design e cinema, a regra 60:30:10 organiza as proporções de cores para criar harmonia visual e guiar a atenção do espectador. Ao estabelecer uma cor dominante, uma cor secundária e uma cor de destaque, os cineastas podem criar uma paleta visual coesa que parece equilibrada e intencional.

Na imagem acima é possível ver que o enquadramento escolhido pelo diretor conta com 60% de branco, vindo das paredes e animais, 30% de verde, da drama e 10% de azul, da roupa dos funcionários. Dessa forma, é possível notar que a cor majoritária é aquela que personifica a empresa, enquanto as cores de realce é notada naquilo que destoa da imagem. No caso desta cena específica, Mark e Helly estão fora de seus lugares de trabalho. Sendo assim, são os que estão destacados no enquadramento.
Outros exemplos do uso do 60:30:10?
Apesar de RUPTURA utilizar a teoria 60:30:10 com maestria, não é o primeiro produto audiovisual que utiliza a teoria. Mad Max: Estrada da Fúria e La La Land também utilizam a regra. Abaixo temos o exemplo de ambos os casos:

O amarelo é a cor dominante em Mad Man – Estrada da Fúria, o que faz sentido com a trama, pois o filme se passa no deserto. O azul acizentado é a cor complementar, vista principalmente pelo céu. Por fim, o vermelho é a cor de realce, vista tanto pelo uniforme do guitarrista quanto nas explosões que ocorrem. Em um filme de ação, faz sentido que chame a atenção para as cenas de ação, principalmente aquelas que envolvem explosões.

Já em La La Land, a cor que domina a cena é o azul, seguido pelo rosa do entardecer. A cor que contrasta com o azul e que chama a nossa atenção é o amarelo, visto no vestido de Mia. Assim, com a regra do 60:30:10 em mente, podemos ver os filmes e séries com outros olhos, analisando uma camada a mais.
Mas e você? Já notou o uso do 60:30:10 em algum filme ou série? Conte para nós!
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