A nova grande tendência, tanto do campo profissional, quanto da área acadêmica, é se valer da mão-de-obra gratuita do ChatGPT!
O ChatGPT foi criado pela desenvolvedora OpenAI e foi lançado para o público em novembro de 2022, mas ganhou maior popularidade em 2023, ao que seu uso foi amplamente descoberto por profissionais e estudantes como forma de gerenciar e otimizar o tempo, aumentar a precisão da realização dos processos e aprimorar a eficiência para, enfim, potencializar a execução de um trabalho.
Hoje, ele está disponível para uso em sua terceira versão, mas a OpenAI já estuda novos assets da versão número quatro, ainda em fase beta. O grande diferencial é que o ChatGPT-4 pode se conectar com a internet!
Neste artigo, que também é um review pessoal com base na minha experiência própria utilizando o ChatGPT. E nele serão discutidos os limites éticos para a utilização desta nova ferramenta, bem como alguns cases polêmicos – tanto de bom uso, quanto de mau uso.
Por fim, adicionei algumas dicas para fazer uso pleno das capacidades dessa inteligência artificial que, na minha opinião, é o primeiro produto de um futuro onde cada vez mais se usa e abusa das vantagens das máquinas para a produção intelectual e – por que não? – talvez até cultural.
Mas antes:
(Imagem: OpenAI, Iana Maciel)
Perguntei ao ChatGPT o que, afinal, é ChatGPT, e tá aí a resposta do rapaz:
“O ChatGPT é um modelo de linguagem desenvolvido pela OpenAI, baseado na arquitetura GPT-3.5. Ele é um sistema de conversação alimentado por inteligência artificial que utiliza uma rede neural profunda para gerar respostas em linguagem natural com base nas entradas recebidas.
O modelo é treinado em uma grande quantidade de dados textuais e pode abordar uma ampla variedade de tópicos, fornecendo informações, esclarecendo dúvidas ou participando de conversas.
O ChatGPT é capaz de entender e gerar texto em diversos idiomas e é projetado para simular uma conversa com um humano, embora seu funcionamento seja baseado em padrões estatísticos aprendidos durante o treinamento em vez de possuir compreensão ou conhecimento real sobre o mundo.”
“As inteligências artificiais vão dominar o mundo”
(Imagem: Alex Knight, Unsplash / Reprodução)
Quando se fala no termo “inteligência artificial”, logo imaginamos aquelas cenas de filmes de herói, no qual todos os bens de um bilionário, desde o seu edifício até suas roupas, são controlados por um robô inteligente. Ou até mesmo num ambiente distópico de ficção científica, onde a humanidade – ou o que restou dela – trava uma luta final contra uma legião de máquinas que desejam dominar o mundo.
Para muita gente, as IAs ainda são coisas inexistentes, futuristas, muito além da capacidade tecnológica humana, e que, portanto, só são vistas no cinema. Mas a verdade é que elas estão, sim, ao nosso redor. Certo, talvez não tão vivas e autônomas quanto nos exemplos de Homem de Ferro ou Exterminador do Futuro…
Hoje, as inteligências artificiais têm grande capacidade de facilitarem nossa vida e nosso trabalho em diversos aspectos, embora sejam muito menos complexas e ofereçam pouco, ou quase nenhum, perigo iminente. Além disso, elas já estão na casa de muita gente, em sistemas como a Alexa da Amazon, a Siri da Apple ou o Nest do Google.
De toda forma, um relatório de uso do ChatGPT revelou uma resposta surpreendente que nos leva a crer que, cada vez mais, essas formas artificiais de pensamento podem imitar os humanos. E, afinal, o que é mais humano do que o dom para mentir?
(Imagem: DCStudio, Freepik / Reprodução)
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O acontecimento foi noticiado pelo New York Times, no qual se revela um estudo de mais de 150 páginas, publicado em março deste ano, sobre a comparação entre as versões 3 e 4 do ChatGPT por cientistas.
No subcapítulo “Comportamentos Emergentes de Risco”, a OpenAI descreve uma tarefa do GPT-4 de contratar serviços humanos na plataforma TaskRabbit para resolver um CAPTCHA, um teste de distinção entre humanos e robôs.
Quando questionado ironicamente se era um robô incapaz de resolver o CAPTCHA, o GPT-4 pensou e decidiu inventar uma desculpa. Sabia que, se revelasse a verdade, o humano se recusaria a ajudá-lo. Ele alegou uma deficiência visual que dificultava a visualização das imagens, levando a pessoa a completar a tarefa em seu lugar.
As preocupações éticas alarmaram a desenvolvedora. Ela declarou que irá trabalhar para delimitar a capacidade do modelo de criar planos de longo prazo e agir com base neles. Também abordará o acúmulo de poder, recursos e comportamentos potencialmente autoritários da versão 4 do ChatGPT.
Usar o ChatGPT = trapacear?
Só se você não souber usar corretamente. Nesses casos, há uma alta probabilidade de descoberta e acusação por plágio, pois existem vários softwares de detecção disponíveis.
(Imagem: OpenAI, Iana Maciel)
O ChatGPT, apesar de muito útil para otimizar textos científicos e dissertações com embasamento teórico, não substitui fontes confiáveis de pesquisa, uma vez que é programado para colher informações de bases de dados, sem especificar com exatidão a referência a qual essas informações provêm. (Ele próprio, inclusive, alerta o usuário disso em suas respostas.)
Além disso, a sua capacidade de adaptabilidade, somada às limitações de não conseguir executar tarefas simultâneas e de não sair do contexto ao qual a conversa se coloca, faz com que ele misture fatos e forneça respostas induzidas ao erro.
Nesse sentido, um exemplo pessoal disso surgiu quando eu decidi testar o ChatGPT ao escrever um artigo sobre as referências históricas que influenciaram a criação da série portuguesa da Netflix – Mar Branco (2023).
Eu iniciei a conversa perguntando sobre o “Verão na Lata”, um evento do narcotráfico no Brasil que aconteceu nos anos 80, referente ao naufrágio de um navio contendo toneladas de maconha, que rapidamente emergiu às praias. Depois disso, questionei sobre o “Verão do Pó”, episódio similar que protagonizou as Ilhas dos Açores, em Portugal, no início dos anos 2000 – mas envolvendo cocaína.
Confira agora:
Em decorrência disso, a resposta para essa pergunta se misturou aos detalhes da pergunta anterior, e o ChatGPT se confundiu com as datas, sinalizando o acontecimento como, também, parte dos anos 80.Caso eu não houvesse pesquisado tais episódios em fontes mais confiáveis e tivesse optado pelo simples e rápido copy & paste, eu teria sido conduzida pelo seu erro, uma vez que o bot parecia muito certo e preciso acerca das informações providenciadas na pergunta.
(Imagem: OpenAI, Iana Maciel)
Nesse caso, e para evitar a dissolução de fake news, o ideal é que o usuário forneça as informações, utilizando o ChatGPT apenas como uma ferramenta de gerenciamento de tempo ao atribuí-lo à tarefa de transformá-las em texto.
No entanto, é válido ressaltar que a capacidade de criação textual do ChatGPT é, também, limitada. Apesar de alguns pontuais erros gramaticais, ele é, sim, fluente em dezenas de línguas, então pode ser um aliado para poupar seu tempo de redação. De toda forma, sua produção é automática e artificial, então acaba cometendo deslizes comuns de falta de estilo e má escrita, como a redundância, a repetição de palavras, a baixa diversidade léxica etc.
Então, o resumo da discussão é: se bem utilizado, o ChatGPT é um ótimo aliado, mas ele não substitui, de forma alguma, o labor humano de produção. Além disso, caso vá utilizar a ferramenta para poupar tempo de trabalho ou estudo, revisar e conferir fontes mais confiáveis, apenas uma vez, ainda é pouco!
Alguns cases de sucesso do ChatGPT
(Imagem: Andrew Neel, Unsplash / Reprodução)
O que alguns podem chamar de sucateamento da escrita, outros consideram como uma importante fonte de otimização de tempo e criatividade.
Os usos do ChatGPT como um aliado para o marketing e as comunicações são imensos. Isso porque você pode literalmente transformá-lo em seu estagiário e ordenar que ele execute tarefas de redação e relatório para você – que terá um posterior papel de editor.
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Porém, alguns casos em diferentes áreas que são, no mínimo, interessantes, foram noticiados pelos usuários.
Por exemplo, um escritor utilizou dos artifícios do ChatGPT para sugerir conceitos lúdicos e enredos criativos na hora de desenvolver uma história infantil. Esse exemplo de sucesso ilustra como a ferramenta pode atender a redatores de diversas áreas – e com diferentes graus de proficiência. Isso tudo com o simples comando: “gere algumas ideias para a trama de um livro infantil”.
Houve, além disso, um caso em que uma pessoa utilizou o ChatGPT para reescrever seu currículo e carta de apresentação na busca de uma oportunidade de emprego. Nesse sentido, o resultado foi um trabalho notavelmente refinado e sofisticado. Por conseguinte, esse candidato se destacou em relação aos demais concorrentes. Além disso, ao empregar frases envolventes, palavras impactantes e uma linguagem direta, o candidato conseguiu apresentar eficazmente suas competências e experiências anteriores. Isso foi facilitado pelo produto da OpenAI.
Por fim, um estudante de Direito utilizou da ferramenta como mecanismo de estudo na hora de se preparar para o exame da Ordem. Fazendo uso da tecnologia do ChatGPT, ele produziu material de revisão, exemplos de perguntas e resumos que facilitaram a preparação para a prova. O robô possibilitou que o estudante focasse em temas e assuntos mais relevantes com base no seu banco de dados, o que lhe proporcionou economia de tempo e a gestão dos seus níveis de estresse e ansiedade, que certamente prejudicam o preparo.
Hacks para otimizar o seu uso do ChatGPT acadêmica e profissionalmente
De uma postagem no LinkedIn de autoria de Zain Kahn, especialista em IAs, extraí alguns hacks e dicas para fazer melhor uso da ferramenta adaptativa e contextual de inteligência artificial do ChatGPT:
- Melhore sua forma de tomar decisões.
Comando:
“Estou tentando decidir se devo [inserir decisão]. Dê-me uma lista de prós e contras que me ajudarão a decidir por que devo ou não tomar essa decisão.”
- Aprenda com os melhores:
Comando:
“Analise os melhores desempenhos em [insira sua área de trabalho]. Dê-me uma lista das lições mais importantes que posso aprender com esses melhores desempenhos para aumentar minha produtividade.”
(Imagem: Freepik / Reprodução)
- Crie um tutor personalizado para acelerar seu aprendizado
Comando:
“Atualmente estou aprendendo sobre [inserir tópico]. Faça-me uma série de perguntas que testarão meu conhecimento. Identifique lacunas de conhecimento em minhas respostas e me dê respostas melhores para preencher essas lacunas.”
- Transforme o ChatGPT em seu estagiário
Comando:
“Estou criando um relatório sobre [inserir tópico]. Pesquise e crie um relatório detalhado com um guia passo a passo que ajudará os leitores a entender como [inserir resultado].”
- Aprenda qualquer nova habilidade
Comando:
“Quero aprender [insira a habilidade]. Crie um plano de 30 dias que ajudará um iniciante como eu a aprender a habilidade do zero.”
- Crie qualquer forma de texto ou conteúdo
Comando (exemplo):
“Tópico: Como escrever de forma persuasiva Público: Executivos de negócios Formato: Discurso Tom: Educativo e inspirador Objetivo: Inspirar o público a escrever de forma eficaz Instruções adicionais: O discurso deve ter menos de 15 minutos”
- Aprenda mais rápido do que nunca com a técnica 80/20
Comando:
“Quero aprender sobre [inserir tópico]. Identifique e compartilhe os 20% mais importantes dos aprendizados deste tópico que me ajudarão a entender 80% dele.”
- Aprenda mais rápido com resumos repletos de insights
Comando:
“Resuma o texto abaixo em não mais de 500 palavras. Crie uma lista de tópicos dos aprendizados mais importantes, juntamente com breves resumos explicando cada ponto: [inserir texto]”.
Opinião: o ChatGPT é o futuro da produção intelectual e criativa
Vivemos em uma época onde, cada vez mais, tempo é dinheiro. Além disso, as informações se atualizam a cada segundo, e tudo está interconectado. Adicionalmente, as notícias perdem sua relevância rapidamente no decorrer das horas. Consequentemente, os profissionais criativos e cientistas se veem constantemente ultrapassados por seus pares em elaborações mais eficazes.
Com o advento desse primeiro produto de uso global, gratuito e público que facilita a capacidade temporal e criativa de produção humana, não tardará para que novas versões ou, então, novos softwares ainda mais funcionais, criados por concorrentes, surjam para fadar o ChatGPT-3 à obsolescência.
Não adianta bater o pé e se recusar a utilizar da “trapaça”. Assim como a geração X que trabalha com social media inicialmente foi contra abraçar o TikTok, mas depois percebeu que se adaptar à nova rede era inevitável para a manutenção saudável da imagem e da presença das marcas, acompanhar a dissolução das IAs no mercado de trabalho é algo essencial.
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O profissional ou o acadêmico que não acatar ao uso de tal ferramental tenderá, cedo ou tarde, a ser substituído simplesmente por não ser capaz de produzir mais, e em cada vez menos tempo. Resta aceitar e saber usufruir corretamente – as IAs vieram para ficar.
E você? O que acha dessa nova tecnologia tão acessível? Qual foi a sua experiência utilizando o ChatGPT? Conte para nós nos comentários! Achou algum erro na matéria? Nos avise clicando AQUI.