Quando um filme faz bastante sucesso, é comum que produtoras queiram explorar seu potencial lucrativo com prelúdios, sequências e assim por diante. Diversas produções acabaram por se tornar franquias dessa maneira. Pânico, Halloween e A Hora do Pesadelo são algumas das mais conhecidas.
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Entretanto, uma boa arrecadação e aclamação crítica nem sempre significam que uma produção deva ser extorquida de seu verdadeiro sentido. Algumas franquias possuem obras despidas de qualidade e, até mesmo, desconexas à história original. Outras tentam se manter fiéis ao produto original, mas falham.
É o caso de Órfã 2: A Origem. O prelúdio, que chega aos cinemas 13 anos após A Órfã, lançado em 2009, aborda como Esther (Isabelle Fuhrman) se tornou a identidade provisória de Leena, uma procurada criminosa russa que toma proveito de sua rara condição médica para se disfarçar como uma criança nada inocente.
Prelúdio não explica, de fato, a origem do mal
Contudo, A Origem é um prelúdio que mais tem cara de continuação. A história, que se vende como uma história de origem, não nos mostra realmente o começo de tudo. No início, Leena já é uma criminosa conhecida e que cumpre pena por seus crimes no Instituto Saarne. Sabemos suas motivações por meio do médico responsável pelo hospital psiquiátrico, mas, novamente, não nos é mostrado nada de seu passado.
O que é uma pena, pois essa complicação seria muito fácil de ser resolvida: de fato trazer um roteiro que explorasse a origem de tudo. Como Leena descobriu sua doença, se tinha família e como se dava sua relação com ela, e outras tantas questões mais. Tudo isso daria mais profundidade à personagem e poderia ser traçado aos seus feitos no primeiro filme.
Além da péssima escrita (aparentemente é muito fácil invadir a casa de um policial), o próprio elenco não ajuda. Ao contrário do original, onde o elenco tinha uma atuação notável, sobretudo Fuhrman e Vera Farmiga, que interpreta sua mãe adotiva, aqui é o contrário. A intérprete de Esther não tem mais tanta dominação em cena. O trabalho, então, cabe à Julia Stiles, que se torna proeminente no filme no instante em que aparece.
Personagens fracos
Os personagens são antipáticos também, e não apenas por se tratar de uma família disfuncional. Allen (Rossif Sutherland) é uma carcaça, mais parece um fantasma do que alguém realmente essencial à narrativa. Já o filho Gunnar (Matthew Finlan) é um vilão que não chega, uma adição inútil às façanhas de Tricia (Stiles). Até mesmo a grande revelação, que envolve o rapaz, não ajuda a torná-lo mais importante na história.
De tal modo, Esther se torna uma heroína e, talvez inconscientemente, talvez não, acabamos torcendo pelo seu sucesso. No final, não nos importamos de maneira sincera com qualquer um dos personagens, sobretudo com a família Albright.
Caracterização de Isabelle Fuhrman não te convence de que ela seja uma criança
Além disso, a caracterização não é das melhores. Em uma entrevista, o diretor William Brent Bell explica que o processo de rejuvenescimento de Fuhrman foi bastante natural, envolvendo apenas o uso de maquiagem, ângulos e iluminação. Mas a atriz ficou mais parecida com a Chiquinha do Chaves do que com uma criança.
A vantagem de Fuhrman ser uma criança no original, e de interpretar uma mulher de mais de 30 anos de idade que se passa por uma, é que convence da maneira mais natural possível. Com a atriz já adulta, o espectador se pergunta quais técnicas foram utilizadas, mas a verdade é que esse questionamento nunca surge porque a caracterização de Esther não te vende a ideia que quer passar.
Em suma, Órfã 2: A Origem parece muito mais um suspense do que um thriller. Com um grande espaçamento entre um evento e outro, e mortes completamente ridículas, o elenco também não é tão forte quanto o do filme original, e apesar de Julia Stiles tentar fazer um bom trabalho, ela não consegue sozinha salvar o filme. Inicialmente você espera por mais, e depois você apenas aguarda acabar.
Título: Órfã 2: A Origem
Direção: William Brent Bell
Roteiro: David Coggeshall
Elenco: Isabelle Fuhrman, Julia Stiles, Matthew Finlan e Rossif Sutherland
Nota: 2.5/5