Crítica | Round 6 é uma caixinha de surpresas

 

Até onde você iria por dinheiro? Até onde iria por entretenimento? 

De maneira despretensiosa, Round 6 chegou ao catálogo da Netflix e pegou todos de surpresa. Com sua trama ousada e capaz de despertar todos os instintos dos telespectadores. 

A série possui atualmente um dos maiores números da plataforma, estando em 1º lugar em todos os países que foi lançado.

Round 6
Imagem: Reprodução

A série sul-coreana original Netflix acompanha um grupo de pessoas que desesperadas para pagar suas dívidas e mudar de vida,que eventualmente acabam aceitando um misterioso convite para participar de um jogo. Nesse jogo apenas um vencedor poderá levar o prêmio, que convertido em reais o valor total seria de R$208.845.119,58. A competição é composta por várias brincadeiras infantis, mas o que eles não sabiam é que nessa macabra disputa, teriam que lutar pela própria vida para conseguir o prêmio. 

O Retrato da Sociedade 

Round 6
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Sem dúvidas, uma das coisas que mais chamam a atenção do público na série, é a maneira como todos os jogadores se veem diante da possibilidade de perder suas próprias vidas por dinheiro. E mesmo que os telespectadores fiquem indignados com a brutalidade dos jogos, ainda há uma sensação de identificação, onde naquela situação nos veríamos fazendo exatamente as mesmas coisas. 

Vivemos em um mundo movido pelo dinheiro, e isso não é uma discussão. Então literalmente pagamos para estar nesse planeta, comida, moradia, entretenimento, estudo. Tudo envolve dinheiro. E falando de uma maneira mais bruta, pessoas que vivem as margens da sociedade, inegavelmente poderiam arriscar as vidas pela possibilidade de uma condição de vida melhor. 

A que ponto chegamos, onde achamos aceitável arriscar tudo por uma oportunidade? 

Por mais que seja de maneira dramatizada, não estamos tão distantes dessa realidade. O retrato da desigualdade social, onde os ricos podem pagar por qualquer tipo de entretenimento, e os pobres estão dispostos a fazer qualquer coisa por uma fração do que eles teriam para pagar. 

Round 6 e a televisão Brasileira 

O Quarto Nerd
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Todos os brasileiros que assistiram a série não puderam deixar as comparações de lado e notar algumas semelhanças com programas da TV aberta que já conhecemos bem. 

Programas que colocam pessoas que precisam de dinheiro, na frente de uma emissora com alcance de milhões de telespectadores. Assistindo aquele determinado grupo executando tarefas que beiram a humilhação em troca de uma oportunidade. O que vai gerar um lucro maior do que um terço do que irão ganhar. 

Mesmo que essas produções possuem uma grande capacidade de aumentar a gravidade da situação. Onde acontece um verdadeiro extermínio em massa dos jogadores. No entanto, não há como não notar essa semelhança entre os jogos que servem de entretenimento para a classe média e alta. 

A visibilidade dos doramas

Round 6
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São em momentos como esse, quando uma produção não americana estoura em diversos países do mundo que as pessoas começam a perceber a vastidão de conteúdo que existe fora da nossa bolha. Não podemos nos esquecer de como La Casa de Papel (2017 – Atualmente) e Vis a Vis (2015-Atualmente) abriram as portas para que mais produções espanholas recebessem devido reconhecimento ao redor do mundo.   

E assim esperamos que aconteça com os doramas a partir de agora. Poderíamos passar horas indicando produções incríveis que merecem reconhecimento e que dão de dez a zero em qualquer produção norte-americana que ganha prêmios a torto e a direito. 

É inegável o preconceito que existe ao redor dessas produções. Citando Bong Joon Ho, diretor de Parasita (2019) , ao receber o prêmio de Melhor Filme Estrangeiro no Globo de Ouro: 

“Quando vocês superarem as barreiras de filmes com legendas, conhecerão muitos filmes incríveis.”

E é exatamente isso, ao sair da nossa bolha e encontrar novas produções somos introduzidos em um universo cinematográfico extremamente vasto e esplêndido.

Confira alguns dos nossos artigos sobre o tema: 

A Trama 

Round 6
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Round 6 consegue despertar todos os nossos sentidos, ficamos à flor da pele por cada passo de nossos protagonistas. 

Os personagens são cativantes e nos fazem refletir sobre vários aspectos da existência humana, que vão desde identificação, raiva, alegria e entusiasmo… 

Além da narrativa ser completamente envolvente, somos introduzidos em cenários que brincam com toda estética que até então estava criada em nossa cabeça. Ambientes coloridos para narrativas mais felizes, lugares sombrios para tramas de suspense e assim por diante. 

A série introduz os personagens em lugares extremamente coloridos, que nos remetem não só a infância, mas também a algo feliz e confortável. O que é rapidamente arrancado de nós quando o massacre se inicia. 

Outro ponto que traz uma sensação ainda mais sinistra é a trilha sonora, que esperamos que seja tão macabra quanto o enredo. Mas não, estamos envoltos de músicas alegres que mais uma vez nos levam para um lugar feliz antes de nos puxar para a realidade dos jogos. 

A humanidade do nosso protagonista ao final da série ao lidar com as consequências dos jogos que deveriam mudar sua vida, nos faz lembrar de uma frase dita por Katniss Everdeen ao final dos Jogos Vorazes A Esperança (2014).

Não há vencedores dos jogos, apenas sobreviventes.

Round 6

Crítica

Título: Round 6

Diretor: Hwang Dong-hyuk

Roteiro: Hwang Dong-hyuk

Elenco: Lee Jung-jae, Wi Ha-joon, Gong Yoo, Park Hae Soo e HoYeon Jung.

Nota: 5/5

Júlia Oliveira
Redatora d' O Quarto Nerd. Apaixonada por música e séries. Completamente viciada em livros. 'I go to seek a Great Perhaps'.