Twenty One Pilots | Como o duo usa as suas músicas para falar sobre saúde mental

Twenty One Pilots

Pensa na sua música preferida. Pensou? Agora pensa no motivo pelo qual você a considera a melhor música de todo os tempos; pensa em como ela consegue, unicamente, curar todas as suas feridas internas, aquelas que ninguém sabe. Sinta o poder que ela tenha sobre você, a forma com que ela te faz arrepiar e parece te entender e te escutar nos momentos mais difíceis e (im)possíveis de superar. É exatamente assim que eu e mais de 8 milhões de pessoas ao redor do mundo, nos sentimos ao ouvir Twenty One Pilots.

Você, provavelmente, já deve ter ouvido falar deles. O duo, formado por Tyler Joseph (vocal, teclado/piano e guitarra) e Joshua Dun (bateria), ficou famoso após o estouro que a música Stressed Out obteve em 2015. A canção chegou a alcançar lugares nas paradas de sucesso que a banda, até então, não imaginava. Não sei bem dizer se foi pela construção de um personagem (Blurryface) que representava os principais medos do vocalista, ou se pelo o que a letra representa para milhares de pessoas. Mas, uma coisa eu sei: algo que a banda sempre fez em suas músicas é retratar a saúde mental.

Lembro-me bem do dia em que ouvi Car Radio pela primeira vez na televisão, o que, consequentemente, foi o dia em que conheci a banda com mais afinco. Na época, eu não entendia inglês muito bem, mas só de ter visto o clipe, entendi o que a música retratava. E, pela primeira vez em muito tempo, senti que alguém em algum lugar do mundo me entendia e, a partir daí, senti a necessidade de compartilhar com todos a minha volta que precisavam, de alguma maneira, ouvir as palavras cantadas por Tyler Joseph.

“Faith is to be awake, and to be awake is for us to think, and for us to think is to be alive, and I will try with every rhyme to come across like I am dying to let you know you need to try to think.”

O objetivo desse artigo era listar, no máximo, cinco canções do Twenty One Pilots sobre saúde mental. Mas, na verdade, é muito difícil se limitar a essa quantidade quando todas as músicas deles são sobre isso. Desde 2009, Joseph vem fazendo um trabalho brilhante para mostrar como é importante abordar a saúde mental. No seu primeiro álbum, o self titled, durante as 14 canções, o duo consegue expressar agonias e as cobranças da vida adulta da forma mais genial e aproximativa possível.

Outra característica bastante visível no álbum é o modo como as letras sempre retornam a ideia de que não estamos sozinhos; somos amados; estamos vivos. Eu poderia citar o disco inteiro como exemplo, mas, como parte do meu objetivo central aqui, vou citar apenas uma das que me fazem chorar sempre que ouço. Friend, Please é aquela canção que parece ter sido escrita para você, quando na verdade foi escrita por você. E isso fica bastante claro ao longo de cada linha da canção.

“Would you let me know your plans tonight? ‘Cause I just won’t let go ‘til we both see the light, and I have nothing else left to say, but I will listen to you all day.”

Em uma das principais músicas do duo (e na minha opinião, a melhor), Kitchen Sink – a qual faz parte do álbum Regional at Best (2011), que você consegue encontrar no Youtube, Soundcloud, ou qualquer outra plataforma que não seja os streamings -, Joseph, também, ajuda o ouvinte a encontrar um propósito para superar seus piores momentos, mostrando-nos que, apesar da ajuda daqueles que nos amam, é sozinha que a gente vai encontrar um motivo, um propósito para viver.

Vídeo: Mutant Kids

“No one else is dealing with your demons, meaning maybe defeating them could be the beginning of your meaning, friend.”

Como já citei os dois álbuns – Vessel (2013) e Blurryface (2015) – que seguem o Regional At Best, vamos passar para o ano de 2018, quando Trench foi lançado. Ao contrário do que muitos imaginam, apesar de seguir uma linha de história ficcional, o disco também traz diversas canções que fazem referência a saúde mental. Mais uma vez, eu poderia citar várias que o compõe (como Neon Gravestones ou Leave the City), mas, dentre das minhas favoritas, posso citar My Blood.

Essa música é aquela que você cantar, vai dançar e só depois de prestar atenção na letra, ou de assistir ao clipe, que você entende a sacada da banda. Muitas vezes nos agarramos em uma realidade paralela para não encararmos a realidade, o que, de certa forma, engloba a importância de termos a nossa saúde mental bem tratada. E My Blood apresenta essa ideia da maneira mais sagaz possível, te envolvendo em uma realidade com sua melodia (cantando e dançando) e te mostrando a verdade ao prestar atenção na letra. Lembro-me quando minha amiga me contou o quão viciada ela estava na música e como a sua visão sobre ela mudou após te mostrar o clipe.

Vídeo: YouTube

Scaled and Icy (2021), apesar de tratar sobre o mesmo mundo de Trench (e eu falo um pouquinho sobre isso no review do álbum lançado esse ano), mas, com outra visão, ainda retrata muito sobre a saúde mental. Diferente dos demais, o disco tem uma pegada mais alto astral (e meu sobrinho de 1 ano pode comprovar isso), mas, com muita coisa por trás de cada letra composta por Joseph. Tanta na primeira música – Good Day -, quanto na última – Redecorate -, Tyler apresenta uma nova versão do Twenty One Pilots, que pode ser explicada pelo momento delicado ao qual estamos vivendo. Contudo, ele não deixa de falar, em nenhum momento, sobre como o nosso psicológico precisa de todo o cuidado possível.

“And he feels trapped when he’s not inebriated. Fair to say he’s fairly sedated most days of the week.”

A verdade é que, durante toda a sua carreira (e rezamos para que ainda continue por muito tempo), Twenty One Pilots soube como conversar com as dores de todo mundo, seja através das letras, dos clipes, dos personagens fictícios ou até de suas abordagens em suas redes sociais sobre o assunto. Por isso, seria muito injusto da minha parte se eu não fizesse, pelo menos, uma playlist com algumas das melhores canções do duo sobre saúde mental, já que, por vezes, a banda foi responsável por me ajudar nos momentos mais difíceis. Então, deixo aqui a minha pequena contribuição para que você, caro leitor, possa entender um pouco do que sentimos ao ouvir cada palavra que eles têm a dizer.

Via: Spotify

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Raphaela Lima
Completamente apaixonada por música e pelo Spider-Man, usa seu conhecimento sobre a comunicação e a cultura pop e seu vício em filmes e memes para complementar a equipe das nerds da cadeira.