Neste mês, chegou a plataforma da Amazon Prime Vídeo a primeira temporada da série DOM. Não demorou muito para que a série alcançasse um público, trazendo um retorno positivo de seu público e crítica. Claro, com a perfeição que a história é contada, não poderia ser diferente. E nós do QN tivemos a oportunidade de conversar com o ator Filipe Bragança, que em DOM da a vida ao Victor Dantas em sua versão jovem. Confira abaixo:
QN: DOM é o seu projeto mais complexo até o momento, a série inicia mostrando que também veremos a jornada de Victor durante a ditadura militar. Como foi fazer parte de um projeto com um peso tão político dado a nossa situação atual?
Filipe: Me sinto muito realizado e privilegiado por poder contar uma história tão importante, potente e política. Entendo que o meu trabalho é essencialmente político, pois não se faz política sem conhecer a história do seu próprio país, e entender os dramas dos cidadãos. Acredito que DOM faz isso com maestria, abordando temas que ainda são feridas abertas na sociedade brasileira, e que devem ser discutidos enquanto essas feridas não forem curadas. Só serão curadas quando esses problemas, essas realidades cruéis forem resolvidas e, para isso, uma série como essa, um filme, um livro… a arte em geral tem um papel fundamental.
A segunda temporada de DOM já está confirmada, e claro com toda a ação e construção levaram à série ao seu resultado positivo.
QN: Você está interpretando a versão mais nova do Victor, que também é interpretado por Flávio Tolezani. Como foi trabalhar a criação desse personagem? Você e o Flávio tiveram algum contato para definir a personalidade e detalhes do personagem?
Filipe: Tive muito contato, o que foi ótimo! Em primeiro lugar, porque o Flávio é um ator deslumbrante, além disso, o personagem é bastante complexo, ainda mais considerando as várias épocas em que a história se passa, e por isso era necessário um trabalho conciso entre nós dois. Ensaiamos várias cenas juntos. Ele ensaiava cenas que na verdade eram minhas, por exemplo, e eu as dele, para encontrarmos uma unidade. Eu trazia caracterização e pensamentos interessantes para o Victor, e ele também. E fizemos preparações juntos para falar “carioquês”, já que ele é paulista e eu sou goiano, mas moro em São Paulo, e o Victor é bem carioca.
QN: Por se tratar de uma trama baseada em fatos reais que aborda confrontos entre policiais e traficantes, e claro, além de mostrar o Brasil durante a ditadura militar, a série tem diversas cenas de ação. Como foi a sua preparação para as cenas de ação, já que é bem diferente do que você já havia feito anteriormente? Teve algum momento em que você não se sentiu seguro e cogitou um dublê?
Filipe: Existem várias cenas de ação na série , algumas bastante complexas. As mais difíceis são as cenas de mergulho. São complicadas de filmar, demandam tempo e muito esforço físico. Apesar de sempre ter feito natação e ficar muito à vontade no mar, eu nunca tinha mergulhado de fato. Por isso, fiz algumas aulas com o Francisco Loffredi, um mergulhador profissional. Ele estava sempre no set para me auxiliar e ser meu dublê, caso eu julgasse necessário. Mas tenho orgulho de dizer que não precisei de dublê em momento algum! Quis executar todos os mergulhos, mesmo que alguns fossem difíceis, e consegui! Sou eu mesmo em todas as cenas.
Confira também: QN Independente | Nicolas Silva fala sobre seu primeiro livro, ‘O Começo de Tudo’.
Filipe já provou sua flexibilidade imensa para trabalhar em diversos projetos, de diversos tons. Mas, ainda há muito por vir por aí.
QN: Você está trabalhando em animação do Humberto Avelar, que anteriormente você classificou como uma produção “bem ao estilo Pixar”. A Pixar é conhecida por fazer projetos infantis com fortes mensagens aos adultos em suas tramas, é gratificante saber que o Brasil esteja investido cada vez mais em produções mais complexas, assim como DOM. Como você espera que o público reaja a este novo projeto? E quais as dificuldades – e como foi – participar de um projeto como dublador pela primeira vez?
Filipe: Foi uma delícia. Fazer a voz de um personagem com as liberdades que uma animação como essa te oferece é ótimo para um ator. Eu adoro animação, sempre tive vontade de trabalhar em uma, especialmente nesse caso, uma animação brasileira, feita por brasileiros, com um visual único e uma ótima história. Estou ansioso para ver o resultado!
Veja também: Exclusivo | Valmir Moratelli fala sobre seu novo livro Armários Abertos, sexualidade, tabus e novos projetos
QN: Você participou de diversas produções como: teatro, novelas, cinema e agora série para streaming e animação. Dentro desses projetos qual você mais se identificou e quais as dificuldades de atuar para diferentes públicos?
Filipe: Me identifico com tudo. Acho que, quanto mais um ator puder transitar por todas essas linguagens, mais ele aprende e mais preparado ele se torna para o seu ofício, inclusive por se comunicar com públicos diferentes. Isso enriquece muito um ator. E tenho transitado por tudo isso. Me sinto orgulhoso. Agora, cada linguagem traz algo diferente. Acredito que o teatro é a essência de um ator, é onde nos sentimos mais livres. Ao mesmo tempo, cresci assistindo a filmes e séries o tempo inteiro. Então, tenho um carinho especial pelo cinema e pela forma de atuar nessa linguagem.
QN: Você fez diversos covers em seu Instagram, e teve músicas autorais para Cinderela Pop, sem falar na versão de Lembre de Mim de Viva: A Vida É Uma Festa. Você tem planos de investir na carreira musical?
Filipe: Às vezes, surge na minha cabeça uma realidade paralela onde sou um músico de sucesso, um grande cantor. E até gosto da ideia. Mas, por ora, tenho muito a aprender enquanto ator, muito a oferecer para o mundo, e é difícil conciliar duas carreiras desse tipo. Mas veja, eu amo música e estudo diariamente, mesmo que eu a use somente para complementar minhas habilidades como ator, algo que eu já faço. Quem sabe no futuro eu não tome coragem e tento investir mais nisso? Não é má ideia.
Mas e você, acompanha a carreira do Filipe Bragança? Nos conte nos comentários!