Os serviços de streaming observaram um grande aumento no consumo de seus conteúdos desde que a pandemia começou. As pessoas estão mais sensíveis e vulneráveis. Como consequência, estão procurando produções que as preencham e que sejam atraentes. Nesse sentido, a Netflix trouxe como proposta o seu mais novo drama. Amigas para Sempre é umas adaptação do livro Firefly Lane, de Kristin Hannah, com Maggie Friedman como criadora. E teria dado certo se não fosse a necessidade de um suspense e sua óbvia tentativa de recriar a receita da série dramática do momento, This is Us (2016).
A história possui três linhas temporais diferentes. Elas procuram se interligar para contar a origem da amizade de Tully (Katherine Heigl) e Kate (Sarah Chalke). Assim, no presente, Tully é uma apresentadora de TV bem-sucedida que teve uma infância completamente conturbada e traumática. No entanto, Kate está passando por um divórcio e tentando voltar com sua vida profissional, mesmo sempre sendo a tímida e certinha da dupla. Portanto, a cada episódio que passa, Amigas para Sempre tenta emular a narrativa de This is Us, voltando ao passado para contar fatos que influenciam diretamente nas decisões das personagens no presente. Tudo isso torcendo de dedos cruzados para que a audiência entenda a linearidade da história.
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E a audiência entende. A edição dos episódios é realmente muito boa, encaixando os fatos necessários para entender a trama. Porém, a série falha na construção do drama propriamente dito.
Desesperada para ser dramática
Isso acontece porque Amigas para Sempre tenta desesperadamente criar situações que clamam pelas lágrimas da audiência. Aliás, estupro, bullying, traição, divórcio, gravidez, aborto espontâneo, funeral, morte de um cachorro e separação são só algumas situações durante os 10 episódios. Friedman simplesmente aborda todos os assuntos possíveis na esperança de comover sua audiência. No entanto, essa, por sua vez, não tem tempo hábil para processar o que acabou de ver.
Além disso, essa pressa em trazer choques um atrás do outro não permite aproveitar das qualidades da série. Sarah é admirável no papel de Kate, que não ganha falas e arcos dignos o suficiente. O mesmo deve ser dito de Katherine, que transparece toda a tristeza e fragiliade por trás do sorriso e sua armadura emocional de Tully.
Triste adaptação dos Anos 80
E assim, atuando como mulheres em seus 40 anos, Sara e Katherine tiram de letra. O problema cai quando ambas também fazem as versões de suas personagens com 20 anos.
O filtro usado para rejuvenescer as atrizes é, no mínimo, incômodo, e juntando com os exageros dos anos 80, as perucas claramente falsas e maquiagens extravagantes, as cenas dessa década transitam entre uma paródia mal feita a uma sitcom tentando ser dramática.
Um cliffhanger desnecessário
Porém, o mais decepcionante fica a cargo do suspense que Friedman tenta criar. Assim, ao longo dos 10 episódios da série, uma nova linha temporal é adicionada – dois anos depois dos acontecimentos do presente – que cria um suspense sobre o que aconteceu no futuro.
No entanto, todo esse suspense – que convida a audiência a questionar se aconteceu algo com a amizade de Tully e Kate – termina no último episódio sem resposta alguma e torcendo para uma segunda temporada. Assim, a quebra de expectativa do suspense final após esperar 10 episódios é tamanha, que frustra mais do que instiga a assistir uma nova temporada.
Amigas para Sempre já está disponível na Netflix. Aliás, você pode encontrar o trailer aqui.
Título: Amigas para Sempre
Elenco: Katherine Heigl, Ali Skovbye, Sarah Chalke, Roan Curtis, Ben Lawson, Beau Garrett, Yael Yurman
Nota: 3/5
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