Essa semana, chega a plataforma a série de produção brasileira da Netflix, Cidade Invisível. Protagonizada por Marco Pigossi, a história apresenta a vida do policial ambiental Eric, que após perder sua esposa, acaba encontrando mais do que esperava. A trama consegue trazer uma base incrível para desenvolver o nosso rico folclore brasileiro. Sabe brincar com suas cores, e traz um identidade visual de tirar o folego. Confira nossa crítica de Cidade Invisível.
Inicialmente, os trailers deixavam entender que a trama seria focada na Amazônia, como é feito nas lendas. Veja bem, o folclore brasileiro surgiu por volta 1800, era assim que os estrangeiros passaram a chamar as lendas indígenas. Nem todas as lendas de nossos ancestrais acabaram integrando o folclore. Mas, todas são histórias desse povo rico. Entretanto, aqui vemos o primeiro problema, a série, por algum motivo resolveu deixar de lado a Amazônia e trazer sua trama para o Rio de Janeiro. Mesmo tendo um policial ambiental como protagonista, a serie ignora suas origens e um pouco da realidade vivida no Brasil.
Mas, mesmo trazendo a sua trama para a famosa cidade, a série não o aproveita. Apesar de trazer muitas áreas ‘afastadas’ do Rio de Janeiro, fugindo um pouco de Copacabana, a produção deixa de lado características dos cariocas, como o sotaque. A série tem a chance de trazer um linguajar mais descontraído e feliz, assim como é facilmente identificado o sotaque carioca, mas que é facilmente mascarado por todos os personagens. Infelizmente, o ato é comum na TV brasileira, já que por sua maioria é representada por brancos. Dificilmente, vemos pessoas de cor ou diferente etnias na TV brasileira, a mesma é bem diferente de seu povo.
O Folclore
Graciosamente, a trama não se atrapalha ao falar de personagens, os coloca em tela e aos poucos vai os apresentando e desenvolvendo. A série marca a primeira produção live-action do diretor Carlos Saldanha (A Era do Gelo e Rio). Mesmo que, seja uma história investigativa, a trama passa de personagem a personagem para falar sobre sua história com entidade. Entretanto, ainda sim abre espaço para os mistérios sobre esse personagem.
Porém, para aqueles que não lembram muito sobre o folclore brasileiro, poderá se sentir confuso e mais curioso sobre seus personagens. Ao mesmo tempo que é algo inteligente, o telespectador pode cair na confusão e: ou procurar sobre, ou simplesmente desistir.
Identidade Visual
Diferente de outros projetos do diretor, que por parte trouxeram sucessos animados, Carlos Saldanha consegue dar vida a cidade e a cultura de forma que – claramente – não foram vistas antes. Saldanha brinca com seu visual, ao que inicialmente se parecia com a básica paleta amarelada, com o verde em destaque, mas que acaba se mostrando muito mais sombrio. Suas cores se intensificam conforme sua história vai se desenvolvendo.
Além disso, a trama pega momentos específicos para brincar com sua imagem e visual, tombando para o suspense e até mesmo terror. A série sabe brincar com alucinações, e seu visual – novamente – se intensifica abusando (de forma positiva) de takes lentos e com zooms. A estreia do diretor em série, é um grande passo pra sua carreira, e mais uma vitória para as produções brasileiras.
Considerações
O folclore brasileiro é a visão de uma cultura rica e cheia de lendas que merecem atenção. A forma como Saldanha se empenha para trazer a vida essas lendas em uma mistura de mistério, suspense e ficção, é deslumbrante e é mais um ótimo passo para produções brasileiras no streaming. Depois do sucesso, e grande acerto de “Bom Dia, Verônica” da Netflix, era esperado que outra produção brasileira fosse ser encomendada pela plataforma. Mas, não tão cedo. Então, Cidade Invisível, é uma linda surpresa, uma linda homenagem para essa cultura. E claro, nos questionar, terá mais? E assim, ansiar por mais dessa produção.
Crítica | Cidade Invisível
Criador: Carlos Saldanha
Elenco: Marco Pigossi ,Alessandra Negrini, Jessica Córes, Fábio Lago, Wesley Guimarães, Manu Diegues, Julia Konrad, José Dumont, Victor Sparapane e Áurea Maranhão.
Nota: 4,5/5