Os Live-Actions da Disney: Parte 2 – Malévola

A segunda parte do nosso especial sobre os live-actions da Disney, iremos falar sobre Malévola, lançado em 2014. Com direção de Robert Stromberg e elenco formado por: Angelina Jolie como Malévola, Elle Fanning como Aurora, Sharlto Copley como Rei Stefan, Sam Riley como Diaval, Imelda Staunton como Flora/Knotgrass, Juno Temple como Fauna/Thistlewit, Lesley Manville como Primavera/Fittle, e Brenton Thwaites como Phillip.

Quando falamos em uma versão em live-action de A Bela Adormecida, é difícil aceitar que além de seu título, sua história seja focada na icônica vilã da DisneyA animação original estreou em 1959 (que esse ano completa 60 anos de existência), e até hoje é considerada uma das obras máximas do estúdio e até mesmo considerada uma obra de arte pelos seus incríveis traços de Walt Disney.

Os incríveis detalhes no traço da animação que completa 60 anos (!) em 2019.

Malévola para quem não lembra ou simplesmente não sabe, é a bruxa por trás da maldição que cai sobre a princesa que carrega o nome do filme original, que a coloca em sono “eterno” até ser beijada pelo seu verdadeiro amor. Na animação, os motivos que levam a vilã a colocar a maldição, é o simples fato de não ser convidada para a festa do nascimento de Aurora, algo que pode soar bobo hoje em dia mas se você para pra analisar, é esse fato que a torna tão icônica como vilã, ela basicamente quer apenas ver a desgraça alheia. É possível sentir que Angelina Jolie está confortável no papel que conseguiu transmitir as diferentes faces da personagem que vão desde vilã a mãe (explicaremos mais a frente).

Em Malévola, a personagem ganha uma profundidade e importância maior para o enredo. No live-action conhecemos os Mors (“raça” da qual Malévola faz parte) que são, basicamente, todas a criaturas mágicas presentes na história do filme. Os Mors são todos diferentes entre si em espécies e tamanhos. Existe uma certa rivalidade entre humanos e essas criaturas que os levam a entrar em conflito e até mesmo em guerra. Malévola serve como protetora das criaturas que por vezes são totalmente indefesas até seu  caminho cruzar com o ambicioso Stefan. 

Os jovens Stefan (Michael Higgins) e Malévola (Isobelle Molloy).

Os dois se relacionam e vivem algo bem próximo ao amor, mas as intenções de Stefan mudam com o passar dos anos e ele acaba traindo Malévola e corta suas asas como se houvesse a matado e se torna rei. Esse fato é o que gera o ódio de Malévola pelos humanos e particularmente por Stefan, agora Rei e casado e com o nascimento de sua primeira filha, a Princesa Aurora, cujo Malévola decide amaldiçoar afim de se vingar.

Aquela cena de arrepiar a espinha.

A “bruxa” (no original) seria a vilã perfeita se não fosse sua compaixão. Assim como na animação, Aurora é enviada para um local secreto na floresta para fugir da maldição aos cuidados das fadas Flora, Fauna e Primavera. Outras das grandes mudanças na história vem justamente no fato de na animação o esconderijo realmente funcionar e no live-action, Malévola sempre soube onde estava Aurora mas nunca fez de fato mal a menina, vigiando-a de forma indireta e cuidando dela. 

Flora / Knotgrass (Imelda Staunton), Primavera / Fittle (Lesley Manville), e Fauna / Thistlewit (Juno Temple).

Umas das grandes controvérsias do filme e mudanças que não agradaram embora tenham sido necessárias, foi o fato das fadas que possuíam uma grande importância na história, acabaram sendo reduzidas a um alívio cômico. Elas de fato possuíam diversos momentos divertidos na animação mas sempre tiveram um peso na história e na vida de Aurora, mas de fato, se elas não fossem assim no live-action, a relação de Malévola com Aurora nunca teria sido desenvolvida como necessário.

Angelina Jolie como Malévola, e sua filha Vivienne Jolie-Pitt como Aurora criança.

Na metade do filme já é possível notar a grande “reviravolta” do filme: Malévola não é a vilã da história e sim o Rei Stefan, que ficou paranoico e enlouquecido, tramando meios de se defender e derrotá-la, que acabou vivendo apenas com esse intuito, perdendo afeto até mesmo por sua filha que nunca conhecera de fato. Stefan acaba se tornando desconfiando de tudo e todos e acaba perdendo sua razão, enquanto Malévola se aproximava de Aurora mesmo relutante pelo humanos e por ser filha de Stefan que tanto lhe fizera mal, mas acaba se arrependendo de colocar a maldição na garota, mudando seu ponto de vista sobre tudo.

Sharlto Copley entrega uma densa atuação como o perturbado Rei Stefan 

Mas afinal, a história é uma adaptação de A Bela Adormecida e apesar da “bruxa” ter se arrependido de sua maldição, seu rumo à leva ao seu destino de espetar o dedo em uma roca e cair em um sono eterno até ser despertada pelo um beijo de um amor verdadeiro.

Aurora (Elle Fanning) prestes a te lembrar que o filme é uma versão de A Bela Adormecida.

Mesmo com a breve presença do Príncipe Phillip, a relação dele com Aurora nunca foi o forte dessa versão, e creio que seja essa a intenção. Embora o rapaz tenha desenvolvido sentimentos pela moça, é notável que seria forçado e estranho se o beijo dele a despertasse. De fato ele a beija, mas aqui vem a mudança mais crucial do filme e talvez a mais simbólica: O beijo de Phillip não desperta Aurora.

O Beijo que queríamos.

Aurora foi enviada ainda bebê para o esconderijo com as fadas, privada de sua vida como Princesa e principalmente ao lado de seus pais. Sua mãe falece e a garota nunca a conhece, seu pai acaba enlouquece com o conflito com Malévola e os Mors. A fadas apesar de manterem uma boa relação com a menina, são muito atrapalhadas e distraída. Malévola desde o início foi quem viu de perto o crescimento de Aurora e desenvolveu uma forte relação com a garota apesar de tudo a ainda foi capaz alterar a forma como ela via os humanos que veio a alterar seu desfecho. Aurora privada de interações com outras pessoas e sem influência paterna e materna viu em Malévola algo que ela nunca teve: uma mãe. Isso torna a escolha do beijo de Malévola tão comovente quanto um rapaz que a garota mal conhecia despertá-la com um beijo de amor e de carinho. E com um beijo em sua testa, Malévola a desperta de sua maldição.

O Beijo que merecemos.

O filme ao todo é uma visão totalmente diferente do nós conhecíamos e mesmo que para muitos seja impossível superar a obra original, foi capaz de nos mostras as coisas por um ponto de vista diferente, quebrando algumas obviedades e clichês respeitando suas origens.

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