2021 começou com grandes surpresas no mundo da música. Além dos clipes de “Anyone” de Justin Bieber e de “Treat People With Kindness” de Harry Styles, a dupla brasileira Anavitória trouxe de surpresa para os fãs um novo álbum produzido durante a pandemia. “Cor” – como é intitulado o disco – foi produzido por Ana Caetano e pelo integrante da banda 5 a Seco, Tó Brandileone, e mostra um novo lado da dupla de Tocantis.
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O álbum começa com uma das canções mais marcantes de todo o disco: “Amarelo, azul e branco”. A percussão se sobressai durante toda a música, mas, sem tirar o destaque da letra, a qual parece apresentar as meninas, sua paixão pela música e pela sua cidade, se tornando ainda mais atrativa e certeira com ao texto de Simone de Beauvoir declamado pela cantora Rita Lee.
“É que eu sou dum lugar, onde o céu molha o chão/ Céu e chão gruda no pé/ Amarelo, azul e branco/ (…) Eu canto pra viver/ Eu vivo o que tenho cantado/ A minha voz é meu império, a minha proteção”
Em seguida, a brasilidade presente no álbum continua com “Te Amar é Massa Demais”, a qual conta com uma mistura de samba e reggae, diferente do que as meninas estão acostumadas a produzir. De todo o disco, essa com certeza é a música mais suave e “light”, ainda que pareça refletir em sua letra o ano pandêmico vivido por todo o mundo, trazendo um sentimento saudoso, não apenas por aqueles que se foram, mas, também, por todos os encontros não realizados.
“Explodir” – a quarta faixa do álbum – nos remete a uma mistura de folk e pop que vimos em um dos últimos discos da cantora Taylor Swift, mas, totalmente mais dependente e com um toque brasileiro que faz toda a diferença. Em seguida, “Cigarra” aparece com uma letra mais acolhedora e traz um arranjo extremamente bem produzido com toques delicados do ukulele e de violão, além de palmas distribuídas ao longo da canção.
A primeira parte do álbum se encerra com “Selva”, uma música com um toque de elegância através das rimas perfeitamente elaboradas através de palavras em que as antepenúltimas sílabas são pronunciadas com maior intensidade, além do encontro bem produzido de arranjos do baixo, do piano e do trompete.
Logo em seguida, o álbum traz um interlúdio denominado “(dia 34)”, a única faixa não autoral da dupla e que traz um conjunto de sons gravados por Tó Brandileone e Fábio Sá. “(dia 34)” serve não apenas para introduzir a segunda parte do álbum, como, também, para introduzir a próxima canção do disco: “Ainda é tempo”. Tal música dá início a um lado mais calmo do álbum, que é bem introduzido pelo piano de Mari Jacintho e pelo baixo de Fabio Sá.
“Eu sei quem é você”, por outro lado, é uma balada com arranjos mais fortes vindos da guitarra e da bateria, responsáveis por dar um ar mais melodramático para a canção. Em seguida, “Terra” vem para reafirmar a evolução musical da dupla já exposto em “Tenta Acreditar”, que apesar do tom dramático que carrega, mostra como o duo decidiu arriscar na sonoridade do disco.
Em contrapartida, “Abril” e “Te procuro” são canções que, apesar de seguir os arranjos instrumentais do restante do álbum, ainda sim parecem servir de complemento uma a outra, e volta a mostrar a essência da dupla, trazendo canções com letras e melodias que demonstram um lado sofrido, que se assemelham ao álbum lançado em 2018, “O Tempo É Agora”, e ao selftitled de 2016.
A décima terceira faixa do disco, “Carvoeiro”, é o patinho feio do álbum e parece ter se perdido nos arranjos fonográficos carregados até tal faixa, fazendo-nos questionar se não era melhor tê-lo excluído do álbum e tê-lo lançado em forma de single, como o duo vem fazendo ao longo do último ano.
Por fim, o disco se encerra com “Lisboa”. Com uma participação para lá de especial, a canção é a junção perfeita de violões, clarinetes, trombones e, é claro, da voz suave de Anavitória com a firmeza da voz de Lenine. O cantor definitivamente é a cereja do bolo para o álbum, assim como Rita Lee foi exatamente a base de abertura para um disco cheio de mudanças da dupla.
“Cor” não é apenas um lançamento surpresa aos fãs da dupla, como também é uma surpresa para qualquer fã de música. Durante todo o álbum fica visível a evolução musical do duo em cada faixa, uma vez que os arranjos e a produção soam mais maduros e, de certa forma, se sobressaltam com o talento vocal das meninas.
Assim como feito no último disco da dupla, “N” (2019), Tó Bandileone sabia exatamente o que fazer com o novo álbum de Anavitória. Sua parceria com Ana Caetano permitiu a criação de canções e arranjos que, ainda pareçam caracterizar uma nova era na carreira das cantoras, não se afastam da essência do duo.
Além das plataformas de streaming, “Cor” está disponível também no Youtube, onde cada música ganhou um vídeo exclusivo. Intitulados como “visualizers”, os vídeos – dirigidos por Leonardo Lobo, doismilium e Gabriela de Melo – servem para complementar o álbum ao dar vida para os pensamentos que rondam nossa cabeça ao ouvi-lo pela primeira vez.
COR
Artista: Anavitória
Ano de lançamento: 2021
Gravadora: Anavitória Artes
Nota: 4/5