Ontem, 23, a Netflix lançou em seu catálogo o longa dirigido e estrelado por George Clooney, O Céu da Meia-Noite (The Midnight Sky – 2020). Desde o lançamento de seu material de divulgação, o filme apresentou um visual impecável e prometeu uma história comovente. Porém, além do visual entregar quase tudo que prometeu, o longa falha em seu ponto principal, sua história. Hollywood vem trazendo filmes espaciais desde que a ideia de ir para lua começou a pairar na cabeça do ser humano. Durante anos vimos produções desastrosas, heroicas e algumas vezes até tristes, sempre procurando trazer algo grandioso como vemos hoje nos “Velozes e Furiosos”, repetem a fórmula, mas algo maior é acrescentado como novidade. Mas com o passar do tempo, a trama não conseguem mais inovar, e os roteiristas começam a enfrentar grandes desafios. Apesar de que existem filmes como Interestelar de Christopher Nolan que trouxe um ar da gloria para essa geração de filmes iguais, seguir os passos do diretor é realmente um grande desafio.
Roteiro
Por mais que Clooney traga uma trama inicialmente interessante, o roteiro se perde com facilidade, não sabe em que focar ou qual história contar. Além disso, o filme cai por grande parte nos “óbvios”, não trazendo nenhuma novidade. Porém, apesar do roteiro se perder em ambos os lados de sua história, a trama sabe abordar um assunto interessante. Em um momento, um dos tripulantes diz que sua família sempre se preparou para que o pior pudesse acontecer com ele, mas que nunca imaginaram que o algo pudesse acontecer com eles que estavam na terra. E é nesse ponto que essa ficção-científica deveria ter focado.
Veja bem, antigamente filmes de – ficção-científica – espaciais sempre mostraram como o mundo se defenderia de um meteoro ou algo pior, passamos pelos alienígenas, a chegada a lua, astronautas a deriva no espaço, e agora estamos na fase em que os mesmos procuram outra planeta habitável. Mas, tal visão é um reflexo de nosso mundo agora, como dizia Wade Watts em Jogador Número 2: “nós fizemos da terra nossa cama, agora vamos morrer nela”. Enquanto muitos lutam para recuperar a bagunça e destruição nós – seres humanos – causamos, a ideia de encontrar um novo planeta habitável pode ter se tornado o novo sonho. E dessa forma, que a tripulação astronautas sai em busca de uma salvação para a humanidade, claro que as coisas não saem como esperado, mas é em seu retorno pra cara que as coisas realmente saem do controle
Neste momento que a jornada do cientista Augustine (George Clooney) entra em ação, o até então protagonista precisa avisar a tripulação que não é mais seguro voltar pra terra, o ar está mais do que contaminado, todo o planeta foi evacuado para o subsolo, mas por poucas semanas. Não há retorno, não há mais a quem salvar, mas ao invés de focar nesse assunto o filme foca no retorno conturbado da tripulação e os desafios que o cientista enfrenta para avisa-los. Talvez se a trama trouxesse tal revelação ao final como plot twist seria uma trama mais atrativa.
A trama
O filme não abusa muito de algo excêntrico como estamos falando de visual, há uma entrega significativa para tal, ainda sim não é nada como “Ad Astra” (2019) entregou. A surpresa está nas poucas cenas em que a direção de arte, fotografia e paleta de cores se juntam em um trabalho de tirar o fôlego. Inicialmente o filme mostra uma das tripulantes no planeta designado para ser o novo lar da raça humano, em uma mistura de tons neutros com fortes, a cena pode ser uma falsa esperança para quem espera que tais escolhas assim na produção se mantenham, claramente não.
O filme tem três ambientes para explorar, a antártica, o planeta, e espaço mesmo que o planeta apareça por pouco tempo, ele é o de longe o que se destaca das outras. Mas mesmo com todos esses ambientes para a explorar a trama carece de carisma, drama, tensão e sentimentalismo. O grande problema do filme de Clooney é não pensar além do que já havia sido mostrado, a falta de ambição para tal trama pesa em seu desenvolvimento. Em certo momentos, a forma como essa trama é conduzida é irritante e robótica. Mesmo quando o filme tem tudo na mão para trazer algo único, a execução foge de mão e entrega algo fraco. Apesar do elenco tentar se estabilizar nessa produção, nem o produtor, diretor e ator, George Clooney consegue se manter ou impressionar em “O Céu da Meia-Noite“.
Crítica: O Céu da Meia Noite (2020)
Elenco: George Clooney, Felicity Jones, David Oyelowo, Kyle Chandler, Demián Bichir e Tiffany Boone.
Direção: George Clooney
Baseado no romance “Good Morning, Midnight“, de Lily Brooks-Dalton.
Nota: 2/5
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