Crítica | “Duas por Uma” se perde em roteiro sem graça

Duas por Uma

Nos últimos anos, uma grande quantidade de produções (cinematográficas ou musicais) vem ganhando espaço na mídia por falarem sobre a pressão que um artista sente perante os fãs e a imprensa. E, é claro, que a Netflix – antenada nos assuntos do momento – não deixaria de produzir seu próprio filme sobre o tema. Na última quarta-feira, 16, a plataforma lançou um de seus mais novos filmes originais: “Duas por Uma” (The Stand In, 2020), estrelado por ninguém menos do que Drew Barrymore, e que tenta se encaixar em mais um dos clichês não previsíveis do streaming.

Atualmente com 27% de aprovação no Rotten Tomatoes, o filme aborda um roteiro nada cativante, o que acaba deixando a desejar em quase toda cena. Se você optar por ler a sinopse ou assistir ao trailer antes de dar play na produção, entenderá que o filme se trata de uma daquelas comédias com lição de moral e que, talvez, vale a pena assistir. Mas, antes de qualquer coisa, lembre-se que os trailers e as sinopses são feitos com a intenção de cativar o espectador e, algumas vezes, isso não funciona.

Trailer: “Duas por Uma”

De início somos apresentados a base principal da história: Candy Black, a atriz e comediante de Holywood que está cansada de sua vida e, Paula, a dublê da atriz que não vê a hora de conseguir um papel de verdade, ambas interpretadas por Drew Barrymore. Enquanto Paula está participando ativamente dos ensaios da nova produção de Black, a comediante está trancada em seu trailer se drogando e querendo esquecer que existe. E é aí que o laço emocional das duas se cria.

Por um lado tem-se Paula, uma jovem gentil e um pouco iludida com uma vida famosa. E de outro, tem-se Black, a atriz que começou a carreira muito nova e que, agora, depois de 20 anos, começa a se sentir presa e se torna uma pessoa amargurada, depressiva e drogada, que rejeita todo e qualquer contato social. Claro que Paula se encarregaria de trazer o apelo emocional ao público, implorando pela presença da atriz nas filmagens, o que acaba acarretando em um acidente e no final da carreira de Black.

O filme não demora muito para pular para o desenrolar da história, pulando 5 anos e trazendo a mesma situação do começo, mas, dessa vez, mais profunda. Candy está arrasada e devastada dentro de sua mansão no meio do mato, enquanto Paula tenta um novo trabalho. Mas, é quando Black é mandada para a rehab que Paula volta a atuar. Escondido de todos, Candy decide mandá-la para a clínica em seu lugar, enquanto ela continua em seu site de namoro para marceneiros e fazendo o que tanta ama: marcenaria.

A partir daí, o espectador já entende todo o contexto do filme: Paula acaba assumindo o lugar de Candy Black, indo a todos os compromissos e se tornando (mais uma vez) a queridinha da América, ao mesmo tempo que Black cultiva seu amor por madeira. Você deve imaginar que o filme terminaria em uma revolta da parte de Paula, que deixa o seu lado doce e gentil apenas para o público e traz sua verdadeira personalidade maligna para enterrar ainda mais Black, ao passo que a atriz percebe que amava muito mais sua vida do que realmente pensava, certo?

Em partes, isso realmente acontece. Mas, o roteiro consegue se perder facilmente ao longo desse denso caminho, fazendo uma mistura de comédia, drama e romance, o que faz com que o foco se perca a todo momento e nem Barrymore consiga salvar. Logo, com um final nada agradável e com uma pequena lição de moral (“aprenda a valorizar os pequenos detalhes”), o filme perde a chance de aprofundar as personagens e aproveitar o talento de Drew.

E assim se encerra um dos piores filmes da Netflix: sem graça; sem gênero; e perdido no roteiro. Infelizmente, apesar de tantas participações especiais – e eu estou falando de Jimmy Fallon, Ryan Seacrest e Holland Taylor -, a produção não satisfaz em nenhum momento e traz um arrependimento do público que o assistiu. Barrymore, sem dúvidas, é uma excelente atriz e que já contribuiu com grandes produções que nos traz uma pitada de êxtase após tantas risadas.

Título: Duas por Uma
Ano: 2020
Direção: Jamie Babbit
Roteiro: Sam Bain
Elenco: Drew Barrymore, Holland Taylor, Andrew Rannells, Ellie Kemper, T.J. Miller, Michelle Buteau.

Nota: 0,5/5

Avaliação: 1 de 5.

Raphaela Lima
Completamente apaixonada por música e pelo Spider-Man, usa seu conhecimento sobre a comunicação e a cultura pop e seu vício em filmes e memes para complementar a equipe das nerds da cadeira.