Essa semana chegou na plataforma da Netflix, a quarta temporada de Big Mouth. Dessa vez, a plataforma traz uma temporada mais solida, tentando focar em problemas dos adolescentes, mas dessa focando em ansiedade, depressão e aceitação. Apesar de não perder sua força falando de questões da puberdade e sexualidade. Big Mouth, foi uma grande surpresa no catalogo da Netflix com o seu lançamento, quando sucessos como Rick and Morty fizeram o estúdio voltar os olhos para animações para o público adulto. E dessa formula, outros projetos surgiram, mas alguns deram certo e outros não. Havia a certa incerteza se a plataforma conseguiria conseguir manter a qualidade de sua primeira temporada. Mas, apesar de grande parte do público ter esfriado em relação à animação, a animação continua trazendo qualidade, sem se deixar cair na mesmice, sem piadas repetitivas. Apenas o bom e velho Big Mouth.
Trama
Dessa vez, a animação traz um voz mais presente, e novos discursos para o seu leque de conteúdo, mas sem deixar de lado seu jeito ‘malandro’ adolescente. Agora, quando o tema da puberdade está esfriando, as atenções trocam para problemas da ansiedade e depressão. Assim, a animação consegue deixar o olhar mais sexual de lado, e trazer um pensamento mais humano. É claro que a série entende o momento que estamos, e dessa forma abordar a ansiedade caiu como uma luva para o seriado. Assim se tornando mais séria mas sem deixar de ser profana.
Big Mouth sempre foi conhecido por sua coragem – de literalmente abrir o bocão – e falar sobre tudo da adolescência sem filtros, sempre rápida e direta. Entretanto, nessa temporada os roteiristas abraçam a profanação mas também focando em quem somos e quem nos tornamos. Além disso, a série traz sub tramas pra falar sobre aceitação e perdão, é como a Missy diz: “Não sobre estar 100%, é sobre estar 98% e com os dois dedos do meio levantado“. Dessa forma, a série volta mais vulnerável do que nunca, de coração aberto, e pronta pra fazer qualquer pessoa rir até a barriga doer.
Temas abordados
Ao passar do tempo o seriado abriu a boca para falar da puberdade, adolescência, amizade, depressão, menstruação e muito mais. Mesmo quando a animação tinha que enfrentar algum assunto delicado, a sua inteligência se sobressaia em tramas engraçadas, constrangedoras e geniais. Em nenhum momento Big Mouth perde isso. Mas agora, a série também abre a porta para muitos outros assunto, como o linguajar e cultura preta. Nesse quesito, a série vem com dois chutes no peito, não deixa a acidez de lado, sabe ser respeitoso e representativo, adotando um forte discurso. É até gritante, e claro compreensível, como a saída da atriz Jenny Slate da dublagem da Missy, a forma como a série fala disso em si pode ter sido o choque de realidade para a atriz. Sendo uma mulher branca, ela não deveria estar dando a voz para um personagem preta, ainda mais agora com Missy descobrindo mais de si mesma e sua cultura.
Mas as coisas não param só em Missy, Matthew também enfrenta mais desafios nessa temporada, quando o menino arruma um namorado, as coisas com sua mãe apertam. E dessa forma, o menino entra em briga interna de auto aceitação, quando sua mãe claramente parece ignorar o fato de seu filho ser gay, ou seja, não aceita-lo. O mesmo acontece com os outros personagens, que enfrentam os desafios do dia-a-dia, de sua sexualidade, e agora somados à ansiedade, e até mesmo depressão. Jessie que o fale, a jovem de novo, tem muito em seu prato, a série não corre em nenhum momento para tratar seu problemas mostra eles atenciosamente e detalhadamente.
Na quarta temporada a série traz o retorno de um personagem que foi pouco mencionado no seu decorrer, mas agora atendendo por Natalie, a primeira personagem trans da animação. A chegada da personagem traz diversos questionamentos grosseiros e indelicados, por porte dos personagens, mas essa é mais uma forma que a série encontra de mostrar a insensibilidade das pessoas com pessoas trans. A dor de Natalie faz com que ela se aproxime de Jessie, mesmo quando ambas tiveram desavenças no passado. A animação mostra de uma forma sagaz e afiada a ignorância do ser humano com pessoas trans, sobre o que elxs devem vestir, da forma que devem falar ou andar. E assim, Big Mouth traz mais uma forma de conscientização sobre algum assunto.
E no meio de tudo isso, a série começa a abordar os temas do coração, ainda que seja fraco, é claro que tais detalhes serão abordados com mais força no futuro.
Especial de Halloween
Conforme os personagens vão ficando mais velhos, o Halloween vai se tornando cada vez mais profano. A quarta temporada de Big Mouth traz um episódio especial de Halloween, repleto de referências da cultura pop. Mas o mais importante é contra o que os adolescentes estão lutando ‘por suas vidas’. A animação usa cenários completamente conhecido pelos personagens como Chuck, It: A Coisa e Nós para dar base ao terror do episódio, mas entre as entrelinhas é fácil notas que os monstros e vilões que eles enfrentam foram os problemas que nos mostraram ao longo desses quatro anos de Big Mouth.
Para os fãs do terror, o penúltimo episódio será um prato cheio de referências, em uma mistura de terror com o jeitinho malandro e sagaz que a série sempre trouxe. Dessa forma, a série encerra mais um ano com mais forma do que foi mostrado antes, com assuntos mais delicados mas que são tratados da mesma forma que todos os outros. A animação não perde seu humor, ao contrário fica cada vez mais afiada, uma trama inteligente e corajosa, a coragem de esfregar nas nossas caras momentos que todos nós podemos nos sentir representados e até um pouco envergonhados, mas seguidos de uma crise de risos.
Crítica: Big Mouth 4ª temporada
Nota: 4,5/5
Nick Kroll, Andrew Goldberg e os roteiristas-diretores Mark Levin & Jennifer Flackett assinam a criação e a produção executiva. Big Mouth é uma produção Netfli