2 anos de Creed ll | Um roteiro mais do que motivacional

Creed

Não é surpresa que os roteiros que possuem um dedo de Sylvester Stallone, são incrivelmente bem elaborados e em Creed ll não é diferente, pois o longa tem um roteiro cheio de mensagens sobre emoções e sentimentos. Em Creed: Nascido Para Lutar vimos o início da relação entre Rocky e Adonis, assim como a grande parcela de nostalgia envolvida por toda a trajetória do lutador, já aposentado. Em Creed II, o diálogo entre Rocky (Sylvester Stallone) e Adonis (Michael B. Jordan) vai além e Creed toma a linha de frente de seu destino, mas uma pergunta também fica em destaque: “Para quem (e para o quê) ele está lutando?”.

A sequência dirigida por Steven Caple Jr. não só desenvolve os dois personagens e suas questões pessoais como também reaproveita uma figura memorável da franquia: Ivan Drago, agora pai, que retorna na pele de Dolph Lundgren.

Em Creed ll, unidos por questões de marketing, Drago e Balboa se enfrentam de outra maneira: através de Viktor Drago e Adonis. Dois jovens que, por mais talentosos que sejam, estão à sombra de um passado que os resume, mas apenas parcialmente. Viktor vive na busca de retomar o prestígio do pai que foi perdido após a luta com Rocky no quarto filme, enquanto Adonis não compreende o real motivo pelo qual está lutando. A importância de saber exatamente o que está fazendo ali é o que move Adonis, que tenta absorver no desafio imposto por Viktor um sentido cabível para si mesmo. Enquanto isso, ele tem de lidar com as diferenças com Rocky (que não aceita lhe ajudar na luta contra Drago) e com os desafios pessoais junto de Bianca, sua noiva.

Foto: Reprodução

O roteiro é repleto de frases de efeito, porém que se encaixam bem na trama. “Se você não faz o que ama, então você não existe”, essa frase é dita por Rocky quando ele debate com Adonis sobre o motivo pelo qual ele deveria continuar lutando. Outra frase é De que adianta uma lâmpada que não ilumina? É engraçado, mas estúpido também.” também dita por Rocky, quando Creed começa a cogitar a aceitar o desafio de Drago, e embora o motivo real de Balboa ter dito isso foi o seu medo dos eventos de Rocky IV se repetirem, ele sabe que agora Adonis tem obrigações maiores, como sua esposa e sua filha.

Para ganhar a revanche, Creed passa a treinar com Rocky. E o personagem de Sly, muda a estratégia: ao invés de Creed se esquivar e tentar se beneficiar de sua velocidade, ele irá lutar de igual pra igual com Drako e pra causar dor no gigante russo, ele deve aceitar a dor também.

“Já que vai voltar ao inferno, é melhor ir se acostumando.” diz Rocky

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Creed ll também acompanha a jornada de Rocky ao tentar se reconciliar com o filho e conhecer seu neto. Adonis pede Bianca (Thessa Thompson) em casamento e mais pra frente no filme, eles precisam lidar com o dilema de serem pais. O roteiro em vários momentos traz para o filme, uma vibe sentimental e de redenção para Creed e Balboa.

O drama dos Dragos também é desenvolvido no filme, enquanto Ivan tenta por meio do filho, se redimir com sua nação e com sua ex-esposa, Viktor é submetido a treinos severos e uma pressão que ele visivelmente não quer dentro de si. Pai e filho chegam até a discutir se isso é realmente o que é necessário fazer.

Bianca passa a se preocupar muito com Adonis após ele perder a primeira luta. Mas ele garante pra ela: “Não será meu fim, não pode ser, nem o seu. Não pode ser, pois somos um time”.

O filme termina com Adonis falando com seu pai, em seu túmulo: “Round após round, você aprende um pouco mais sobre si mesmo. Mas quando eu pisei naquele ringue, não foi só por mim.” E assim o filme fecha o arco de dúvida de Adonis, pois agora ele entende pelo que deve lutar.

Eduardo Braga