Crítica | Rebecca: A Mulher Inesquecível

Crítica Rebecca

Essa semana, a Netflix lançou em seu catalogo o suspense “Rebecca: A Mulher Inesquecível“, filme protagonizado por Lily James e Armie Harmmer. Baseado no romance gótico de Daphne du Maurier, de 1938, o filme se aprofunda em seu suspense psicológico preliminar, para aos poucos ir se desenvolvendo, mas trazendo algumas reviravoltas. Quando falamos de suspense, apenas alguns grandes cineastas conseguiram trazer algo inovador e profundamente surpreendente. Rebecca, não é o melhor filme de tal categoria do ano – está longe disso – mas é interessante e curioso, que se equilibra entre o romance e um leve thriller psicológico. É claro que, Ben Wheatley tenta seguir seus próprios passos, e se dividir nessa trama, que trás tanto peso, por ser uma das grandes obras de Hitchcock. Sendo um remake da obra do cineasta de 1940, é impossível não querer comparar ambas as produções, mas o filme não funciona nem um pouco como um comparativo. Não da parar olhar para a produção que rendeu a Hitchcock um Oscar, e olhar para a produção atual de Wheatley com os mesmo olhos.

Veja bem, Hitchcock foi e ainda é um dos grandes nomes do cinema, adaptou os livros de Daphne du Maurier como ninguém, criou sua própria identidade. Enquanto, Wheatley tenta não ficar a sombra de tal produção, é claro que o diretor tenta trazer algo para o público atual, mas não para os amantes de Hitchock, já que seria simplesmente impossível suprir a carência de tal público. O cinema não é mais o mesmo que o da época, vivemos em uma era de remakes/reboots, que são por grande parte as maiores atrações cinematográficas. Hollywood está longe de estar em seu momento de grandeza, e sendo assim, grande parte dessas produções acabam falhando. Mas, Rebecca não é um erro, é o remake de uma obra prima, que tenta focar em um público mais jovem, é um suspense psicológico leve, para os que não conhece a obra original.

Roteiro
Divulgação: Netflix | Crítica Rebecca: A Mulher Inesquecível

A princípio, as coisas não vão muito bem para a futura Mrs. de Winter (Lily James). Inicialmente, a trama faz questão de mostrar como a vida da protagonista é desprezível e triste. Vivendo as costas de outras mulheres, que as desprezam, trabalhando como a companhia de uma, para que ela fique bonita e sempre bem arrumada e apresentável – algo típico para a época. Mas, é em Monte Carlo que a jovem acaba conhecendo e se apaixonando pelo viúvo, Maxim de Winter (Armie Hammer). Aproveitando da abstinência de sua dama, a jovem aproveita para se aventurar com o seu novo amado. A trama tenta de todas as formas se tornar madura em relação à esse romance, mesmo quando tudo aponta para a gata borralheira que se apaixona pelo rico cheio de segredos e com temperamento forte – ala Cristian Grey.

Assim, é quase impossível tirar essa ideia da cabeça, do jeito como esse romance é desenvolvido é levado à tal conclusão. A forma como ambos se conhece e se envolvem nesse romance é calma para um início, ou seja, é bem trabalhada. Quando a jovem precisa ir embora, Maxim à pede em casamento, para que eles fiquem juntos. O viúvo então promete a jovem que eles se casem, e passe a lua de mel na Europa, mas é claro que, para não se prolongar por muito tempo o filme simplesmente pula essa etapa, e nos mostra o casal indo pra famosa casa de Maxim, Manderley. E isso, é um tiro no pé para o desenvolver do casal, mesmo quando ele-a pede em casamento, ele ainda parece viver a grande sombra de sua ex-falecida esposa. Dessa forma, quando sua virada de humor acontece – com a chega Manderley – e esse lado dele fica mais claro, não há muito o que comparar, já que tudo aconteceu muito rápido. E é nesse momento que a trama deixa de ser um romance água com açúcar.

Visual

Enquanto estão em Monte Carlo, o filme traz uma paleta pastel, para combinar com o ambiente, tempo e as roupas, assim abusando de closes no casal, fortalecendo o romance jovem dos dois. Tudo é vivo, colorido, florido e delicado, a fotografia abusa da paisagem que tem, a direção de arte da um show, os figurinos são perfeitamente escolhidos, mostrando a naturalidade da protagonista. Porém, a partir do momento em que ambos chegam a Manderley, o ambiente muda. E todo esse clima é descontruído com a chuva, assim abordando o novo visual frio e cinzento. Mas, não é só o visual que esfria, agora na casa dos “de Winter”, somos introduzidos a governanta Sra. Danvers (Kristin Scott Thomas), e ela é sem sombras de dúvidas a grande viúva de Manderley. Sua presença traz o mistério para a trama, mesmo com o filme trazendo o título com o nome da ex, é a governa que por grande parte causa do terror psicológico na protagonista.

Suspense psicológico
Crítica Rebecca
Divulgação: Netflix | Crítica Rebecca: A Mulher Inesquecível

O filme começa com um discurso sobre, como ela era uma pessoa antes de colocar seus pés na casa, e como hoje ela é outra mulher. A jovem parece confusa e inocente demais com as coisas que estão acontecendo. A governanta Danvers parece perseguir a moça, e sempre estar espreitando-a pelos cantos. Apesar do começo se vender como um terror psicológico ligado aos sonhos da jovem, o filme acaba esquecendo disso pelo caminho. Mas, em uma das cenas usa um sonho para – além de dar um dica sobre Rebecca – apresentar a jovem em seu momento mais assustador, o instante que certa parte dela morre, a jovem que vimos no início, sonhadora, talentosa e delicada da agora lugar a tensa Mrs. de Winter.

O passado começa a assombrar a vida dela, é claro que ainda não estavam preparados para recebê-la, todos a colocam a sombra da ex falecida. O filme em si, se baseia no mistério sobre a morte de Rebecca, até dá indícios de que o espirito da mesma está circulando por ali, mas para por ai. Todo o contexto, está ligado aos medos da protagonista, e que tudo está em sua cabeça, mas o filme esquece de fortalecer isso ao decorrer, lembrando desses detalhes mais pro final.

Atuações
Crítica Rebecca
Divulgação: Netflix | Crítica Rebecca: A Mulher Inesquecível

Lily James se tornou um nome conhecido no cinema por filme musicais como Mamma Mia e Cinderela, mas a atriz não traz muita clareza e perturbação para a personagem, não há uma atuação esplêndida vindo da atriz. Os personagens de James e de Armie Hammer, passam por mudanças, a partir do momento que chegam a casa, assim, Maxim se torna um homem frio e curto. Assim como a protagonista, são poucos os momentos que podemos ver o ator em sua grandiosidade. Mas, é sem sombras de dúvidas que Kristin Scott Thomas, desempenha uma personagem cruelmente esplendida, mesmo seu silêncio é cortante, sua postura é o pesadelo da protagonista, e essa é de longe o show para essa trama.

Conclusão

Rebecca: A Mulher Inesquecível não funciona como um comparativo de remake para a obra original, nada que pudesse ser feito chegaria aos pés da obra de Hitchcock. Mas, para aqueles que não há conhecem, “Rebecca” será um ótimo passatempo para os amantes do suspense. Além de suas reviravoltas, o filme também traz algumas surpresas em relação a sua trama principal, e essas são servidas como aperitivos para os amantes dos gênero.

Rebecca (2020) – Wikipédia, a enciclopédia livre
Divulgação: Netflix | Crítica Rebecca: A Mulher Inesquecível

Crítica: Rebecca: A Mulher Inesquecível
Direção: Ben Wheatley
Roteiro: Jane Goldman, Joe Shrapnel e Anna Waterhouse
Elenco: Lily James, Armie Harmmer, Kristin Scott Thomas, Keeley Hawes.

Nota: 3/5

Avaliação: 3 de 5.

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Marta Fresneda
Líder do site de entretenimento O Quarto Nerd. Apaixonada por cultura pop, com objetivo de influenciar e incentivar mulheres na área de comunicação voltado ao mundo nerd.