Depois do sucesso de bilheteria com Aladdin, Guy Ritchie está de volta com um projeto que se parece mais com o que o diretor vinha trabalhando nos últimos anos. Devido a pandemia do covid-19, o filme teve algumas complicações no lançamento, mas agora Magnatas do Crime, finalmente está sendo exibido nos cinemas. Fora da Disney, o diretor traz um projeto inteligente e audacioso, apesar de haver uma grande confusão entre informações no começo, mas logo se reestabelece em uma trama com grandes atuações.
Sem sombras de dúvidas a pérola dessa trama está em sua escolhe diferente de contar sua história. Protagonizado por Matthew McConaughey, o filme traz a história do americano Mickey Pearson, que construiu um império de drogas em Londres. Mas agora, Pearson quer se ‘aposentar’ e o dono do maior império de maconha da Europa acaba desencadeando conspirações, chantagem e até tentativa de roubo na trama. O filme começa a desenvolver mostrando seus acontecimentos em forma de roteiro, trazendo a vida de nosso protagonista em uma visão a partir de outros olhos. É como se o filme se misturasse a visão de Guy Ricthie e uma versão alternativa, dele mesmo.
Em uma trama criminosa inglesa, o filme traz um ponto de vista curioso sobre um grupo de criminosos poderosos. Em sua narrativa, o filme se mistura entre mistérios, crimes e um pouco de humor com pontos irônicos. Ritchie não tem medo de brincar com essa trama, (o que é uma faca de dois gumes), nem com seus personagens, trazendo pontos de vista surpreende. Claro que o mesmo se reflete em seu elenco que trazem confiança e muita das vezes trazem mais do que o esperado. Matthew McCounaghey, Charlie Hunnam e Colin Farrell se destacam por grande parte, trazendo um tom mais refinado para a trama.
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Mesmo que o centro das atenções por grande parte esteja virado para o chefe do maior esquema de produção e venda de maconha, é Charlie Hunnam quem acaba ganhando certo spot. Sendo assim, o braço direito que aqui é representado por Hunnam acaba pegando as poucas cenas de ação que o filme traz. O que deixa a desejar, levando em consideração que o filme traz um grupo, que são descritos como ‘ótimos lutadores’, é mais fácil ver eles cantando do que lutando. Grupo pela qual é liderado por Farrell, que ele sim resolve fazer algo, sendo o único que realmente acaba arregaçando as mangas pra limpar a sujeira que eles fizeram.
Mas veja bem, ao mesmo tempo que a forma que a narrativa consegue ser incrivelmente bem orquestrada após alguns tropeços, o filme pode ser uma grande uma trama divertida e surpreendente. Mas aos olhos atentos, a trama consegue trazer algumas atitudes reflexivamente racistas e xenofóbicas, e até brinca com a situação. Podendo tornar a comédia do filme em uma agressiva, grotesca e desnecessária decisão. Atitude errada, e com toda certeza tempo errado, inaceitável.
Assim como projetos anteriores de Ritchie – menos Aladdin, é claro – a identidade criativa do diretor é fortemente intuitiva. O diretor e roteirista de Magnatas do Crime sabe como brincar com a sua narrativa, trazendo curiosidade e suas similaridades com seus projetos anteriores. Claro que o diretor não deixa de usar plot twits, cheio de farsas e um pouco óbvios, mesmo tentando tirar a atenção de tal durante o desenvolver. Mas, a trama precisa se desviar de todos os problemas que o mesmo cria durante o processo.
Magnatas do Crime é uma ressalva na carreira do diretor, mesmo errando fortemente em suas atitudes. É incrivelmente divertido ver a desenvoltura dessa trama, em sua narrativa única e curiosa. No geral, o filme é um acerto na carreira de Ritchie, mas ainda assim é uma vergonha que tenha escolhido ter tais escolhas desrespeitosas em sua história. Sua narrativa e elenco se destacam dentre a trama. Talvez, seu resultado final fosse mais positivo se o diretor tivesse escolhido uma forma melhor de trazer o seu humor para o filme.
Magnatas do Crime
Direção e roteiro: Guy Ritchie
Elenco: Matthew Mcconaughey, Charlie Hunnam, Henry Golding, Michelle Dockery, Jeremy Strong, Eddie Marsan, Tom Wu, Bugzy Malone, Colin Farrell e Hugh Grant.
Nota: 3/5