Crítica | Chemical Hearts tenta trazer trama madura mas erra ao dar protagonismo ao personagem errado

Chemical Hearts

Na última década, diversos filmes românticos trouxeram diversas versões shakesperianas aos cinemas e televisão, tornando disso, uma nova era para o romance. Mas grande parte do que vimos são ideias pretensiosas com um grande glacê do famoso “besteirol americano“. Se atrapalhando em suas próprias confusões, sem desenvolturas e genialidade. Entretanto, por grande parte essas histórias acabam fugindo da nossa realidade, trazendo pessoas chiques, com lindas frases e rostos bonitos. Mas por partes, Chemical Hearts nos dá os leves indícios de que será diferente, sua premissa é gloriosa, rica, mas mesmo com todo seu conteúdo a trama não sabe como se desenvolver. Assim, Chemical Hearts, que poderia abrir uma nova era para os romances se junta a imensa lista de tentativas das tramas que tentaram trazer uma trama mais madura, e erra ao não dar o protagonismo à quem realmente tem o que falar.

Não é como se o romance já tivesse tantos escritores incríveis no cargo de roteirista como Shakespeare. Por grande parte é difícil explicar as necessidades e dificuldades de um adolescente, tudo tende a ser mais denso nessa fase da vida. Tanto suas vitórias quanto as perdas. Muitos romances da última década retratam romances com finais trágicos e doloridos. Mas é contra essa maré que Chemical Hearts irá nadar. É claro desde o começo que, o jovem Henry (Austin Abrams) tentará entender o mistério que acontece por debaixo das páginas de Grace (Lili Reinhart). Porém, mesmo com todo um background perfeito, uma cinematografia de suspirar, o filme não sabe como desenvolver a personagem de Lili. Talvez por essa razão a personagem não seja protagonista, de uma história que é mais dela do que de Henry.

Enredo
Crítica | Chemicals Hearts tenta trazer trama madura mas erra ao dar protagonismo ao personagem errado
Chemicals Hearts – Amazon Prime Vídeo

Henry é escalado para trabalhar ao lado de Grace no jornal da escola, logo no inicio da trama, mas ela rejeita a oportunidade, deixando Henry curioso com a jovem. Veja bem, Henry não é um cara típico de filmes de romances, muito menos Grace, mas ela tem mais história a contar do que ele. Ela já viveu a própria história de amor. Grace tenta voltar a sua vida, após um acidente tirar bem mais do que sua habilidades nas pistas de corrida. Mas o que acontece com esses romances que terminam de forma trágica, com eles prosseguem a sua vida “normal” após algo tão intenso? É isso que o filme tenta retratar desde seu primeiro discurso no começo do filme. Mas é claro que talvez Richard Tannen, o diretor e roteirista, ainda não estivesse pronto para essa conversa.

Mas não é como se o roteiro soubesse o que fazer com Grace, ela passou por um trauma, que mudou completamente tudo em sua vida. Sua introdução é completamente clara, e mesmo com seu desenvolvimento ralo, Lili Reinhart não deixa de o melhor para personagem. A atriz parece entender as dores da personagem, melhor do que roteiro. Em contra-partida o roteiro traz Henry como o cara que precisa aprender algo, e que no final não aprende nada, não há nem necessidade de tal intensidade em seu personagem. É claro que a história deveria rodar pelo ponto de vista dela, mas a todo momento o filme te faz questionar se ela vai conseguir “superar” o que aconteceu. Dessa forma, não se importando de verdade com o que a jovem está sentindo.

Background e Cinematografia
Chemical Hearts' Trailer: First Look At Lili Reinhart Amazon Drama –  Deadline
Chemicals Hearts – Amazon Prime Vídeo

É claro quem realmente tem um background trabalho, por diversas vezes as ações e vida de Grace parecem ter recebido mais atenção. Algumas das vezes Henry serve como os olhos para o telespectador, já que o personagem só está ali por apoio, mas não um apoio interessante entre o casal. No desespero de descobrir mais sobre Grace, o jovem começa a stalkear ela, seguindo-a por diversos lugares, no que aparenta até ser dias, o que está longe de ser o caminho mais certo que esse roteiro poderia tomar. E é a partir daí que as coisas realmente começam a dar errado para o filme.

Veja bem, Chemical Hearts começa muito bem, por grande parte sua cinematografia é um dos grandes tesouros dessa trama. Tudo colide para trazer uma trama juvenil mais madura e séria. Sua fotografia e paleta de cores trazem uma combinação quase completa, dando um visual mais sério e frio para a história. Mesmo que desde o primeiro segundo você saiba que Henry será o ponto de ignição para a recuperação mental de Grace, a trama não sabe como fazer acontecer. Sendo assim, o casal tropeça nos acontecimentos acelerados, entre suas brigas, beijos, e as dificuldades de Grace. Atualmente, as comédias românticas abusam de luz, cores, músicas atuais do pop em suas produções, e por partes o filme se afasta desse clichê, trazendo a sua própria identidade fria, com seu próprio score, que raramente filmes do gêneros sabem como usar.

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Assim, o novo filme da Amazon Prime Vídeo, se juntam a pilha de filmes de romances que tentaram trazer tramas mais sérios. É frustante que uma trama com uma grande ideia não saiba como se desenvolver e se explorar, e claro acaba se enroscando em seus próprios erros. Dessa forma, o filme acaba perdendo qualquer peso emocional que poderia trazer para os telespectadores. Traz assuntos importantes à serem tratados, na maior parte do tempo é grito por atenção a tudo que os jovens passam, mas o próprio roteiro não para e escuta sua própria personagem. Não é uma história de amor, é sobre superação, e como continuar à viver após algo traumático, mas é isso que o roteirista não entende.

Chemical Hearts Poster - TV Fanatic

Crítica Chemical Hearts

Elenco: Lili Reinhart e Austin Abrams
Roteiro e Direção: Richard Tannen
Baseado no livro “Our Chemical Hearts” de Krystal Sutherland

Nota: 2/5

Marta Fresneda
Líder do site de entretenimento O Quarto Nerd. Apaixonada por cultura pop, com objetivo de influenciar e incentivar mulheres na área de comunicação voltado ao mundo nerd.