Crítica: Pokémon: Detetive Pikachu | O universo Pokémon ganha vida no primeiro filme live-action da franquia



Título original: Pokémon: Detective Pikachu


Elenco: Ryan Reynolds, Justice Smith, Kathryn Newtown, Bill Nighy, Ken Watanabe, Suki Waterhouse, Omar Chaparro, Rita Ora


Direção: Rob Letterman


Ano/País: 2019/Estados Unidos, Japão

Data de lançamento: 9 de maio de 2019


Distribuição: Warner Bros. Pictures Brasil



O primeiro filme live-action de Pokémon nos cinemas tem a difícil e importante tarefa de nos reintroduzir a esse vasto universo que enche de olhos adultos e crianças. O longa adapta o jogo de mesmo nome, um spin-off da série principal que tem um pegada mais leve mas que nos cinemas ganhou maiores proporções que são muito bem-vindas.




A história segue o jovem Tim Goodman (Justice Smith) que precisa ir para Ryme City após a morte suspeita de seu pai. O caminho de Tim cruza com o Pikachu (Ryan Reynolds) que apenas o garoto consegue entender e que também desconfia dos meio que levaram a morte do pai de Tim. Em maio a isso, eles conhecem a jornalista em ascensão Lucy (Kathryn Newton) que tem faro investigativo apurado mas apenas quando seu caminho cruza com Tim e Pikachu, ela tem a chance para provar sua capacidade.


Tim Goodman (Justice Smith) [direita], Pikachu (Ryan Reynolds) e Lucy (Kathryn Newton) [esquerda].



A ambientação escolhida toma dois níveis que vemos logo no início do filme e a que vemos no decorrer. Logo no começo, somos introduzidos à uma pequena cidade e a natureza, um local mais calmo que recorda muito a ambientação dos jogos e do anime que conhecemos, torna a experiência ainda mais animadora e nostálgica. Logo não demora para sermos introduzidos a Ryme City que tem uma proporção maior e onde os pokémons vivem livres de suas pokébolas podendo andar pela cidade, permitindo também ajudarem em trabalhos e no dia-a-dia dos habitantes. Essa ambientação ocorre de forma muito natural já que assim como protagonista, tudo parece ser novo tornando a experiência de encher os olhos.


Assim como os animais, os pokémons tem um natureza própria e saber adaptar isso para o filme torna a presença deles além de muito agradável, totalmente justificável.



Essa ambientação ajuda também a construir o tom que o filme carrega. Apesar de não possuir um gênero definido e todos os trailers explorarem o humor (algo que vamos comentar mais pra frente), a cidade ajuda tornar o filme que horas parece realmente um filme investigativo noir e horas toma forma se tornando uma aventura. E novamente, isso tudo junto funciona muito bem para desenvolver a história e o humor do filme. E por falar no humor, ele é presente em todo o momento do filme e muito bem utilizado servindo para ser usado (na maioria das vezes) como piada interna para quem conhece as outras mídias da franquia, com certeza vai se divertir muito com as referências. 


Construção visual é essencial na construção de um novo universo e o filme faz isso muito bem.



Referência parece ser um assunto obrigatório hoje em dia. Seja os famosos easter eggs escondidos ou referências feitas pelos personagens, é inevitável não pensar nelas independente do filme que esteja assistindo, e com Detetive Pikachu não é diferente. Claro que colocar referência vazia no filme pode destoar e até confundir mas aqui ajuda a alimentar mais o conteúdo e a mitologia e a mitologia desse universo construindo ainda mais essa camada e dando uma profundidade indireta. Em diversos momentos, claro, algumas delas apenas são para divertir, então se você gosta de caçar referência, será necessário ficar atento pois existem inúmeras referências visuais e auditivas.




O que me preocupou desde o começo (e tenho certeza que com muita gente) foram os visuais dos pokémons. Introduzir criaturas inexistentes em um filme que basicamente é construído em torno delas é algo que precisa ter cuidado para não tornar muito supérfluo e exagerado. Em alguns momentos você pode até dizer que ver pokémons soltos pela cidade soa exagerado tanto pela quantidade quanto pela necessidade, mas realmente é gratificante olhar para os monstros soltos pela cidade e grande parte deles servindo como cidadãos, isso ainda ajuda a acrescentar mais na construção desse universo. Algumas horas os efeitos dos monstrinhos poderiam ser mais caprichados, isso eu admito, mas a presenças deles ali não torna nada desconfortável. 


A presença dos monstrinhos de bolso se torna ainda mais prazerosa com o decorrer do filme.



Um fato que deve incomodar muitas pessoas talvez seja até onde o universo que conhecemos está ali no filme. Tudo nele é pra ser apresentado como se fosse uma primeira experiência dentro do mundo de Pokémon, embora contenha diversos momentos para satisfazer os fãs de longa data, é preciso lembrar (ou entender) que assim como nos jogos, no animes, nos mangás e nas outras diversas mídias de Pokémon, dois fortes elementos sempre foram muito presente: a mitologia pokémon e a ficção científica. A mitologia de fato acabou sendo mais explorada nos jogos e outras mídias e aqui se torna ponto de curiosidade mas que se torna necessário entender. A ficção científica sempre foi mais presente no anime que deixou a franquia famosa, sendo usada indiretamente ou diretamente em suas histórias e presente na ambientação de um mundo semi-futurista. O filme abusa um pouco desse conteúdo na sua construção e ainda mais na sua história principal levando a tomar um rumo fantasioso que deve ser difícil para alguns digerirem mas que não afeta sua qualidade mas será necessário manter a cabeça aberta.




No fim, Pokémon: Detetive Pikachu tem esse dever de nos reintroduzir ao universo Pokémon. Ele cumpre bem a tarefa em chamar atenção do público que nunca teve contato com a franquia como em agradar ao público de longa data com sua trama simples mas com conteúdo, feita com carinho e com seus personagens carismáticos. O filme peca apenas com alguns exageros que devem assustar quem busca uma trama mais realista e “pé no chão”. O futuro é incerto, o final fica aberto para uma continuação ou um outro filme que se passe no mesmo universo, mas com outros personagens e outro foco. Seja qual for o futuro desse universo nos cinemas, ele tem potencial para criar inúmeras histórias dentro dos mais diversos gêneros




NOTA: 8,5/10

admin