Crítica: Star Wars – A Ascensão Skywalker a fraca tentativa de J. J. Abrams

Star Wars - A Ascensão Skywalker

Sem sombra de dúvidas os fãs de Star Wars são os mais difíceis de se agradar. Mas tal desgosto com grande parte das produções ‘atuais’ vem da grande e praticamente perfeita trilogia (obviamente falando do episódio IV, V e VI). Décadas depois do que se conciliou grande parte da infância e do público desse fandom, J. J. Abrams tenta esquecer os desastres de “Os Últimos Jedi” e encerra Star Wars – A Ascensão Skywalker de forma fraca em uma trama baseada em efeitos visuais e lutas memoráveis mas com finalização preguiçosa, se apoiando no fã service.

Começar a trabalhar em um último filme, ignorando os atos do segundo de uma trilogia, é uma desafio e tanto. Desafio que J. J. Abrams soube enfrentar sem grande maestria, mas nem tudo pode ser ignorado. A conexão que Kylo Ren (Adam Driver) e Rey (Daisy Ridley), teve que continuar. De forma mais reduzida os personagens ainda continuam se vendo e conversando (e até lutando) como se estivessem no mesmo ambiente. Assim como os personagens principais de certo livro adolescente, que compartilham dessa mesma ‘conversa telepática’, assim dando continuidade a conexão emblemática entre o vilão e a mocinha, criada por Rian Johnson. O que infelizmente, acaba influenciando no péssimo encerramento dos dois.

Apesar do roteiro trazer uma finalização fraca, Abrams tenta orquestrar uma trama de respeito para aqueles que acompanham Star Wars há anos. Mas, ignorar os atos do segundo filme de uma trilogia, que deveria seguir como ponto de partida para uma finalização, é provavelmente o maior desafio de Abrams para Ascensão Skywalker. Sendo assim, o filme que deveria encerrar questionamentos e dar fim aos objetivos de seus heróis e vilões, acaba iniciando e encerrando isso tudo em seu último filme, tomando espaço para o que deveria ser usado para a finalização de outros assuntos/personagens.

STAR WARS: THE RISE OF SKYWALKER
John Boyega as Finn, Oscar Isaac as Poe Dameron and Kelly Marie Tran as Rose

Como efeito dominó essas falhas que foram esquecidas nas últimas tramas, acabam facilmente deixando seus personagens vulneráveis a serem facilmente influenciados. Nenhum personagem expressa se quer o seu real motivo para estar ali, ou o porque de suas ações, e quando se trata de um espião, o mesmo apresenta o maior motivo sem cabimento já visto antes, e facilmente é descoberto. É notável que alguns personagens passaram a ser usados como personagens secundários, como Rose Tico (Kelly Marie Tran), ou como Finn (John Boyega) que parece ter saído de “O Despertar da Força” e não fazer parte da sequência de “Os Últimos Jedi“, mas que aqui junto com Poe (Oscar Isaac) é usado apenas com um alívio cômico, e dado de forma rápida uma finalização sem sal nem açúcar para os personagens. Assim, o filme tenta de todas as formas trazer á tona o que deveria ter sido tratado nos filmes anteriores, de forma evolutiva, criando um arco para cada um de seus personagens.

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As cenas de luta e de ação acabam tentando sustentar a trama, devido ao grande show que Abrams preparou para tais. No deserto ou no mar, Kylo e Rey nunca deixam de travar uma batalha de tirar o fôlego, mostrando suas vastas habilidades, com lutas maravilhosamente ensaiadas, mas sempre entre um dialogo onde um tenta convencer o outro. Travando batalhas pela guerra e por suas desavenças pessoais, juntos os dois tem o pior encerramento do filme, trazendo um reviravolta muito clichê, com cenas e falas mais do que conhecidas, ditas por diversas vezes ao passar dos anos no cinema ou na TV.

São as cenas e discursos inacreditavelmente clichês e sem sentido, que deixam não só o vilão mas também o final com um encerramento totalmente fraco, nada que já não tenhamos visto em outros filmes da franquia. Mas, culpa de tais decisões finais tomadas, por fica na conta de J. J. Abrams e Chris Terrio que deixam a trama fraca. Inicialmente o filme te envolve numa aventura cheia de dúvida sobre o seu encerramento, e a espera de um elemento surpresa é mais do que sentido e esperado, mas ao invés disso, o roteiro de Abrams e Terrio de abusa do clichê e encerra a Ascensão Skywalker da forma mais preguiçosa já vista, até agora. Focando em apenas encerrar alguns pontos em abertos, e finalizar o arco de seus personagens, que começaram a trabalhar neste último filme, e nada além disso.

Procurando dar um fim em uma guerra que é contada á gerações nos cinemas, Abrams trás a tentativa fraca e preguiçosa de uma trama evolutiva, trabalhando como podia nos arco de seus personagens durante as duas horas e vinte minutos, com alguns questionamentos heroicos e reviravoltas que infelizmente estavam obvias demais. Assim tentando reconquistar a sua grande e insatisfeita fã base, a Ascensão Skywalker com certeza dividirá, mais uma vez opiniões mas, provavelmente será lembrado como as melhores cenas lutas. O diretor consegue trazer participações e lutas memoráveis que faram os fãs mais fervorosos, felizes por aquele retorno, e com momentos surpreendentemente engraçados.

Com algumas participações especiais de tirarem o fôlego, e vale aqui ressaltar que as poucas cenas de Carrie Fisher, usadas a partir de cenas não utilizadas da atriz em outros filmes, e computação gráficas, são como ‘abraços quentinhos’, deixando a trama com sua força, liderança e seu legado eterno.

Após os acontecimentos de “Os Últimos Jedi“, J. J. Abrams enfrenta o desafio de finalizar uma trama, que claramente ainda tinha muito o que tratar, tentando dividir tela com a tentativa de encerrar o arco de todos os personagens e dar uma finalização histórica para uma guerra que durou quatro décadas nos cinemas. Ou seja, “Star Wars: A Ascensão Skywalker” é o grande esforço de J.J. Abrams de tentar ignorar os acontecimentos desastrosos de “Os Últimos Jedi“, e assim acaba esquecendo da própria trama em entregar uma finalização descente pra quem tanto esperou por essa saga nos cinemas. Se apoiando nas participações especiais e as cenas de lutas, que acabam sendo o único atrativo da trama. O filme não passou de uma forte tentativa de J. J Abrams, mas que finalmente trouxe o descanso, e que acaba também levando o legado que a família Skywalker sempre procurou.

Nota: 2,5/5

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Marta Fresneda
Líder do site de entretenimento O Quarto Nerd. Apaixonada por cultura pop, com objetivo de influenciar e incentivar mulheres na área de comunicação voltado ao mundo nerd.