Crítica – Brinquedo Assassino diverte, mas é previsível e pouco assustador

Brinquedo Assassino

A trama de “Brinquedo Assassino” é desenvolvida ao redor de Andy Barclay (Gabriel Bateman), um garoto com problemas auditivos, viciado em aparelhos eletrônicos que se sente deslocado e solitário em seu novo bairro.  Após o espectador ser introduzido à Kaslan Corporation, empresa que investe em tecnologias inteligentes, é apresentado um novo produto: “BUDDI”, boneco criado através da Inteligência Artificial que tem como intuito ser uma espécie de companheiro para as crianças da nova geração.

Quando Karen Barclay (Aubrey Plaza), vendedora em uma rede de supermercados que comercializa os produtos Kaslan, presenteia Andy com um dos exemplares de Buddi devolvidos por causa de um “defeito de fábrica”, as coisas começam a fugir do controle através de assassinatos e crimes horrendos ocorridos em um curto período de tempo.

Se a ideia atual de remakes estarem sendo produzidos em Hollywood – principalmente clássicos de terror de duas ou três décadas atrás – for de atualizar suas histórias, “Brinquedo Assassino”, dirigido pelo norueguês Lars Klavberg, cumpre seu papel.

Em época onde as franquias clássicas estão sendo refeitas por novas perspectivas e com o intuito de apresentar personagens consagrados à novos públicos de forma mais moderna, o novo filme de um dos maiores personagens da história do terror é introduzido de forma totalmente atual: aqui, em uma espécie de episódio estendido de “Black Mirror”, Chucky (voz de Mark Hammil) é apresentado como um boneco criado através de Inteligência Artificial (A.I.) em um universo bastante tecnológico.

Diferente do clássico de 1988, o remake de 2019 diverte muito mais com momentos cômicos do que propriamente com terror. Cenas sangrentas com sequências criativas, os famosos “jump scares” – mesmo que previsíveis – e o clima amedrontador nas mortes dos personagens (muito influenciado pela boa trilha sonora) estão presentes, é claro, mas o longa é muito menos assustador do que sua versão original.

O filme funciona e é bem divertido, muito pela interpretação de Mark Hammil, responsável pela voz do Brinquedo Assassino, e pelo trabalho de Gabriel Bateman. Hammil, mais uma vez, consegue “dar vida” a um personagem que, por ser um boneco inteligente, moderno e defeituoso, soa totalmente esquisito e maluco, sem possuir qualquer tipo de discernimento – isso fica claro quando o brinquedo INFANTIL se mostra livre para repetir palavrões e falar coisas inapropriadas – ao mesmo tempo que consegue manipular as pessoas ao redor com sua imagem de apenas um objeto fofinho. Já Gabriel, como Andy, entrega uma atuação sólida onde consegue transmitir ao espectador todo seu medo e pavor mediante às atitudes de Chucky, além de se encaixar muito bem no estereótipo de pré adolescente desajustado que age de forma natural, e até engraçada, em situações incomuns.

Entretanto, “Brinquedo Assassino” está MUTO longe de ser perfeito. O longa parece ter sido construído através de coincidências, equívocos e atitudes próprias do boneco causadas pela inteligência artificial que, de certa forma, levantam o questionamento SUPERFICIAL sobre seres artificiais (nada muito diferente do que já se viu em “Blade Runner” ou em obras de Spielberg) e quais serão os seus respectivos espaços na sociedade em um futuro não tão distante. A história, por mais que atualizada, é completamente previsível, com facilitações narrativas já vistas em obras modernas sobre tecnologia.

O primeiro ato é arrastado e sonolento, onde a introdução dos personagens é carregada e soa apenas como parte obrigatória de um jogo de xadrez que necessita apresentar suas peças. A aparência do brinquedo, inclusive, parece tão fofa que o torna totalmente estranho. Uma vez que a construção da história dos papéis é estabelecida, o segundo ato coloca o espectador dentro do filme e faz com que o mesmo sinta, em partes, a ameaça presente na vida das pessoas na tela. A partir do problema consolidado, a melhor surpresa está no ato conclusivo, completamente repleto de sangue, cenas escuras e com leve tom desesperador.

Por mais que este remake possa até ser mais divertido que o original, ele não funciona apenas como um filme de terror. O diretor capricha no gore, nas cenas lentas verticais com o zoom nos personagens e em suas várias perspectivas, alguns sustos funcionam… mas a melhor parte está na naturalidade do protagonista Andy e na interpretação de Hammil. O roteiro é preguiçoso, genérico e descompromissado, mas o filme não se leva a sério em relação a oferecer algo mais além de entretenimento.

Brinquedo Assassino” é uma comédia de terror divertida e visualmente bem feita, mas que peca por ser completamente previsível e esquecível.

3/5

Brinquedo Assassino” é distribuído pela Imagem Filmes e estreia nos cinemas de todo o Brasil dia 22 de agosto.

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Por: Matheus Izzo

Marta Fresneda
Líder do site de entretenimento O Quarto Nerd. Apaixonada por cultura pop, com objetivo de influenciar e incentivar mulheres na área de comunicação voltado ao mundo nerd.