Com mais uma estreia ligada ao universo de Invocação do Mal, os fãs ficam bastante apreensivos sobre o destino que o casal Warren e seus espíritos demoníacos ganham a cada novidade apresentada.
Na estreia da semana, Annabelle 3: De Volta para Casa mostra que um estreante conseguiu trazer tudo aquilo que os outros dois filmes da boneca possuída não trouxe. Apesar da apreensão, Gary Dauberman conseguiu fazer uma perfeita combinação entre a descontração e os sustos.
O filme agora é um cruzamento definitivo com Invocação do Mal, lançado em 2013, mostrando como Ed e Lorraine Warren conseguiram trazer a boneca para a sua sala de artefatos amaldiçoados (que existe na vida real e é um museu localizado na casa do casal). Após precisarem fazer uma viagem, Ed e Lorraine precisam deixar Judy, a única filha do casal, sob cuidados de Mary Ellen, a babá. É quando a amiga de Mary Ellen, Daniella, descobrindo a profissão do casal, tem a ‘brilhante’ ideia de xeretar e invadir o quarto de artefatos. Este fato desencadeia a liberdade de Annabelle, que fará de tudo para conseguir o que sempre quis nos outros dois filmes: uma alma.
O diretor estreante, Gary Dauberman, mas já conhecido por ter roteirizado Annabelle 2: A Criação do Mal e A Freira, pode ter ficado marcado por suas não tão boas façanhas nos longas citados. Entretanto, seu trabalho em Annabelle 3 é surpreendente e surreal. O filme conseguiu trazer, logo de início, a tensão que ronda entre Ed e Lorraine Warren em relação aos espíritos malignos que eles combatem, mesclados a necessidade de tentar adivinhar onde é que os sustos vão acontecer para que você esteja preparado.
Entre piadinhas e momentos descontraídos, Annabelle 3 funciona bastante pela principal função dele: jump scares. Diferente dos outros filmes da boneca, o terceiro longa da aterrorizante peça consegue fazer com que você seja pego totalmente de surpresa em partes que você não imagina que isso irá acontecer. É o elemento surpresa do filme e que faz com que ele seja um dos melhores da franquia.
O jogo de câmeras ajuda bastante para isso, dando a sensação de tensão por acreditar que há de fato uma das tantas outras cenas de susto que o filme está prometendo. A ideia de deixar o espectador aguardando por aquele momento e se frustrar em seguida por não ter nada são um dos pontos cruciais para que Annabelle 3 funcione perfeitamente.
O que mais chama a atenção no universo de Invocação do Mal, é a paleta de cores utilizada no longa. Em Annabelle 3, as cores frias predominam bastante, pelo tom do filme. Entretanto, há uma boa dosagem de cores mais claras, que faz o espectador remeter a década de 70, na época em que calças boca de sino e blusas extravagantes eram bastante utilizados.
Tons de azul escuro, cinza e preto se tornam destaque no longa para passar a sensação de assombrado. Essas cores misturadas com a névoa também entregam um ar macabro ao filme. O que é um dos pontos-chave da fotografia, pois é muito fácil esconder algum espírito ao redor e o espectador desatento não perceber, fazendo com que o susto seja garantido.
O longa também mostra que o espírito possessor da boneca não está sozinho, fazendo com que o espectador conheça um pouco mais sobre outros casos do famoso casal. Entre o caso ‘Black Dog’, que conta a história de um rapaz que foi possuído por um demônio lobisomem, e a história do ‘Barqueiro’, que chegou a matar um moça. E isso também são indícios que novos casos podem ser inseridos no universo de Invocação do Mal.
Com uma pegada bastante jovem, mostrando que nem sempre os adolescentes estão certos em suas ações, o filme traz ótimas atuações. McKenna Grace merece o destaque por sua interpretação fantástica, que chega a remeter o espectador à série da Netflix, A Maldição da Residência Hill. A garota consegue passar a dor de uma criança que é vista como diferente pelos outros colegas de escola por conta da profissão de seus pais.
Madison Iseman e Katie Sarife dão vida às amigas que estão ao lado de Judy Warren. Sarife traz uma atuação completa, digna de fazer você ficar com raiva de sua personagem, mesmo entendendo suas motivações no decorrer do filme. Já Iseman, mesmo um tanto apagada por conta da amiga que rouba a cena, consegue mostrar que o medo está presente em cada canto da casa dos Warren.
Vera Farmiga e Patrick Wilson, apesar de aparecerem por poucos minutos, conseguem trazer aquele ar de Invocação do Mal para o longa, vivendo a tensão com o casal de ter que lidar com um novo caso e uma nova entidade.
Apesar de pontos positivos, o final do filme não traz aquela sensação de grandiosidade. É final morno, que beira o decepcionante pelas coisas apresentadas no decorrer da trama. Personagens aparecem e somem, do nada, deixando o espectador um pouco confuso com a história deles. Foi um dos erros apresentados por Dauberman ao querer que tantas assombrações dividissem tela com Annabelle.
Mesmo sendo uma grande jogada para a terceira história da boneca, a combinação de diversos personagens deveria ter sido explorada de melhor modo, principalmente sabendo que o foco principal é o brinquedo amaldiçoado. Talvez possamos ver um pouco mais desses personagens em um futuro próximo, dependendo de qual rumo o universo de Invocação do Mal tomar.
Annabelle 3: De Volta para Casa, apesar de ter um final fraco, faz seu trabalho perfeitamente bem. Depois de dois filmes, um completamente fraco e um mediano, este terceiro longa cumpre seu papel e faz jus ao nome do universo de filmes sobre o casal mais famoso do mundo. Fugindo da premissa básica de sustos fáceis e sangue espalhado para todo lado, Annabelle 3 se consolidará como o favorito dos fãs facilmente.
Nota: 7/10
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