Os live-actions da Disney – Parte 1: Alice no País das Maravilhas (2010)

Se você vive no planeta Terra e provavelmente acompanha notícias sobre a cultura pop em especial sobre cinema, já deve saber que a Disney atualmente, faz versões live-actions de suas animações, ou seja, um filme com atores reais que adaptam a história de suas clássicas e famosas animações.
 
Esse ano já tivemos: Dumbo, essa semana chega aos cinemas a versão com atores de Aladdin, teremos O Rei Leão, uma sequência, Malévola: Dona do Mal.  A essa altura, sabemos que algumas dessas versões não foram bem –aceitas tanto pela crítica como pelo público. Mas afinal, porque a Disney insiste nesses remakes? A verdade é que ninguém sabe de fato. Sempre vai ter alguém para afirmar que é só para encher os bolsos de quem está por trás da produção. Mas será que é só isso?

A verdade é que os live-actions jamais irão substituir os filmes originais,talvez nem seja essa a intenção embora alguns indícios pareçam querer nos fazer acreditar disso. É sempre possível apreciar as duas obras, mas sempre existirá alguém que acaba preferindo alguma das duas (é normal conhecer pessoas que não conseguem aproveitar um longa-metragem animado). Para quem aprecia ambas, é sempre bom ficar na mente “Como seria esse filme com pessoas?“, e tratar apenas como uma divertida curiosidade e que algumas vezes podem nos surpreender. Tratá-la como uma extensão da sua fonte original também é algo que funciona. Nessa primeira parte, iremos falar sobre o live-action/remake de Alice no País das Maravilhas.

Alice no País das Maravilhas estreou em 2010 e foi dirigida pelo famoso e caricato Tim Burton. A animação estreou em 1951, baseado na obra homônima escrita por Lewis Carroll. O elenco do filme contava com Mia Wasikowska como Alice, Johnny Depp como o Chapeleiro Maluco, Helena Bonham Carter como a Rainha Vermelha, Anne Hathaway como a Rainha Branca, Crispin Glover como o Valete de Copas, Michael Sheen como Coelho Branco, Stephen Fry como o Gato de Cheshire, Alan Rickman como Absolem, e Christopher Lee como o Jaguardate.

Burton já havia feito duas animações para a Disney anteriormente, entre elas, a mais famosa O Estranho Mundo de Jack que acentuou seu estilo próprio já exibido em seus diversos filmes. Ele já passou por vários gêneros e que na maioria das vezes, sempre se misturavam com um toque de terror (visualmente falando). Grande parte de sua fama vem principalmente, pela direção de arte. Tudo o que vemos desde cenários, roupas, maquiagens e até mesmo os efeitos, e tudo isso vem de suas ideias, de seus famosos esboços. Em Alice no País das Maravilhas, esse estilo casou com o que vimos trazendo uma profundidade maior para aquele universo que até então, não conhecíamos bem. 

Alguns dos esboços dos personagens feitos por Tim Burton.
Se você já viu ambos filmes, já sabe que a versão live-action possui diversas diferenças da animação que vão desde personagens novos até mesmo em sua história. Ela funciona como uma certa expansão do local onde o filme se passa, o País das Maravilhas e até mesmo da mitologia do lugar. Claro que o livro original nunca deu material para tal, a história nunca foi pensada para isso, mesmo que tenha perdido algumas das polêmicas alusões que o livro carregava.
 
A verdade é que a Disney dá certa liberdade para criação dos filmes mas sempre respeitando a obra original – a animação ou o livro que a inspirou -, no caso de Alice talvez seja um pouco mais profundo. Ao longo do filme, descobrimos que a menina já havia visitado ao País da Maravilhas quando era mais nova e tal fato muda um pouco quando olhamos para a obra porque isso nos faz entender que o live-action seria uma espécie de continuação da animação. Isso nunca foi esclarecido e claro, pode ser interpretado apenas como algo daquela versão apenas. Para quem consegue apreciar os dois filmes, com certeza consegue apreciar essa informação.
Tim Burton e Mia Wasikowska.
De fato não existe uma profundidade maior na história ou no mundo em que o filme se passa, afinal é um filme feito para divertir e não filosofar. Mas consegue bem construir o ambiente e sua história no meio da estranheza que faz parte da obra e ainda trazer um pouco mais de camadas tanto para os personagens quanto para aquela surrealidade. Não só o estilo visual de Tim Burton conseguiu construir isso, mas os atores em seus personagens carismáticos construíram uma aventura leve e que consegue fazer jus a obra original, mesmo com seus defeitos.
Exemplos que definem bem o visual fantástico do filme: o Castelo da Rainha Vermelha e o Castelo da Rainha Branca.

Talvez a oportunidade de fazer essas versões tenha sido justamente para corrigir os “defeitos” das animações. Ainda que maioria delas tenha o status de “obra-prima”, existe sempre algo que tenha ficado de fora ou algo que merecia a oportunidade de ser consertado que vão desde detalhes técnicos (que na época não importavam), a até mesmo conteúdo que hoje são ultrapassados (como a velha história da donzela em perigo), ou que moldam o mundo de hoje (preconceitos, representatividade, entre muitos outros assuntos). E podemos ver isso no filme, vimos uma Alice mais aventureira, mais ousada e até mesmo guerreira. 

Alice (Mia Wasikowska) preparada para batalha.

No fim o filme passa uma mensagem que funciona muito bem, ainda mias atualmente. Sobre ser diferente. Afinal, nossas diferenças é algo a ser celebrado e não uma vergonha ainda mais em um mundo cheio de diversidades e “imperfeições”.

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