Os Live-Actions da Disney – Parte 3: Cinderela

A história de Cinderela talvez seja um dos contos de fada mais famosos e icônicos. Afinal, quem nunca ouviu falar de uma jovem órfã abusada por sua madrasta e suas irmãs e que em uma dia obteve a oportunidade de ir ao baile da realeza e conhecer o príncipe que mais tarde viria a se casar? Sim, todos já ouvimos. Seja lá qual versão você esteja acostumado.

O desafio da Disney não era somente trazer algo diferente das outras versões mas também de sua própria animação clássica estreada em 1950. De fato não há muito a ser feito, uma vez que o material original da história seja tão simples e complexo.

Cinderela

Por falar no material original, a história é bem similar ao já conhecemos mas traz elementos que hoje são totalmente inadequados para um público infantil e até mesmo causando estranheza para o grande público.

A versão live-action chegou aos cinemas em 2015 e sua direção conta com Kenneth Brannagh, que obteve sua fama por trabalhar com obras de William Shakespeare no cinema e no teatro. Embora atualmente ele seja mais conhecido por dirigir e atuar em Assassinato no Expresso do Oriente, Branagh dirigiu diversas obras adaptadas das peças de Shakespeare e esse ano, inclusive, interpretou o próprio no cinema. Lily James vive a protagonista que grande parte do filme é chamada por seu apelido, Ella. Richard Madden vive o príncipe Kit, até então conhecido como “Encantado”. Cate Blanchett interpreta Lady Tremaine, a madrasta de Cinderella. Helena Bonham Carter faz sua versão da Fada Madrinha. Holyday Grainger e Sophie McShera vivem Anastasia e Drisella, respectivamente, as irmãs de Cinderella. Stellan Skarrsgård vive o Grão-Duque. Drek Jacobi vive o Rei, pai de Kit. E por fim temos os pais de Cinderela, interpretados por Hayley Atwell e Ben Chaplin.

Cinderela
Lily James e Richard Madden vivem os protagonistas no filme.

De fato é um desafio trabalhar com uma obra tão conhecida sem torná-la “mais o mesmo” e sem ficar totalmente clichê.

Uma das mais notáveis mudanças ou diferenças, podemos notar desde o começo durante a infância de Ella. Em outras versões, seus pais sempre foi mais retratado por falecer mais tardiamente e possuir grande importância para a protagonista. Nessa versão, sua mãe também possui mais importância. Ainda que tenha falecido mais cedo, a mãe de Ella possui umas das mais importantes influências para a personagem.

Você deve sempre lembrar disso: Tenha coragem e seja gentil“.

E é com essas palavras que Ella cresce.

É impossível não notar que a base está ali ainda, a história da Gata -Borralheira, a madrasta cruel e suas irmãs. Até mesmo os ratos Jaq e Tata, fiéis companheiros de Ella foram retratados, embora nessa versão eles sejam apenas animais comuns.

É notável que o visual do filme é um do grandes atrativos. Desde suas roupas até a arquitetura são de encher os olhos. Muito parece ter sido inspirado pela França, e isso fica ainda mais notável no palácio real.

O estilo da casa de Ella também é construída de uma forma impecável que torna um ambiente aconchegante para quem assiste.

O interior da casa de Ella.

A maior decepção do filme é com toda certeza a presença da Fada Madrinha. Na animação a Fada Marinha apesar de também aparecer por pouco tempo, possui um peso maior. Assim como o nome já sugere, ela tem um espécie de figura materna.

Fada Madrinha de Helena Bonham Carter proporcionam algumas cenas… estranhas.

No live-action funciona apenas como alívio cômico, em minha opinião, um pouco mal-sucedido.  Além de trazer o elemento mágico que ficou um pouco forçado, ainda que tenha rendido umas das melhores cenas do longa.

Mas devo admitir que o fato da Fada Madrinha não possuir essa presença no live-action , reforça ainda mais a importância que a mãe de Ella tem. Em outras versões, e a té mesmo na animação, nunca tivemos presença de sua mãe de uma forma tão tocante e com tanta importância. Isso veio a definir a personagem como vemos no filme. Nesse caso, é perdoável.

O príncipe Encantando também ganhou uma maior proporção aqui. Aqui temos um nome: Kit. Embora no decorrer do filme seu real ainda pareça falso. Sua relação com seu pai, o Rei também é outra relação importante para história. Assim como os pais de Cinderela foram para ela, o pai de Kit possui uma grande importância para ele e para que ele viria a ser.

Cinderela
Derek Jacobi interpreta o Rei.

Um dos maiores desafios de filmes na atualidade e principalmente nas adaptações dos contos de fadas, é justamente sobre construir um romance. É necessário construir um relacionamento para que não fique forçado e sem química.

Uma das cenas que proporcionam essa naturalidade entre os personagens.

A seu modo, o filme consegue convencer essa relação com esses encontros casuais e conversas mais naturais, e toda química entre Lily James e Richard Madden ajuda ainda mais nisso.

E claro, não poderia faltar a cena clássica de Cinderela perdendo seu famoso sapatinho de cristal.

Ainda que Cinderela seja uma história simples, ela permitiu trazer maior importância para alguns dos personagens e aprofundar melhor a motivações de outros, que tornam sim a obra diferente a seu modo. Com um lindo visual e que casou perfeitamente com a proposta, o filme consegue respeitar suas origens e encantar até mesmo que nunca achou muita graça na história anteriormente.

Cinderela

Parte 1:

Os live-actions da Disney – Parte 1: Alice no País das Maravilhas (2010)

Parte 2:

Os Live-Actions da Disney: Parte 2 – Malévola


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