Setembro Azul | Acessibilidade pode ampliar acesso ao cinema

A princípio, a população de surdos ultrapassa 10 milhões de pessoas (2021) em todo o país, contrapondo, poucas salas de cinemas com acessibilidade. Porem é necessário falar sobre a importância da inclusão na cultura.

Esse mês comemoramos Setembro Azul, mês da visibilidade da comunidade surda.

A razão da cor-símbolo, vem da Segunda Guerra Mundial por parte dos nazistas, quando pessoas que era deficientes auditivam eram marcados com fitas azuis. Assim, ficava fácil diferenciá-las das demais.

Apesar de ter sido um símbolo triste, hoje ele é a marca de uma comunidade que vem ganhando seu espaço na inclusão. Essa mudança ocorre em 1999, na cerimônia da Fita Azul que ocorreu no XIII Congresso Mundial da Federação Mundial de Surdos, na Austrália.

Mas, mesmo ganhando espaço em camapanhas publicitárias, e até mesmo no canto da sua tela em propagandas políticas, isso ainda é pouco.

Você sabia que apenas legenda nos filmes não é acessibilidade? Veja a conversa que tive com Ana Elvira Alves Pinheiro da Silva, pedagoga e instrutora de Libras. Ana Elvira faz parte da comunidade surda.

Perguntei-lhe, se gosta de filme e qual seu gênero preferido?

Sim, sou completamente apaixonada por filmes, de qualquer gênero, exceto terror. E os preferidos são romances e suspenses.

Também, perguntei se apenas legenda faria do cinema um lugar acessível?

“Realmente, apenas a legenda não faz o cinema acessível. Ainda assim tenho dificuldade de encontrar cinemas com filmes legendados próximos à minha residência, sempre me desloco para lugares mais distantes para ter acesso às legendas, e/ou acabo esperando os filmes saírem do cinema e estarem disponíveis em plataformas on-line para conseguir assistir.”

Ana Elvira Alves continua a ressalta sobre a comunidade surda.

“É importante ressaltar que nem todas as pessoas surdas são alfabetizadas em Língua portuguesa e sim somente em Língua Brasileira de Sinais, Libras, por isso, os cinemas devem ter tradução simultânea do profissional intérprete de Libras. Mas desde o dia 17 de junho de 2019, 15% das salas de cinema passaram a ter a obrigação de possuir equipamentos para exibição de recursos para cinema com acessibilidade audiovisual para surdos, cegos e pessoas com baixa audição e baixa visão. Os equipamentos exibem as Legendas Descritivas Closed Captions, interpretação em Libras e Audiodescrição, através de fones de ouvido. São 23 estados, 57 cidades e 94 complexos com cinema com acessibilidade.”

Porém, outro ponto importante para abordar é a falta de acessibilidade entre filmes de animação, voltado para público infantil.  Qual a relevância da inclusão para esse público?

“A realidade é que qualquer material para o público infantil com surdez vem fazendo falta em diferentes âmbitos. E isso é triste, pois acredito que a verdadeira inclusão deve começar desde o início da vida. Tenho esperança que esse cenário mude. Mas passo a passo a mudança já vem acontecendo; temos, por exemplo: O mundo Bita em Libras, que não são filmes, mas são recursos de cânticos em Libras, interpretados por Cassia Galassi e Fernanda Botossi. Ambas receberam apoio dos surdos Marcelo Bessa e Thiago Gomes, para toda realização do projeto que inclusive ainda está em produção; única edição lançada. Existe também um site chamado Filmes que voam, em que podemos encontrar bastantes filmes em Libras para crianças. É muito bacana e vale a pena conferir!”

Por fim, peço para que deixe uma indicação de filme que represente a comunidade surda.

“Existem bastantes filmes de tema da comunidade surda, mas o filme A Família Bélier (2014), além de ser rico em várias curiosidades comuns da forma com vivem as pessoas surdas, é também muito divertido!”

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Carina Reifonas