Crítica | Tudo em Encanto é de fato encantador

A Disney traz para o público sua sexagésima animação, Encanto. O nome faz jus à magnitude do filme. O filme utiliza as fórmulas assertivas e clássicas do estúdio, porém, dessa vez, com muita inovação, originalidade e músicas de Lin-Manuel Miranda. Digno de sair realmente encantado da sala de cinema.

Algo comum entre os filmes do rato mais rico do mundo, é o uso da magia e a trama do herói incompreendido. Encanto não poupa em usar ambas as fórmulas. O filme acompanha a família Madrigal, onde além de cada um ter um dom mágico, ainda vivem em uma casa mágica. No centro disso, está Mirabel Madrigal (Stephanie Beatriz), nossa heroína incompreendida. Porém, pela primeira vez, ao contrário de várias protagonistas que a antecederam, Mirabel é especial justamente por não ter um dom, nem uma grande missão ou jornada para seguir. Ela ganha seu protagonismo apenas por ser quem é.

 E quem Mirabel é?

Já se pode ver o primeiro trailer de “Encanto”, nova animação da Disney
Mirabel Madrigal (Stephanie Beatriz)

Ela traz uma representatividade em não estar nos padrões. Mas principalmente por conta da carga emocional recebida por ser a única Madrigal sem um dom mágico. A família utiliza seus dons para ajudar a comunidade que lidera. Rejeitada pela avó e líder da família da vila, a jovem cria constantes crises existenciais e dificuldades em dizer não para os outros e falar do que sente. Pelo seu coração empático e vontade desesperada de se encaixar, tenta estar sempre ajudando a todos e com um sorriso no rosto, apesar dos pequenos insultos, piadas e exclusão que passa.

Aliás, Mirabel é necessária para os Madrigal. O conflito da história é gerado por conta da rigidez e conservadorismo da Abuela. A trama traz pela primeira vez na Disney, o discurso original de que é possível ser especial, apesar de um dom ou mesmo sem um dom. E a jovem, por sua experiência, consegue enxergar isso naquelas que a rodeiam.

Essa lição é passada conforme a protagonista conhece melhor cada membro de sua família. Para cada apresentação desses, temos não apenas músicas dignas de prémios, como também performances espalhafatosas e detalhadas ao estilo Broadway. O longa grita o nome de Lin-Manuel Miranda. Além da assinatura rap, conta também com a maturidade artística dentro de cada número musical. Tudo isso sem perder o humor e leveza das animações e ainda trazendo a cultura colombiana. Cada vez que um personagem embala a história cantando, os ouvidos se surpreendem e os olhos brilham, dignos de todo o encanto.

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Cultura Colombiana

O filme faz questão de deixar claro qual país está querendo retratar. Apesar de algumas características da fauna e flora brasileira, o musical escancara suas raízes colombianas. Desde placas, até em sua história. A base para o enredo do filme é retratada por conta de guerras colombianas. Mas para os brasileiros de plantão, vale a pena a identidade pela cultura latina. A visão de família e comunidade estão muito mais próximas do contexto verde e amerelo do que os outros filmes do estúdio.

Encanto é maduro, sem deixar de ser atrativo para seu principal público alvo, o infantil. Também inova em seu enredo e em sua protagonista, Mirabel. O que é podemos concluir, é que tudo é realmente encantador, os personagens, músicas e estética. Você saíra da sala de cinema com vontade de conhecer cada vez mais sobre os Madrigal.

Encanto - Filme 2021 - AdoroCinema

Crítica

Título: Encanto

Direção: Byron Howard, Jared Bush

Música: Lin-Manuel Miranda

Elenco: Stephanie Beatriz, Diane Guerrero, Wilmer Valderrama, Carolina Cecilia Botero, Jessica Darrow, Angie Cepeda, John Leguizamo e Adassa

Nota: 4/5

Bruna Rocha