Crítica | Valentina é necessário na luta contra a transfobia

Valentina: Thiessa Woinback faz sua estreia como atriz

O filme Valentina (2021) fez sua estreia em agosto em alguns festivais de cinema pelo mundo, mas entrou no último dia 17 para o catálogo da Netflix, o que é ótimo. Pois a trama traz à tona um debate mais que necessário: a importância de validar o nome social de pessoas trans.

A protagonista é Valentina (Thiessa Woinbackk), uma jovem de 17 anos que se muda com sua mãe (Guta Stresser) para Estrela do Sul, uma cidade no interior de Minas Gerais. Mas, Valentina é uma menina transgênero que precisou abandonar a escola devido à transfobia. Dessa forma, ela decide recomeçar sua vida em um novo lugar.

Porém, a jovem depara-se com um grande desafio assim que chega em sua nova cidade: fazer sua matrícula sob o nome social, pois seu registro permanece com o nome masculino de nascença. E embora seja possível, a garota precisa da assinatura de seu pai que a abandonou. Assim, começa a principal trama da história, a busca da protagonista pela figura paterna.

Valentina é emocionante

A trama muito bem construída, compartilha de pequenos e grandes desafios que a comunidade transgênero enfrenta. Como por exemplo, o constrangimento em mostrar documentos com seus deadnames, agressões pelas ruas e o constante medo de não chegar em casa com vida. Valentina, consegue transmitir essas sensações ao público graças á sua excelente direção que coloca o espectador no ponto de vista da personagem principal.

Ao final, temos uma explosão de emoções, um misto de alívio pelas conquistas positivas, mas também muita apreensão em relação á outras ameaças não resolvidas. E embora, isso possa incomodar muitos espectadores, é fácil entender que a intenção do diretor foi criar um paralelo com a vida real. Apesar de a comunidade trans estar conquistando muitos direitos, é apenas a ponta do iceberg. Ainda há muito trabalho a ser feito no combate à transfobia, até que o mundo finalmente seja seguro para transgêneros.

Atuações medianas

A atuação da youtuber Thiessa Woinbackk surpreende, afinal de contas esse é o seu primeiro trabalho como atriz. E embora ainda tenham coisas a serem lapidadas em sua postura frente as câmeras, sua escalação é mais positiva, do que negativa. Pois Woinbackk também é uma mulher trans, assim como sua personagem. Então, em muitos momentos é visível como a atriz sabe transmitir as emoções necessárias, já que enfrentou os mesmos preconceitos. Além disso, o filme acerta em dar visibilidade á uma pessoa pertencente à essa comunidade. Pois, por diversas vezes, assistimos produções onde atores cisgêneros interpretavam personagens trans.

Guta Estresser também entrega uma atuação impecável. Afinal de contas, a atriz conhecida por A Grande Família (2001-2014), já possui vasta experiência na área.

Entretanto, os antagonistas e alguns dos personagens secundários apresentaram atuações mais fracas que acabaram por afetar um pouco a experiência. O que faz sentido quando descobrimos que muitos atores são alunos da Universidade Federal de Uberlândia. Logo, muitos são artistas em formação, mas que com certeza podem colher bons frutos se continuarem na área da atuação.

Em conclusão, Valentina é uma obra mais que necessária. É o tipo de filme que deveria ser mostrado pelos pais aos seus filhos a fim de educá-los em relação a diversidade de gênero e para encorajá-los a lutar por essa causa. Assim, convidamos todos à desfrutarem a trama.

Então, já assistiram ao filme? Comentem suas opiniões aqui ou em nossas redes sociais.

Poster de Valentina

Título: Valentina

Direção: Cassio Pereira dos Santos

Roteiro:  Cassio Pereira dos Santos

Elenco: Thiessa Woinbackk, Guta Stresser, Romulo Braga, Ronaldo Bonafro, Letícia Franco, Pedro Diniz.

Nota: 4,5/5

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Fernanda Silva
Profissional de marketing, estudante de jornalismo, apaixonada por música e e-sports, prefiro a Marvel do que a DC e gosto de assistir séries antigas.