Crítica | Noite Passada em Soho é encantador porém confuso

Viajar no tempo pode ser algo confuso, assim como Noite Passada em Soho. O filme é lindo para os olhos, com uma história totalmente intrigante. O único erro do novo longa de Edgar Wright é não definir o gênero e ritmo da trama.

A promessa passada para quem vai assistir é de um terror psicológico. Porém, o filme se divide em fases que confundem sua mensagem. Uma característica de Wright é a maneira como tenta ressignificar clichês. Noite Passada em Soho traz a impressão de 3 versões diferentes da mesma história, todas tentando ressignificar um gênero diferente de cinema. A real tensão psicológica chega apenas para aproximar o filme do final. Quanto ao terror, nas duas primeiras horas faz sua participação em apenas um ou dois sustos. A sensação é de que Wright não soube aproveitar a maravilhosa trama que tinha em mãos. Tentando no final, concerta e conectar tudo com um grande plot-twist.

Os pontos altos estão na estética e trilha sonora. O filme aproveita sua trama lincada a moda e abusa no estilo. Além de cenários lindos. Que buscam mostrar tudo que Soho tem de mais bonito visualmente. Em contraste do que mostra do que tem de mais feio nos bastidores. Tudo isso embalado com os melhores hits dos anos 60/70. Que combinam perfeitamente com a movimentação e personalidade da protagonista.

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O filme traz Ellie Turner (Thomasin McKenzie, Jojo Rabbit, 2019), uma jovem do interior, com um dom sobrenatural, que recebe a chance de estudar moda na UAL (Universidade das Artes de Londres). Ao longo de sua nova jornada, a protagonista desfruta de experiências totalmente novas e diferenciadas, em comparação a sua vida com sua avó. Dentre essas experiências, estão as viagens no tempo. Que a estudante faz através de seu dom. Onde acompanha um grande mistério e a cruel realidade da cidade grande.

Nas visões da aspirante a estilista, vemos a Londres dos anos 60, através dos olhos de Sandie (Anya Taylor-Joy, O Gambito da Rainha, 2020). Outra jovem e sonhadora garota que está na cidade em busca de realizar seus sonhos. As semelhanças entre as personagens acabam aí, Sandie tem a segurança e ousadia que Ellie deseja ter, além de viver em uma época admirada e almejada pela protagonista. Um dos pontos altos está na atuação de Taylor-Joy, que permite que o expectador fique tão intrigado com a vida de Sandie, quanto a própria Ellie.

Anya Taylor-Joy entrega performance delicada de “Downtown” em clipe de “Noite  Passada em Soho”
Anya Taylor-Joy como Sandie

Crítica Social

A única coisa completamente clara e definida na nova história de Wright, está na crítica social escancarada em todos os detalhes da trama.  O mistério central acontece por conta de machismo e abuso sexual. Embora pelas visões de Ellie, mostre de maneira pior no passado. O roteio busca trazer diversas evidências, através do diálogo, que infelizmente, as mulheres do presente ainda sofrem do mesmo mal, escancarando o real vilão.

Contudo, Noite Passada em Soho, vale a pena ser assistido. Apesar do roteiro confuso, é intrigante e um bom entretenimento. Com o adicional de sua crítica verídica e muito bem colocada. Então, conta para gente se ficou curioso. Aliás, já comenta aqui se vai assistir e para qual época você gostaria de viajar?

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Crítica

Título: Noite Passada em Soho

Direção: Edgar Wright

Cinematografia: Chung-hoon Chung

Elenco: Thomasin McKenzie, Anya Taylor-Joy, Matt Smith, Michael Ajao, Terence Stamp, Diana Rigg e Rita Tushingham

Nota: 3/5

A partir de quinta-feira, 18, Noite Passada em Soho estará disponível nos cinemas.

Bruna Rocha