A Netflix serviu como palco de lançamento para o filme Violet Evergarden nesta última quarta-feira (13). No entanto, lançada pela Kyoto Animation, a produção já passou nos cinemas japoneses em setembro de 2020, chegando apenas agora no serviço de streaming. Contudo, a trama traz mais um capítulo da adaptação do light novel japonês de Kana Akatsuki. Até então, a obra possui quatro volumes publicados de 2015 até 2020, e foi ilustrado por Akiko Takase.
A história segue os passos da protagonista Violet Evergarden, uma órfã criada como uma arma de combate na guerra. Ela passa por reflexões e acontecimentos que a tornam, na narrativa atual, uma Autômata de Automemórias, uma espécie de escriba de cartas e textos terceirizados. Anteriormente a produção agora lançada, conseguimos ter mais vislumbres da origem e amadurecimento de Violet em estreias anteriores. Violet Evergarden (2018), que segue o modelo de anime repartido em episódios, mostra as origens e evolução da personagem principal, junto dos demais secundários que a acompanham no filme recém lançado. Em seguida, recebemos os filmes Violet Evergarden Special (2018) e Violet Evergarden Gaiden (2019) que servem como acréscimo de recheio nesta trama tão especial.
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Sobretudo, se o seu primeiro contato com a história é por meio deste filme, saiba que você recebe uma Violet madura, que já passou por toda a jornada de herói traçada em roteiros romancistas. Ou seja, ela já está calejada e carrega uma bagagem (literalmente) de memórias que a fizeram se transformar desde seu ponto inicial na trama. Contudo, a personagem, por mais inexpressiva que possa se apresentar em muitos momentos da narrativa, está em seu estágio inicial de entendimento dos sentimentos humanos. Aqui, já não existe mais uma janela de julgamentos passados sobre a intensidade dos traumas da protagonista. Se for preciso, inicie do anime que conta a história de origem e entenda melhor o que a move psicologicamente. No filme, a narrativa te oferece os flashbacks necessários para se localizar.
Iniciamos a história alguns anos afastados da existência de Evergarden em vida, reprisando um de seus trabalhos feitos para uma família, na qual a avó acabou de falecer. A mesma recebia cartas feitas por uma Autômata renomada da época, muito conhecida por textos carregados de sentimentos puros. A neta então resolve investigar um pouco mais sobre a escrivã, e é a partir deste ponto que somos envolvidos por uma volta ao tempo para encontrar Violet.
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Então, iniciamos com isto. A transição temporal do anime é feita de uma forma sutil, sem quebrar suas expectativas ou linha de entendimento como receptor da obra. Não há acréscimo de voltas desnecessárias ao presente da narrativa. Isso difere a trama das diversas produções japonesas que insistem em trazer flashbacks que pouco acrescentam ao desenvolvimento de suas histórias. Não há sobras de espaço tempo, ou de personagens que flutuam apenas para dar volume de extensão para a obra. Inclusive, todos estes possuem seu espaço necessário, além de serem profundamente desenvolvidos no quesito sentimental.
Juntamente com tais pontos, o âmbito visual de Violet Evergarden dá um show a parte. Não é a toa que a produção ganhou, em fevereiro deste ano, o prêmio na categoria de longa-metragem de animação no Tokyo Anime Film Festival (TAAF). Misturando profundidade com planos em 2D, o visual se faz fluido, acompanhado de uma paleta de cor suavizada que apenas se intensifica quando o take se dá para os personagens e seu envolvimento com a natureza em cena. A ilustradora da obra, Akiko Takase, é conhecida por embrulhar personagens na pureza de jardins e flores. Então a adaptação para o audiovisual fez jus ao estilo da profissional. A ambientalização em Paris e arredores é a moldura perfeita e apaixonante que adorna a história.
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Ainda não há informações se o filme será o desfecho de toda a trama de Violet, mas a forma como se encerra dá a entender que sim. Sendo assim, tocamos no roteiro e no desenrolar da trama. Por ter um ar de desfecho, encontramos a protagonista lidando com suas questões no auge do que conhecemos como jornada do herói. A história carrega simbolismos que nos fazem encarar os três sentimentos mais difíceis de se digerir de forma crua e direta: luto, paixão e amadurecimento.
O roteiro, meticulosamente trabalhado para criar uma atmosfera melancólica, em que você se pergunta diversas vezes onde está os momentos felizes, serviu como a perfeita base dos elementos visuais. É humanizado a ponto de você ter de separar os fatos de que a narrativa não aconteceu na vida real. Pode te fazer chorar, mas apresenta motivos suficientes para isso. A protagonista foi construída com aspectos de máquina, mas o fato de ela sentir um profundo amor por Gilbert te faz esperançar para viver algo semelhante na vida real (o que é ótimo para os apaixonados por um bom romance).
Por fim, Violet Evergarden é uma adição valiosa ao mundo dos animes. Não há pecados na sua construção, a não ser pelo fato de ainda não obter o reconhecimento merecido. É um grande achado no catálogo da Netflix e te faz querer consumir tudo o que há disponível sobre a história da personagem, desde sua fase nas guerras até o seu desfecho histórico como uma escritora que deixou seu legado, não só no mundo, mas em todos os corações em que teve contato.
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Título: Violet Evergarden – O Filme
Diretor: Taichi Ishidate
Elenco: Yui Ishikawa, Daisuke Namikawa
Nota: 5/5
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